segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Great Bands Great Songs - 24. Van Der Graaf Generator

VAN DER GRAAF GENERATOR : Uma Banda Inglêsa Geradora de Sonhos Progressistas !


Van der Graaf Generator é uma banda britânica seminal de rock progressivo formada em 1967.
O nome da banda foi inspirado no equipamento elétrico Gerador de Van de Graaff, projetado para produzir energia estática. Supõe-se que o erro de ortografia no nome – tem um "r" a mais e um "f" a menos – tenha sido acidental.


BIOGRAFIA
O grupo formou-se em 1967 enquanto seus integrantes estudavam na Universidade de Manchester. O trio era composto por Peter Hammill (vocais, guitarra), Nick Pearne (órgão) e Chris Judge (bateria e instrumentos de sopro). Eles conseguiram um contrato com uma gravadora, lançando apenas um compacto ("The People You Were Going To") antes de se separarem no final de 1969. Já então Pearn havia sido substituído por Hugh Banton.
No final de 69 um novo Van der Graaf Generator foi formado durante a gravação de um álbum que originalmente pretendia ser um lançamento solo de Hammill, The Aerosol Grey Machine.
Algumas mudanças de formação (e no estilo do som do grupo) estabilizariam o Van der Graaf, que viajou em turnê intensa no começo dos anos 70. Em 1972 dificuldades financeiras minaram a carreira do grupo e Hammil seguiu carreira solo, apesar de seus antigos companheiros continuarem contribuindo com ele.
O Van der Graaf Generator foi uma banda ímpar, pois trouxe avanços inigualáveis de sons e textos.
Embora o Van der Graaf tenha sido palco de atuação de ótimos músicos, em termos práticos, sua carreira foi centrada na genialidade do líder Peter Hammill. Além de excelente e sensível cantor, capaz de conduzir a voz por caminhos jamais vistos em qualquer corrente musical, Peter é também um exímio poeta e escritor.
Uma das críticas ao mundo moderno, é que o tipo de vida que nos imprime faz com que pouca disponibilidade tenhamos para nos preocuparmos com questões metafísicas. Assim, é muito comum nos depararmos com análises de grandes pensadores, mas voltadas, somente, para os dramas que a humanidade vive em seu curso quotidiano. Poucos são aqueles que conseguem, paralelamente, analisar os conflitos do homem consigo mesmo, suas angústias, suas dúvidas com respeito ao "De onde viemos, para onde vamos?". Aí é que se encontra o grande dote de Peter, pois sua obra retrata toda a essência dos tormentos vividos pelo homem contemporâneo. Para ele, é tão simples escrever algo como um drama entre um homem e uma mulher, quanto sobre um indivíduo em conflito com a sociedade, ou ainda sobre problemas transcendentais (vida após a morte, por exemplo).


Peter Joseph Andrew Hammill nasceu em Ealing, Londres, em 1948. Enquanto adolescente, estudou no Beaumont College, uma escola pública de Berkshire, dirigida por jesuítas. Foi nessa época - aproximadamente 1963 - que iniciou a escrever poemas e canções, influenciado por grupos ingleses de rock e cantores de blues (a única canção desse período, que se tenha notícia de que foi gravada mais tarde, é "Running Back", do LP Aerossol Grey Machine).
Grande admirador de Sonny Boy Williamson (II), Hammill gostava de tirar algumas harmonias numa gaita. Posteriormente, com uns quinze anos, comprou um violão, e aprendeu a tocá-lo sozinho, enturmado com dois outros amigos que se encontravam num estágio similar.
Nos dois últimos anos de colégio, formou sua primeira banda, The Hex, fortemente influenciada pelos Beatles e pelo Who. Em 1967, Hammill foi trabalhar como programador de computador, na IBM de Londres, durante seis meses. Na mesma época, intensificou seu trabalho de escrita, produzindo grande parte das letras que viriam no primeiro LP do Van der Graaf, bem como no seu primeiro LP solo.
Findo o estágio na IBM, e desinteressado dele, foi estudar na Universidade de Manchester. De acordo com uma singela biografia que me foi fornecida pelo próprio Hammil, por carta, foi aceito na universidade num curso extra-curricular, para estudos liberais em ciência (não sei o que quis dizer com isso). Em Manchester, conheceu o baterista Chris Judge Smith, e o organista Nick Pearne, com quem fundou o Van der Graaf Generator. O nome foi escolhido por Smith, que tinha o hábito de ficar bolando esquisitices. (A quem interessar possa, Robert Van der Graaf foi o cientista que inventou um acelerador eletrostático de partículas, muito utilizado em pesquisas de Física Nuclear. Ele morreu em 1967, quando a banda nascia. Não se sabe os motivos que levaram aqueles músicos a homenageá-lo).
O Van der Graaf em forma de trio só realizou um compacto, lançado pela Polydor britânica, e contendo as músicas "Firebrand' e "People You Are Going To" (essa última foi regravada no LP "Nadir's Big Chance", de Hammill). Como acontece com muitos artistas, o compacto não trouxe o resultado esperado em termos de vendas.


