domingo, 20 de dezembro de 2020

ROCK - Suas Histórias & Suas Magias - Capítulo 11 Parte 3

Os Movimentos Sociais da Década de 60 – Parte 3 


4. Há mais de 55 anos acontecia a Marcha de Selma a Montgomery 
Gabriela da Costa Gonçalves - Palmares Fundação Cultural (08 março 2019) 
http://www.palmares.gov.br/?p=53556 

A Marcha Pelos Direitos Civis marcou um momento histórico na luta do povo negro americano, onde cerca de 600 pessoas marcharam de Selma, cidade do Alabama, até a capital Montgomery, para reivindicar direitos básicos e fundamentais. 


O movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos teve início em 1955 para garantir a luta dos negros estadunidenses e abolir a segregação racial no país. A situação da população negra nos EUA retratava a inferiorização a qual o povo negro estava submetido em relação ao povo branco. As leis de Jim Crow institucionalizaram a separação entre negros e brancos, utilizando o lema ”Separados, mas iguais”. As leis proibiam por exemplo, casamentos inter-raciais e separação de escolas, parques e prisões. 
Em 1° de dezembro de 1955, em Montgomery, Rosa Parks entrou para a história quando se recusou a se levantar para que um homem branco sentasse em seu lugar no ônibus e acabou sendo presa, julgada e condenada. O caso de Parks e o surgimento de outros movimentos impulsionaram a luta pelos direitos civis nos EUA. Um dos primeiros atos realizados foi o boicote ao transporte público de Montgomery, que ficou à beira da falência devido esta manifestação. Além deste episódio, o movimento pelos direitos civis nos EUA ficou conhecido por outros momentos importantes como a Marcha de Washington, que reuniu cerca de 1 milhão de manifestantes e foi liderada por Martin Luther King. Os manifestantes marcharam até a capital do país para protestar em favor da igualdade de direitos. 


No dia 7 de março de 1965, manifestantes negros caminhavam pacificamente de Selma até Montgomery reivindicando o direito dos afro-americanos irem às urnas, direito esse que foi retirado por conta da segregação racial. A multidão acabou bloqueada perto da Ponte Edmund Pettus sobre o Rio Alabama e a polícia agrediu violentamente os participantes do protesto, no episódio que ficou conhecido como Domingo Sangrento. 
Os estudantes realizaram marchas em Selma que quase sempre acabavam em violência policial e até prisões dos manifestantes, com a intensificação das manifestações jovens que integravam a Ku Klux Klan eram chamados para perseguir os ativistas. 
Os negros representavam metade da população de Selma, mas apenas 2% da população era registrado como eleitor, e essa característica se repetia em vários estados no Sul dos EUA. 


No dia 9 de março intitulada de “Terça-feira da reviravolta” os manifestantes tentaram novamente atravessar a ponte, desta vez com a presença de Martin Luther King, onde manifestantes e polícia ficaram frente a frente, mas para evitar um novo confronto, King convenceu os militantes a não seguir adiante naquele momento. A terceira tentativa ocorreu em 16 de março, os manifestantes em sua maioria negros, mas alguns asiáticos e latinos marcharam ao lado de King até serem cercados por dois mil soldados americanos, membros da Guarda Nacional e agentes do FBI; os manifestantes avançaram 16 quilômetros pela “Rodovia Jefferson Davis”. Finalmente, em 24 de março chegaram a Montgomery e a Câmara Legislativa do Alabama em 25 de março. 
No dia 7 de agosto de 1965, o presidente Lyndon Johnson assinou a Lei que dava o direito ao voto, uma importante conquista que representou a vitória da Marcha de Selma. Essa manifestação revelou a força da convicção de centenas de afro-americanos pela luta por direitos humanos básicos. 