A próxima nota histórica que possuo, registra que Smith e Hammill deixaram Manchester, e formaram, em abril de 1968, um conjunto chamado Heebalob, que esteve perto de lançar um disco. Além dos dois, estavam Hugh Banton (órgão), e David jackson (sax e flauta). Essa formação se manteve até junho de 1968. Logo depois, Smith desistiu, e foi substituído por Guy Evans. Com o nome VDGG retomado, e com um baixista, Keith Ellis, prosseguiram por quase um ano adiante, realizando apresentações locais.
Em 1969, tudo levava a crer que a banda não sobreviveria. Peter pensava até em gravar um LP solo. Entretanto, depois de uma conversa com os colegas, retomou a equipe. Foi então que gravaram o LP "Aerosol Grey Machine", com Hammill (vocal e guitarra), Hugh Banton (órgão), Keith Ellis (baixo), Guy Evans (bateria) e um tal Jeff (flauta), (penso que seja o pseudônimo de alguém, talvez até de David Jackson).


Nesse trabalho inicial, Hammill dá uma amostra de suas predileções: misticismo e culto à morte. Vejamos um trecho da faixa-título:
- "Apenas um suspiro e é o instante mortal, é a máquina de aerossol cinza. Você está caminhando na rua, num dia, então chega o homem todo vestido de cinza; ele pulveriza um pouco de aerossol em seu rosto, e você sente que sua mente perde a sintonia."
Vejamos "Necromancer" ("Necromante"):
- "Sim, eu vivo nas florestas negras, onde você nem ousa dizer meu nome. Se há maldade em seu coração, e você chegar perto de mim, perderá sua sanidade. Minha forma é mística, mas meu coração é puro, é melhor você acreditar em mim: eu sou o necromante."
Em fins de 1969, já existe uma nova etiqueta discográfica, a Charisma, francamente propensa a dar muito apoio ao crescente rock progressista. Um dos seus primeiros contratados foi o VDGG, que já havia admitido novos elementos. No lugar de Ellis entrou Nic Potter. Nos sopros estava David Jackson. Em dezembro do mesmo ano, o quinteto gravou o primeiro item de um fantástico trinômio: "The Least We Can Do".


Em função de uma sensível evolução em matéria de sons e textos, a imprensa européia inicia a rotulá-los como "Dark Sound Band" ("Banda Do Som Tenebroso"). Aproveitando a energia, gravam em seguida "H To He", que é lançado no meio de 1970. A grande faixa desse LP é "Pioneers Over c" (c é a denominação científica da velocidade da luz). Embora tenham exagerado na conceituação ("Pioneiros Acima Da Velocidade Da Luz"), pois sabemos que não é possível superar c, acertaram na ideia. Conseguiram deixar uma boa visão do que seja o fenômeno da dilatação do tempo, previsto pelas teorias de Albert Einstein. O trecho mais significativo da letra é:
- "Nós somos aqueles para quem eles vão construir uma estátua, há dez séculos atrás… …bem, onde está o tempo, agora? E que diabo eu sou, flutuando aqui, neste despropositado caminho?"


Durante as gravações de "H To He", Nic Potter deixou o conjunto. Suas funções são preenchidas por Hugh Banton, que faz uma boa parte dos baixos em pedais. Um convidado ilustre dá sua contribuição na faixa "The Emperor In His War Room": é Robert Fripp, do King Crimson. Em "Pawn Hearts", o terceiro item do trinômio (e a "nona sinfonia" do rock progressivo), Fripp é o guitarrista oficial, com créditos na capa do LP, sem destaques especiais.
É nessa obra que Hammill deixa bem latente sua crença espiritualista, em particular na faixa "Man Erg":
- "O assassino vive dentro de mim: sim, posso sentí-lo mover-se. Às vezes, ele dorme levemente na quietude de seu quarto, mas então seus olhos levantar-se-ão e penetrarão através dos meus; ele dirá minhas palavras e fragmentará minha mente por dentro… …Como posso libertar-me, como posso obter ajuda? Sou realmente eu mesmo? Sou alguém mais?"


(A quem interessar possa, "erg" é uma palavra de origem grega, e que significa energia. Assim, "Man Erg" seria a energia do homem. Que energia seria essa? O espírito, por acaso? Tudo leva a crer que sim. A capa do LP também é muito sugestiva: várias pessoas vagando pelo espaço. Seriam os espíritos?)
O mesmo clima macabro está presente na suíte que ocupa todo o segundo lado, "A Plague Of Lighthouse Keepers". É a estória de um indivíduo que vive confinado num farol marítimo, como quem estivesse fadado a conviver com uma maldição. Em certa altura, há uma simulação de um choque entre navios. Foi a coisa mais impressionante que já vi em matéria de som gravado. Se o ouvinte fechar os olhos, e der um pouco de asas á imaginação, será capaz de acreditar que está, realmente, diante de uma catástrofe. Foi uma das obras máximas da música do século XX; algo comparável ao Beethoven, que simulou uma tempestade em sua sinfonia Pastoral.


Em abril de 1971, pouco antes de "Pawn Hearts", Hammill colocou em prática o seu velho intento de 1968; um álbum solo. Segundo uma nota do autor, na contracapa, foi realizado com o propósito de mostrar velhas canções que havia composto, nos anos iniciais do Van der Graaf (aquelas a que me referi, um pouco atrás).
Em 1972, a Charisma publicou o LP sucessor de "Pawn Hearts" era uma coletânea que resumia os acontecimentos dos cinco primeiros anos de atividade. Depois disso, a banda se retirou do cenário artístico, por alguns anos. Por incrível que pareça, o motivo era a falta de receptividade por parte do público. Fora alguns países da Europa (Itália, França e Bélgica, principalmente), o resto do mundo ignorava a existência deles (inclusive a mãe Inglaterra). Aliás, os italianos muito se vangloriam de terem sido sempre os primeiros a acolher as melhores bandas de rock progressivo. O mesmo aconteceu com o Genesis e o Gentle Giant.
Até 1975, Hammill gravou mais alguns discos solo, bem como realizou pequenas excursões (quase sempre acompanhado pelos colegas de banda). Enquanto isso, os demais músicos realizaram o LP The Long Hello, que contou com a participação de italianos. Em maio de 1975, os membros do Van der Graaf, reunidos, concedem uma entrevista à revista Ciao 2001, onde anunciam seus planos: Hugh Banton informa que está construindo um super-órgão, baseado naqueles usados em grandes catedrais, com seis geradores de som, ao invés de apenas um. Do lado artístico, além da reconstituição da banda, planejam uma excursão pela América (que só aconteceria uns dois anos mais tarde).

O Genial Peter Hammill.

O LP do retorno, "Godbluff", é realizado em junho de 1975. Ele mostra que o Van der Graaf voltou com tudo, para valer. Para não perder o hábito, Hammill continua místico. Esse é um trecho de "Sleepwalkers" ("Sonâmbulos"):
- "As colunas da noite avançam; infecciosamente, sua dança de rugas converte-se em dobras; em tempo o mundo inteiro, imaturo, irá dar os mesmos passos para o mesmo amargo fim. Sonolenta inspeção; agora a morte dancante abandona o abrigo de suas camas, acordada para o descanso em cuja profundidade eles temem, como se o chão que eles pisam cederia passagem sob o peso solene de sua concepção".
Em menos de dois anos, outro par de discos é lançado, testemunhando que havia, realmente, muito fervor acumulado. Em "Still Life", Hammill deixa seu testemunho definitivo de que crê na vida eterna. Está em "Childlike Faith In Childhood's End" ("Fé Infantil No Final Da Infância"):
- "A existência é um estágio pelo qual passamos, uma trilha sonâmbula para a mente e o coração. É desesperador, eu sei, mas devo seguir adiante, e tentar iniciar a ver algo mais do que, dia-a-dia, a sobrevivência perseguida pela morte final. Se eu acreditasse que esse é o resumo da vida para a qual viemos, não desperdiçaria meu fôlego.


De alguma forma, deve haver mais."
Em 1977, a banda finalmente excursiona pela América. Além disso, seus discos passam a ser regularmente editados por lá, coisa que era um pouco acidentada nos primeiros anos. Entretanto, isso parece que não serve como amálgama para estruturar uma sólida continuidade. Pouco tempo depois, Banton e Jackson deixam o conjunto (eu havia-me esquecido de citar que o retorno se deu com Hammil, Banton, jackson e Evans).
Esses excelentes músicos haviam auxiliado a elaborar uma espécie de marca registrada do "Dark Sound". Quando partiram, não restava alternativa, a não ser modificar completamente o contexto. Passa, então, a fazer parte da formação o violinista Graham Smith (ex-String Driven Thing). Além dele, Nic Potter reassume o papel de baixista. Com eles, a banda registra "The Quiet Zone, The Pleasure Dome", e depois se despede, em 16 de janeiro de 1978, com um show no Marquee Club de Londres. Um cellista deu uma forca ao time, nesses últimos dias; foi Charles Dickie. David Jackson também foi ao Marquee, contribuir ao adeus. (No álbum duplo que documenta o episódio, dá para notar, claramente, quando Hammil lhe lança o convite para subir ao palco).
Ao longo desses últimos anos, todos eles têm produzido discos solo. E eu faço questão de mencionar um fato, difícil de ser presenciado em conjuntos de rock: os membros do Van der Graaf sempre pareceram uma irmandade, testemunhada pelo auxílio mútuo que prestam entre si. Nos trabalhos individuais, há sempre a presença de colegas. (Montanari).


No final dos anos 1970 o Van der Graaf passou por várias saídas e entradas de integrantes novos e antigos, o que ocasionalmente desestabilizou a carreira do grupo. A formação clássica de Hugh Banton, David Jackson, Guy Evans e Peter Hammill retornou em 2003, tocando uma única vez em Londres. Esta reunião levou os músicos a considerarem o retorno de vez aos palcos. Um novo disco com material inédito, foi lançado em 2005.

DISCOGRAFIA

  Álbuns de Estúdio
    The Aerosol Grey Machine (1969)
    The Least We Can Do is Wave to Each Other (1970)
    H to He, Who Am the Only One (1970)
    Pawn Hearts (1971)
    Godbluff (1975)
    Still Life (1976)
    World Record (1976)
    The Quiet Zone, the Pleasure Dome (1977)
    Present (2005)
    Trisector (2008)
    A Grounding In Numbers (2011)


  Álbuns ao Vivo
    Vital (1978)
    Maida Vale (BBC sessions) (1994)
    Real Time (2007)

  Compilações
    68-71 (1972)
    Repeat Performance (1980)
    Time Vaults (1982)
    First Generation (1986)
    Second Generation (1986)
    Now and Then (1988)
    I Prophesy Disaster (1993)
    The Box (2000)
    An Introduction (2000)