Famosa foto de Amelia Boynton após sofrer sério espancamento 
e afogamento por gás lacrimogênico numa foto que rodou o mundo 

Em 2015, Amelia Boynton Robison, uma importante ativista defensora dos direitos civis nos EUA e figura de grande importância durante a marcha em defesa do direito ao voto em Selma foi conduzida em sua cadeira de rodas pelo ex presidente Barack Obama durante uma celebração para lembrar ao momento histórico de 7 de março de 1965. 
A história da Marcha pelos direitos civis foi contada no filme “Selma, uma história pela igualdade” lançado em 2014, que retrata a luta do ativista Martin Luther King e dos militantes pelos direitos civis da população negra nos EUA. 



Selma Official Trailer (2015) 



Selma - Scene filmed on bridge named for KKK leader 



Selma - The Real Selma Footage 



The Story of Bloody Sunday, March 7, 1965 



Reflections on the Greensboro Lunch Counter 



5. Movimento dos Direitos Civis nos EUA 
Por Camila Caldas Petroni 
Mestre em História (PUC-SP, 2016) 
Graduada em História (PUC-SP, 2010) 

Nos Estados Unidos, a escravidão foi abolida em 1865, ano em que a Guerra Civil Americana, iniciada em 1861, chegou ao fim. Porém, o fim do sistema escravista não garantiu direitos básicos aos ex-escravizados, e muitos grupos sulistas não aceitavam a ideia de que os negros libertos possuíssem direitos iguais aos dos brancos. 
Antes mesmo do fim da guerra, muitos estados do Sul escravista possuíam políticas segregacionistas, como leis antimiscigenação, que proibiam o casamento entre brancos e negros. Mas, com a abolição da escravidão, a defesa dessas políticas foi intensificada por alguns grupos, como a sociedade secreta Ku Klux Klan, formada em 1865. 

Foto de Rosa Parks registrando suas impressões digitais na 
Polícia de Montgomery em 1955 
Foto/Associated Press 

O federalismo estadunidense permitia que cada estado possuísse suas leis próprias. Assim, um conjunto de leis adotadas a partir da década de 1870 no Sul do país, chamado pejorativamente de “Jim Crow”, oficializou a segregação racial nessa região. 
Tais leis definiram, por exemplo, que os negros não ocupassem os mesmos locais que os brancos em serviços públicos, como escolas, transportes e hospitais, e privados, como hotéis, restaurantes e teatros. Esses locais deveriam estabelecer instalações diferentes para os dois grupos. Havia, também, leis que determinavam regras para o casamento e a miscigenação. 
Porém, houve resistência desde o surgimento dessas leis, incluindo a própria luta pelos direitos civis da população negra e a criação de organizações como a National Association for the Advancement of Colored People (NACCP, Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, em português), fundada em 1909. No entanto, as primeiras vitórias seriam efetivamente conquistadas somente na década de 1950. 
Um dos principais acontecimentos que simbolizam essa resistência data de 1955, quando Rosa Parks, membro da NACCP, ao pegar um ônibus no Alabama não cedeu seu lugar a um passageiro branco quando o veículo ficou lotado. Embora estivesse sentada em uma fileira permitida aos negros, a lei determinava que cedessem seu assento aos brancos quando o veículo lotasse. 
Parks foi presa. Liberada após pagara uma fiança, uniu-se a Martin Luther King, pastor e líder de movimentos pelos direitos civis dos negros nos EUA e de um boicote contra o sistema de ônibus organizado alguns dias após o ocorrido com Parks. O boicote permaneceu por mais de um ano, e, em 1956, a Suprema Corte dos EUA declarou inconstitucional a segregação racial em transportes públicos. 
Ainda na década de 1950, a fundação da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC, sigla em inglês), por Luther King, representou mais um marco do movimento dos direitos civis nos EUA, defendendo a resistência pacífica. 
Em 1963, a Marcha sobre Washington, liderada por Luther King e demais militantes, reuniu cerca de 250 mil pessoas contra a segregação racial. O amplo movimento pacífico influenciou a aprovação de leis que garantiam direitos à população afro-americana. 
A primeira e mais importante delas foi a Lei dos Direitos Civis, de 1964, que encerrou as leis de segregação racial nos EUA, e permitiu, legalmente, que a população negra frequentasse os mesmos locais e ocupasse os mesmos lugares que a população branca, e ocupasse os mesmos lugares. Além das discriminações raciais, a lei pôs fim a discriminações religiosas e de nacionalidade no país. 