VAN DER GRAAF GENERATOR : Pilgrims


VAN DER GRAAF GENERATOR : Meurglys III Live At Dresden 2013


VAN DER GRAAF GENERATOR : Childlike Faith Live 2010


VAN DER GRAAF GENERATOR : Over The Hill Live At Dresden 2013


VAN DER GRAAF GENERATOR : The Sleepwalker Live From France 1975


VAN DER GRAAF GENERATOR : Undercover Man Live At Belgium 1975


VAN DER GRAAF GENERATOR : Man Erg Live At Rockpalast 2013


VAN DER GRAAF GENERATOR : Divadlo Archa Live At Praha 2013


O Van Der Graaf Generator é uma banda de excepcionais atributos, graças a genialidade deste que ´um dos melhores instrumentistas e letristas da história do Rock: Peter Hammill.
Sua músicas ganham muito com suas vocalizações e arranjos, conferindo ao VDGG uma sonoridade impar.
Longa Vida ao Van Der Graaf Generator !
Longa Vida ao Rock And Roll !


domingo, 22 de setembro de 2013

Special Edition - 27. Sérgio Hinds

SERGIO HINDS : Um dos maiores guitarrista de nosso Autêntico Rock faz aniversário !


A história do guitarrista Sérgio Hinds se mistura com a história do grupo O Terço, pois ele foi o fundador. Em suas origens em 1968, estão três bandas da longínqua década de 60 – Joint Stock Co., Hot Dogs e Os Libertos, por onde iniciaram o então baixista Sérgio Hinds, o guitarrista Jorge Amiden e o baterista Vinícius Cantuária. O conjunto era originário do Rio de Janeiro, mas depois iria radicar-se em São Paulo.
O grupo Os Libertos, então formado pelos três músicos, era uma atração que agitava as domingueiras do Rio de Janeiro. A banda ainda se chamaria Santíssima Trindade. Em 1970 ou 71 passam a se chamar O Terço.
Sobre o significado da palavra terço, é claro que é um “fracionário que corresponde a três” ou a “terça parte de alguma coisa”, inclusive a do Rosário, conjunto de contas utilizado na liturgia Católica para computar um determinado número de orações (quinze Pai-Nossos e quinze Ave-Marias). O nome O Terço caiu como uma luva pelo menos para essa primeira formação da banda, que era a de trio (guitarra-baixo-bateria). Sérgio Hinds, perguntado de onde foi tirado o nome do grupo disse: “O Terço como trio e o símbolo do rosário representando união”.


O grupo lançou dois compactos simples ainda antes do primeiro LP. Aquela era a época do Rock Rural e do Rock Progressivo, e O Terço seguiu estas sonoridades.
Sobre o ano de lançamento do LP de estréia: 1969. O primeiro LP, intitulado simplesmente O Terço, tratando-se, pois, de um disco homônimo, apresenta um rock tipo anos 50, 60, com leves tintas progressivas.
Em outubro de 1970, O Terço participou do V FIC (Festival Internacional da Canção), com a música “Tributo ao Sorriso”, que foi classificada em terceiro lugar. Neste mesmo ano de 1970, o grupo trabalhou com o empresário Marinaldo Guimarães, um personagem típico da época, preocupado sempre em fazer o público pensar. O espetáculo “Aberto para Obras” pode ter representado o auge de suas proposições estéticas. Montado no Teatro de Arena do Largo da Carioca, o público entrava por estreitos corredores e se via separado dos palcos por cercas de arame farpado. Descobrindo finalmente como chegar a seus lugares, tinham que escolher entre olhar para baixo, onde estava o Módulo 1000, ou para cima, onde se encontrava O Terço.


Abaixo havia também uma mulher preparando pipoca em um fogão e mais adiante, sentado em um vaso sanitário, o irmão de Jorge Amiden (d’O Terço) empunhando estático um violão por três horas seguidas, apenas para arrebentá-lo no final de tudo. O Terço chegou a lançar o compacto duplo O Visitante (Adormeceu/Doze Avisos/Mero Ouvinte), entre o primeiro e o segundo discos. A banda participou do Festival Internacional da Canção de 1971 com a música O Visitante, contando com Hinds (guitarra), Vinícius Cantuária (bateria), Amiden (guitarra) e Cezar de Mercês (baixo) e ostentando estranhos instrumentos no palco, como uma guitarra de três braços – a tritarra – ou um violoncelo elétrico. O segundo trabalho, também homônimo e lançado entre 1973, traz uma sonoridade mais progressiva (segundo alguns, totalmente progressiva) e é, talvez, o disco mais homogêneo de toda sua carreira. Neste disco, há a participação de Luiz Paulo Simas (ex-Módulo 1000 e futuro Vímana) tocando synth e órgão na suíte de 19 minutos Amanhecer Total, uma das primeiras canções nacionais a usar o mini moog. Jorge Amiden, o primeiro músico de que se tem notícia no mundo que apareceu tocando a tritarra, deixa O Terço para participar do grupo Karma, com o qual realiza um belíssimo disco acústico, com belas canções e lindos vocais.


Nessa época, Sérgio Hinds grava como baixista LP de Ivan Lins e viaja em tournê.
Dois anos depois, em 1975, seria lançado o LP que consagraria definitivamente a banda, formada então por Hinds (guitarra, viola, vocal), Luiz Moreno (bateria, percussão) o carioca Sérgio Magrão (baixo, vocal, outro ex-integrante do Joint Stock Co.) e o mineiro Flávio Venturini (piano, teclados, viola, vocal, que já havia participado das bandas Os Turbulentos, Haysteacks, Crisalis e do movimento mineiro - de MPB- Clube da Esquina): Criaturas da Noite, cuja faixa-título, síntese perfeita de MPB com Prog Sinfônico, viraria hit nacional, vende centenas de milhares de cópias e presenteia o público brasileiro com uma das obras-primas do progressivo brasileiro, a clássica faixa 1974, que na opinião de alguns, é o hino do rock progressivo nacional. 1974 é composição do recém chegado Flávio Venturini, 12’21″ de puro instrumental, ricamente arranjados e com diversos momentos melodicamente encantadores. Outra música do mesmo álbum, Hey Amigo, também projeta definitivamente o nome do grupo. O Terço, ao lado dos Mutantes, era o grande nome do Rock brasileiro. Neste trabalho e em outros, a banda consegue soar como um conjunto de calibre internacional. O disco ainda teria uma surpreendente versão em inglês. Por volta de 1977, 1974 foi coreografada pelo argentino Oscar Araiz, para o Royal Balet do Canadá, e apresentada em turnê pelo Canadá e Estados Unidos. Outro destaque de Criaturas da Noite é a sua belíssima capa. O título da obra é A Compreensão, de autoria de Antonio e André Peticov. Flávio Venturini levou para o conjunto elementos do movimento mineiro Clube da Esquina. Além das sonoridades do rock progressivo e da MPB, o grupo ainda tinha elementos de hard rock e de hard progressivo.


Apesar do sucesso limitado (isso se compararmos o grupo com artistas de apelo mais popular daquele tempo), O Terço atingiu o status de cult entre os jovens da época, além de ter representado, para a juventude dos anos 70, o que a banda de heavy metal Sepultura simbolizou para os anos 90.
Eles se tornaram os heróis do rock, convocando seus seguidores através do hino Hey Amigo, o maior hit de sua carreira.
O refrão “Hey amigo/cante a canção comigo/nesse rock/estamos perto de ser/a unidade final” era gritado a plenos pulmões pelo público que assistia à banda no Teatro Bandeirantes, reduto da tribo roqueira em São Paulo. Outros grandes representantes do rock progressivo brasileiro que se apresentavam freqüentemente no Teatro Bandeirantes eram os Mutantes, o Som Nosso de Cada Dia e o Terreno Baldio. Fábio Golfetti, que fundou o Violeta de Outono nos anos 80, assistiu diversas vezes a todas estas excelentes bandas neste mesmo teatro.
Os integrantes d’O Terço caprichavam ainda nos vocais em coro, considerados os mais harmoniosos da época.


O Terço segue estrada, e lança, após o estrondoso sucesso de Criaturas da Noite, em 1976 (com a participação, na flauta e vocal, de Mercês), o disco Casa Encantada, que também consegue boas vendagens, sendo um trabalho que sempre caracterizou o som da banda: rock com elementos de MPB. Músicas como Guitarras, Flor de la Noche, Casa Encantada e Solaris mostram a capacidade criativa dos músicos na época, tanto em melodia quanto em trabalhos mais elaborados. Eu também gosto bastante das faixas Cabala e O Vôo da Fênix. Junto com 1974, é um clássico do RP tupiniquim, diz Sérgio Hinds.
Casa Encantada foi concebido num sítio onde a banda ensaiava na década de 70 e foi todo composto neste local, que chamavam de Casa Encantada. O sítio fica no km 48 da BR 116.
Casa Encantada e Criaturas da Noite contaram, nas faixas em que há a participação de orquestra, com arranjos do maestro Rogério Duprat, com quem Venturini já havia estudado composição e arranjos. Casa Encantada e Criaturas da Noite seriam relançados em CD pela gravadora italiana Vinyl Magic.
Neste mesmo ano de 1976, O Terço participa do filme Ritmo Alucinante, dirigido por Marcelo França. O Terço também teria participado de importantes eventos como o Hollywood Rock e o Temporada de Verão, no teatro João Caetano, com os grupos Mutantes e Veludo, isso tudo no Rio de Janeiro, além de ter aparecido no antigo programa musical Sábado Som, da TV Globo, apresentado por Nelson Motta, que foi quem organizou estes mesmos eventos. A banda ainda participou do festival Banana Progressiva, que aconteceu em São Paulo, em 1975, no Teatro da Fundação Getúlio Vargas.


O grupo ainda participou de um disco de Walter Franco, o qual também contou com as presenças de Sérgio Dias e Arnaldo Baptista (ambos dos Mutantes), entre outros. Não se pode também deixar de comentar a participação de Hinds, Mercês, Venturini e Magrão no disco Nunca (1974), da dupla Sá & Guarabyra. Sérgio Hinds, junto com Sérgio Dias (Mutantes) e Mozart de Mello (Terreno Baldio) foi um dos maiores guitarristas do rock progressivo nacional nos anos 70. Em 1998, ele disse que nunca tomou sopa de cogumelo, apesar da sua aparência de doidão e que seu apelido no grupo era capitão saúde. Hinds é o único que esteve na banda, desde o início, em 1968, até hoje.
Após terem realizado os dois grandes clássicos mencionados acima, Criaturas da Noite e Casa Encantada, ocorre a saída de Flávio Venturini, o que ocasiona perda de qualidade no som da banda.
Em 1978, O Terço lança o disco Mudança de Tempo, apresentando muita MPB e um bom trabalho de guitarra de Sérgio Hinds. As faixas Não Sei Não, Minha Fé (esta com participação de Rosa Maria) e Blues do Adeus, as outras músicas merecem ser escutadas. Neste play aparece pela primeira vez o famoso, interessante e bonito logotipo que o grupo vem usando até hoje, talvez fazendo alusão ao Rosário católico. Em Mudança de Tempo há a presença do baixista e tecladista Sérgio Caffa (ou Kaffa?), que já havia passado pelos grupos Scaladácida (banda de Hard Rock Progressivo surgida no início da década de 70 pela qual também passou o flautista, percussionista, vocalista e futuro Vímana Ritchie), Cia. Paulista de Rock (superbanda de apoio de Erasmo Carlos em 1975) e Luís Carlos Sá & Banda (banda de um dos integrantes da dupla Sá e Guarabira). Depois de Mudança de Tempo, o baixista Sérgio Magrão deixa o grupo, para fundar, junto com Flávio Venturini, o 14 Bis.