Ainda nesse momento, ganhariam força e surgiriam outros líderes e organizações na luta pelos direitos da população afro-americana, adotando novos discursos e estratégias. Um exemplo desses movimentos é a Organização da Unidade Afro-Americana, fundada em meados de 1964 por Malcolm X. De tendência separatista, defendia a união dos afro-americanos para combater a opressão vivenciada pelos negros e o racismo. 
Dois anos depois, Huey Newton e Bobby Seale fundaram o Partido dos Panteras Negras, com a ideia de formar uma comunidade para combater a opressão e violência sofridas pelos negros, e, com um discurso anticapitalista, defender a liberdade, a terra, emprego, educação e outros direitos para essa população. 


O aparecimento de novos movimentos afro-americanos mesmo após a mencionada aprovação das leis que garantem seus direitos nos mostra que essa população continuou – e, ainda hoje, continua – lutando pelo respeito a esses direitos e pelo fim do preconceito. 


6. A luta pelos Direitos Civis de Lincoln a Martin Luther King 

“...o gradual desenvolvimento da igualdade é uma realidade providencial. Dessa realidade tem ele as principais características: é universal, é durável, foge dia a dia à interferência humana; todos os acontecimentos assim como todos os homens servem ao seu desenvolvimento. Seria prudente imaginar um movimento social de tão remotas origens pudesse ser detido por uma geração? Pode-se conceber que, após ter destruído o sistema feudal e vencido os reis, irá agora a democracia recuar ante a burguesia e a classe rica? Agora que se tornou tão forte, e tão frágeis os seus adversários, deter-se-á ainda?” 

Após quase meio século de silencioso descontentamento, na década dos 50 os negros norte-americanos voltaram a reagir contra a situação de inferioridade e exclusão que as leis dos brancos os condenaram. Ergueram-se contra a discriminação e a segregação racial que sofriam no seu país. Por todos estados do Sul dos Estados Unidos imperavam ainda velhas leis racistas que nos tornaram párias sociais, ou um meio-cidadão. Se nos convocam para servir no exército e lutar nas guerras, mas impediam-nos de votar e de freqüentar uma escola pública com os demais brancos. Negavam-lhes hospedagem nos hotéis e nem em lanchonetes eram atendidos. 
Foi este estado de coisas chocante que foi questionado pelo Civil Reigths Movement, o Movimento pelos Direitos Civis, que tomou corpo então. Como pano de fundo, alimentando a contestação, estava o processo de emancipação do Terceiro Mundo, quando os povos de cor da Ásia e da África iniciaram a luta pela descolonização. Eles não aceitavam mais o estatuto colonial em que estavam submetidos, subjugados pelos colonizadores europeus. Houve, portanto, uma mútua influência entre o processo de Descolonização do Terceiro Mundo e a retomada do Movimento dos Direitos Civis dos negros norte-americanos. Mas estes, os americanos, achavam-se na retaguarda, o que levou o escritor James Baldwin a dizer que parecia mais fácil “a África inteira conseguir a sua liberdade antes de nós conseguimos tomar sequer uma xícara de café”, num bar dos brancos. (*) atribui-se a demora pelo ressurgimento desse movimento ao clima de Guerra Fria criado no após-guerra e ao macartismo (1946-1954), que facilmente poderia acusar os defensores dos direitos civis como “comunistas”. 
Das grandes personalidades que emergiram nesse duplo movimento de emancipação, africano e americano, nenhuma atingiu a universalidade e a popularidade do reverendo Martin Luther King, Jr., Prêmio Nobel da Paz de 1964, e que terminou por ser assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, a capital do estado racista do Alabama. 
O Dr. King ainda teve a felicidade de presenciar a assinatura do Civil Reights Act, a Lei dos Diretos Civis, sancionada pelo Presidente Lyndon B. Johnson em agosto de 1964, tornando ilegal e inconstitucional a segregação e a discriminação racial em todos os estados da união norte-americana. 