Em 1980 Sérgio Hinds lança seu primeiro disco solo pela CBS cantando , e fazendo uma homenagem instrumental ao famoso e amigo maestro “Tributo a Rogério Duprat”. Som mais puro, de 1982, é outro álbum que investe bastante na MPB, contando com Hinds, Ruriá Duprat (teclados), Zé Português (baixo) e Franklin Paolillo (ex-Made in Brazil e ex-Tutti Frutti) (bateria). Som mais puro também apresenta uma composição deixada como herança por Flávio Venturini, a longa faixa Suíte que é, como 1974, outra extraordinária obra instrumental.
Em 1990 Sérgio Hinds lança seu segundo CD solo todo instrumental que gravou no estúdio da Miksom e lançou pelo selo da revista Fluir. Todo com composições próprias. Os fãs do Terço têm que esperar até 1993, quando uma nova banda, formada por Hinds, Franklin Paolillo (bateria), Luiz de Boni (teclados) e Andrei Ivanovic (baixo), lança Time Travellers, CD de progressivo sinfônico que apesar de não ter nada a ver com os trabalhos consagrados do grupo, pelo menos resgata algo do estilo para os velhos seguidores. O grupo, ainda em 93, abriria o show do Marillion no Brasil com músicas deste novo trabalho.


Em 1994 saiu o disco ao vivo Live At Palace, gravado com a Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo. A formação é a mesma de Time Travellers. Em 1996 O Terço lançou um CD intitulado Compositores. A formação era basicamente a mesma do álbum anterior e o disco foi composto por clássicos da MPB, como “Sangue Latino” dos Secos e Molhados.
Em 1998 foi a vez do álbum Spiral Words ser editado. Nele temos Hinds (guitarra, vocal), Edú Araújo (guitarra), Max Robert (baixo), Daniel Baeder (bateria) e Beto Correa (teclados). Outra bela capa, de autoria do também fotógrafo Marcelo Rossi (não é o famoso padre). Segundo Hinds, as letras de Spiral Words são variadas, por isso o nome “Palavras em espiral”. Ainda de acordo com Hinds, quando do lançamento do disco, o grupo estava se aproximando do fusion.


Em 1999, André Gonzales assume o posto de Daniel Baeder na bateria e a banda lança Tributo a Raul Seixas, uma homenagem aos dez anos de morte do roqueiro baiano. Depois disso, Edu Araújo deixou a banda e em seu lugar foi recrutado Igor de Bruyn, que também integra o quarteto de cordas Kroma (além da banda Red). A EMI lançou em CD, em 1999, uma edição dois em um, reunindo os discos Criaturas da Noite e Casa Encantada.Em 2006, Sérgio Hinds monta um trio de músicos motociclistas 3HD e lança CD pela Movie Play.
Em 2007, Sérgio Hinds, Flávio Venturini, Sérgio Magrão e Sérgio Melo (no lugar do falecido querido Moreno) se reúnem na fomação considerada clássica da banda e gravam ao vivo no Canecão DVD e CD lançado no natal pela gravadora Som Livre.

Fonte: Página da Tagima
           http://www.tagima.com.br/musicos/sergio-hinds/


SÉRGIO HINDS : 1974 Ao Vivo Instrumental Sesc 2011


SÉRGIO HINDS : Ponto Final Ao Vivo no Sesc 2011


SÉRGIO HINDS : Suite Ao Vivo Instrumental Sesc 2011


SÉRGIO HINDS : Solaris Ao Vivo


SÉRGIO HINDS : Crucis Ao Vivo


SÉRGIO HINDS : Olho Grande


O TERÇO : Tributo ao Sorriso Ao Vivo


OP TERÇO : Girando Lâmpada



Sérgio Hinds é um grande guitarrista e compositor. Um dos homens mais importantes deste nosso Rock Nacional Autêntico, que ha tantos anos empunha a bandeira de nosso Rock.
Longa Vida a Ségio Hinds !
Longa Vida ao Rock And Roll !



Special Edition - 26. David Coverdale

DAVID COVERDALE : Uma das Grandes Vozes do Rock faz aniversário !


David Coverdale (Saltburn-by-the-Sea, Inglaterra, 22 de setembro de 1951) é um cantor e compositor inglês.
Participou das bandas "Denver Mule" e "Skyliners" entre 1967 e 1968. David Coverdale ficou conhecido por substituir o vocalista Ian Gillan na banda Deep Purple, em meados dos anos 70. 


Após o termino da banda em 1976, lançou seu projeto solo David Coverdale White Snake, em 1977 saiu o segundo álbum solo Northwinds, em 1977 fundou o Whitesnake , grupo de Hard  Rock que fez sucesso com os hits "Is This Love" que teve sucesso em todo o mundo, "Here I Go Again", "Love Ain't No Stranger" e "Still Of The Night", entre outras.


Em 1991 resolveu dar uma pausa nos trabalhos com o Whitesnake. Em 1993 lançou um projeto solo intitulado Coverdale/Page com a partitipação de Jimmy Page do Led Zeppelin. 


Em 1997 lançou mais um álbum Restless Heart, Voltando com o Whitesnake fez dois álbuns Good to Be Bad (2008) e Forevermore (2011).


DEEP PURPLE : Burn Live At California Jam 1974


WHITESNAKE : Walking In The Shadow Of The Blues Live


WHITESNAKE : The Deeper The Love 1989


WHITESNAKE : Here I Go Again Live In London


WHITESNAKE : Is This Love


WHITESNAKE : Fool For Your Loving Live


WHITESNAKE : Love Ain’t No Stranger


WHITESNAKE : Is This Love Live Starkers In Tokyo


David Coverdale é dono de uma voz absolutamente maravilhosa, que consegue cantar músicas tanto pesadas quanto mais leves com a mesma qualidade e beleza.
Se encontra na lista dos maiores vocalistas da história do Rock Mundial.
Longa Vida a David Coverdale !
Longa Vida ao Rock And Roll !



sexta-feira, 20 de setembro de 2013

The Rock's Hidden Treasures - 32. Stone The Crows

STONE THE CROWS : Uma Banda com sonoridade única e vocal divino !


A banda foi formada em Glasgow por volta de 1969, após Maggie Bell ter sido apresentada a Les Harvey por seu irmão mais velho, Alex Harvey . Depois de tocarem juntos no Kinning Park Ramblers, reunidos numa banda chamada Power, ela foi rebatizada de Stone The Crow (que é uma gíria escocesa que significa “para o inferno com isso” ) pelo Mananger do Led Zeppelin Peter Grant. 


A banda foi co-dirigida por Grant e Mark London . London junto a Lulu foram co-autores da música "To Sir With Love". London também tinha gerenciado a banda Cartoone , que contou com Les Harvey na guitarra, e no qual Peter Grant tinha um interesse financeiro.


McGinnis e Dewar deixam a banda em 1971, para ser substituído por Ronnie Leahy e Steve Thompson. Jimmy McCulloch iria substituir posteriormente Harvey como guitarrista após a morte acidental deste no palco por um choque elétrico no Swansea 's Top Rank Suite, em maio de 1972. 


Como ele era o principal compositor da banda, bem como par romântico de Maggie Bell, a morte de Harvey quase levou ao final da banda. 


A banda teve seu fim em junho de 1973.
Peter Grant iria continuar a gerenciar a carreira de Maggie Bell após a separação da banda, com a Bell posteriormente gravando dois discos solo sob a tutela de Grant, Queen of the Night (1974) e Suicíde Sal (1975), e um álbum de 1981, com a banda Midnight Flyer.


Formação original
Maggie Bell ( Margaret Bell – 12.01.45 Maryhill Glasgow Scotland ) - vocais
Les Harvey ( Leslie Cameron Harvey – 13.08.44 Govan Glasgow – died 02.05.72 ) - guitarra
Colin Allen ( Colin Eric Allen – 09.05.38 Bournemouth Dorset ) - bateria
James Dewar ( James Dewer – 12.10.42 Glasgow – died 16.05.02 ) - baixo
John McGinnis - teclado


Discografia
1969 Stone The Crows
1970 Ode To John Law
1971 Teenage Licks
1972 Ontinuous Performance


STONE THE CROWS : Love 74 & Friend 1970


STONE THE CROWS : Going Down 1971


STONE THE CROWS : Sad Mary 1971


STONE THE CROWS : Danger Zone


STONE THE CROWS : Sunset Cowboy 1972


STONE THE CROWS : In Concert Beat Workshop


MAGGIE BELL & LES HARVEY : Blind Man 1969



Stone The Crows foi uma maravilhosa banda, com uma sonoridade calcada no mais autêntico blues, que tinha como vocalista Maggie Bell; uma Diva, cuja voz muitas vezes era confrontada com a de Janis Joplin.
Longa Vida ao Stone The Crows !
Longa Vida ao Rock And Roll !



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Great Bands Great Songs - 23. Crucis

CRUCIS : Uma Fantástica banda Argetnina de Rock Progressivo.


Conheci o Crucis quando ele veio ao Brasil para se apresentar no Ginásio do Ibirapuera no Primeiro Festival Latino Americano de Rock, que teve, também, o Terço apresentando seu novo disco "Casa Encantada". Após o show do Crucis, todos ficaram pasmos com a qualidade e intensidade sonora dessa banda, que mesclou uma sonoridade calcada num Jazz Fusion e no Progressivo, com uma performance simplesmente arrasadora. Todos saíram de lá amando o Crucis.
O Crucis foi uma banda de Rock Progressivo Argentino formada em 1974 por Gustavo Montesano ( guitarra , vocais ), José Luis Fernández ( baixo ), Daniel Frenkel ( bateria ) e Daniel Oil( teclados ). Quando Fernández deixou a banda, Montesano se tornou o novo baixista. Mais tarde Marrone e Kerpel se juntaram a banda. Em 1975 Daniel Frenkel deixou a banda e Farrugia o substituiu. Eles lançaram dois álbuns; Crucis em 1976 (produzido por Charly García , que era muito famoso na Argentina) e Los Delirios del Mariscal, em 1977. A banda dissolve-se pouco tempo depois. Ambos os seus LPs foram colocados juntos em um único CD , intitulado Cronologia de relançamento em 1996.