a) Lincoln e a abolição 

Eu, em casa, não tive proteção, nem descanso fora dela. Eu fui um excluído da sociedade na minha infância e um exilado na terra onde nasci. Eu sou um estranho lá e um errante como foram os meus pais. 
Frederick Douglas (ex-escravo e líder negro abolicionista) - Life and Times of Frederick Douglass, 1845 

Alexis de Tocqueville o historiador liberal observou, em sua visita aos Estados Unidos em 1831, que o grande problema futuro da América era o negro. Sentiu que o país inteiro se dividia sobre a questão da escravidão. No Sul achavam-na natural, uma “peculiar instituição” como os escravagistas a chamavam. No Norte, crescia a opinião de que ela era abominável e moralmente insustentável num país cristão. Durante quase um século, Norte e Sul contemporizaram a seu respeito. A divergência aumentou conforme as terras do Oeste passaram a ser ocupadas. Para os nortistas, defensores do Movimento Free Soil, “Terra Livre”, deveria-se liberá-las, as novas terras, apenas para os homens livres a fim de colonizá-las. Aos sulistas isso soava como um impedimento à expansão dos seus interesses, todos eles ligados a perpetuação e expansão da escravidão. Em suma, os Estados Unidos, como disse o Presidente Abraão Lincoln num célebre discurso: “era uma casa dividida, meio livre meio escrava”. 
A Guerra de Secessão de 1861-65 foi travada para superar o trágico e doloroso impasse em que a nação se encontrava. Descontentes com a eleição de Abraão Lincol, um candidato abolicionista, os estados do Sul determinaram formar uma Confederação e separar-se da União. 
Alexis de Tocqueville observou, trinta anos antes da guerra civil, que na verdade o maior interesse pela abolição partia dos próprios brancos que viam naquela instituição um empecilho à conquista do país. Se (a escravidão), escreveu ele, era “cruel para o escravo era funesta para o senhor”. O que foi reiterado por Lincoln, em 1862, quando se dirigiu ao Congresso pleiteando pela liberdade dos negros dizendo que aquilo “asseguraria a liberdade aos livres”. 

Presidente Abraham Lincoln 
Crédito: Wikimedia Commons 

Em 1º de janeiro de 1863, o Presidente Lincoln anunciou a Proclamação da Emancipação assegurando a liberdade dos escravos que viviam em estados rebeldes. (Num encontro reservado com lideranças negras, Lincoln propôs aos libertados que retornassem à África, porque não acreditava que algum dia os brancos aceitassem a igualdade racial. Prevendo muito sofrimento de parte dos ex-escravos prometeu auxiliá-los na viagem de volta. Os lideres não aceitaram. Desde 1619 vivendo na América, nem saberiam onde desembarcar na África. Eles eram americanos, nada mais tinham a haver com o continente negro). 
Lincoln, no mais conhecido dos seus discursos - The Gettysburg Adress (leia a seguir) - de 19 de novembro de 1863, colocou o que estava em jogo. Não se tratava de que os nortistas deviam ou não lutar pela manutenção da União ou se os sulistas tinham direito constitucional de formar uma confederação. A questão era outra. Era possível existir um governo baseado na igualdade de todos os cidadãos? Sobreviveria a democracia? 
Pela 13ª Emenda, aprovada em dezembro de 1865, a servidão foi varrida do país. Em 1875, dez anos depois da sua morte - Lincoln foi assassinado por um sulista - aprovou-se uma Declaração de Direitos que impedia a discriminação. Esta conquista deu-se em parte pelo próprio engajamento dos negros na guerra. Por pressão de Frederick Douglass, um ex-escravo, notável militante abolicionista e primeiro assessor negro da presidência americana, Lincoln concordou em convocá-los. Começando pelo 54º de Voluntários de Massachusettes, 166 regimentos negros formaram-se ao longo do conflito, alistando 178.975 homens, dos quais 68 mil morreram. Depois da grande matança tudo indicava que o ex-escravo seria gradualmente assimilado à sociedade norte-americana, tornando-se um cidadão como os demais. 