Crucis foi uma banda de curta duração, porém em tempo suficiente para causar admiração e deixar marcas indeléveis na música progressiva e sinfônica na América Latina.
O estilo da banda se deixa levar por influências das grandes bandas da década de 70, mas criando uma sonoridade muito peculiar e pessoal, alternando ambientes sinfônicos onde notamos a presença marcante dos teclados, até sons que beiram o Jazz com grande exibição do virtuosismo da guitarra de Pino Marrone, que as vezes, se aproxima muito das composições de Andy Latimer ( grande influência ).


O baixo de Gustavo Montesano não fica para trás, compondo uma base rítmica muito sólida junto à bateria de Gonzalo Farrugia.
As composições da banda se baseiam nos trabalhos de Montesano, com grandes mudanças de ritmo, tempo e compasso, de forma magistral, tendo como influências bandas como; Focus, Pink Floyd, Camel e várias bandas do movimento progressivo italiano, embora, reforça-se, o Crucis faz um som próprio, onde se utiliza dessas influências sem que haja cópias.


LOS DELIRIOS DEL MARISCAL
O disco Los Delirios Del Mariscal, atinge o auge da musicalidade, sendo composto basicamente por músicas instrumentais, exceto pela música “No me separen de mi”, que contem uma letra que fala sobre a instropecção, da busca do “eu”.

No Me Separe De Mi

Todos los días de todos los años
vi todo y todo sigue siendo igual
Pude llegar hasta aqui, a mi ser,
porque nunca, nunca, me deje llevar
     No me separen de mi nunca más.
No me transmitan sus odios
que todo esta bien aquí, yo tengo libertad.
Con una luna y un sol todo está
suficientemente para disfrutar.
      No me separen de mi nunca más.
Sí alguna vez hube de imaginar
para ver la verdad,
hoy todo es distinto.
Hoy solo quiero ver salir el sol,
con eso soy feliz
adentro y afuera

Após a música anterior, vem um verdadeiro deleite para os ouvidos que é a música Los Delirios Del Mariscal. A canção que dá nome ao disco é notável e de extrema sutileza, às vezes é emocionante e às vezes enérgica e libertadora. Podemos dividi-la em três partes, as primeiras passagens ambientais e sinfônica perto do mesmo estilo de Camel. Transmite uma paz única e ambiente tranquilo e aberto dá uma sensação de grandeza, é muito comovente. A segunda parte, onde Pino Marrone deslumbra com solos de jazz de fusão na atmosfera sinfônica ainda tranqüila, Perto tem um tempero um pouco mais experimental e ousado para Farrugia dar mais substância à bateria. E o terceiro, depois de um resumo da primeira parte, é uma sinfonia muito mais enérgica e feliz, possivelmente a música mais delirante do disco. 


A terceira canção "Fried Chicken", é apoiada nas guitarras, tem alguma influência sobre Camel e/ou Focus. Os ritmos sincopados gradualmente mudam o sentido da música. Por 2 minutos há uma passagem de guitarra com grande sentimento, soando como Akkerman. E depois de três minutos a música tem uma explosão de energia com uma mudança rítmica do tempo muito boa.


Abismo Terrenal é de uma instrumentação de qualidade superlativa com uma atuação impecável dos quatro músicos. É muito perto de jazz fusion, jazz fusion sinfônica poderia dizer que talvez, com algumas das influências já mencionadas, juntamente com um pouso de Return to Forever, possivelmente. O fato é que, repetindo algumas idéias melódicas acaba dando espaço para o desenvolvimento do trabalho de todos os músicos. O primeiro é Kerpel solando com teclados, mais perto da fusão progressiva, mas ainda muito sinfônica. O seguinte é Marrone solando com a guitarra, com a parte mais longa. Marrone carrega no ritmo, mudando muito na bateria o estilo e o suporte ao baixo. Em seguida, vem o grande, ainda que em curto espaço de tempo, Montesano com um grande solo de baixo, primeiro sem a banda, dando ao baixo mais energia preenchendo absolutamente todos os espaços, em seguida, com a entrada da bateria no solo de baixo, acaba deixando Farrugia com campo livre para fazer o seu solo de bateria. 

CRUCIS : Los Delirios Del Mariscal 1976


CRUCIS : o Me Separen De Mi 1976


CRUCIS : Pollo Frito 1976


CRUCIS : Abismo Terrenal 1976


CRUCIS : Em Vivo En El Luna Park 1977



O Crucis foi uma banda de Rock Progressivo de altíssima qualidade, tanto nos arranjos musicais quanto na condução instrumental individual de seus componentes.
Deixaram apenas dois registros em disco, o que é lamentável, tamanha a possibilidade de trabalhos cada vez mais elaborados e maravilhosos.
Ficará eternamente na memória de todo Rockeiro como uma das mais fantásticas bandas de Rock Progressivo do cenário do Rock Latino Americano.
Longa Vida ao Crucis !
Longa Vida ao Rock And Roll !