b) O Discurso de Gettysburg, 19 de novembro de 1863 

O mais famoso discurso de Abraham Lincoln 

A oitenta e sete anos nossos antepassados implantaram sobre este continente uma nova nação, concebida em liberdade, e dedicada à idéia de que todos os homens são iguais. Presentemente estamos envolvidos numa grande guerra civil testando assim o poder de resistência dessa nação, ou de qualquer outra concebida sobre aquele princípio. Encontramo-nos agora num grande campo de batalha dessa guerra. Viemos até aqui para dedicar uma porção de tal campo como um lugar de repouso eterno para aqueles que aqui deram suas vidas a fim de que a nação pudesse viver. E é conveniente e apropriado que nós prestemos juntos essa homenagem. 
Mas, num sentido mais amplo, nós não podemos dedicar-lhes, não podemos consagrar - nem santificar - este sítio. Os homens bravos, vivos ou mortos, que lutaram aqui, já o consagraram, muito mais do que o nosso poder de acrescentar algo ou diminui-lo. O mundo deverá registrar bem pouco, e nem de longe recordar o que dissemos aqui, mas ele nunca poderá esquecer o que aqueles homens fizeram (*). É para nós os que continuam vivos, que temos diante de nós uma obra inacabada pela qual eles se bateram e tão nobremente adiantaram que melhor caberia tal dedicatória. Sim, é para nós que estamos aqui dedicados a grande tarefa que se nos defronta - que isso se endereça mais do que a esses mortos honrados dos quais retiraremos a devoção ampliada àquela causa pela qual eles esgotaram a última reserva de dedicação - tarefa essa que aqui devemos assumir para que esses mortos não tenham morrido em vão, e para que essa nação, sob a autoridade de Deus, deva renascer em liberdade, e a fim de que o governo do povo, pelo povo e para o povo não pereça na terra. 

(*) a previsão de Lincoln não se confirmou. Hoje bem poucos sabem o que foi ou o que representou a batalha de Gettysburg, mas suas palavras se encontram na maior parte dos livros de história do nosso século. 

Fonte: Richard B. Morris - Documentos básicos da História dos Estados Unidos, Ed. Fundo de Cultura, RJ., 1964. 

c) A reconstrução e a segregação 

Violaram, para com o negro, todos os direitos de humanidade, e depois lhe ensinaram a inviolabilidade dos direitos. 
Alexis de Tocqueville - A democracia na América, 1835 

O chamado período da Reconstrução, the Radical Reconstruction, de 1865-1877, tentou aplicar medidas que integrassem os antigos servos na sociedade sulistas. O Sul reagiu. Em 1865 mesmo, grupos clandestinos de brancos, criaram as sociedades secretas terroristas dos Cavaleiros da Camélia Branca e a da Ku Klux Klan, a mais conhecida e duradoura, voltadas para atemorizarem os freeman, os libertados, e impedir a igualdade. Também proliferam no Sul os códigos negros, blacks codes, leis estaduais que retiram dos ex-escravos, ao lhes vedarem a propriedade das terras, qualquer possibilidade de tornarem-se cidadãos. A última esperança dos negros de contarem com o apoio da União se esvaiu quando se deu o Acordo Hayes (Hayes agreemennt). 

Membros da infame Ku Klux Klan 

Em 26 de fevereiro de 1877, o candidato a presidente, o nortista Rutherford Hayes teve que, por razões eleitorais, pedir sustentação aos antigos donos do Sul para confirmar-se no poder. Em troca comprometeu-se a retirar as tropas federais do Sul e a não intervir em seus assuntos internos. Foi o sinal para a grande contra-ofensiva racista. Estado por estado multiplicaram-se as leis discriminatórias. Em 1883 a Suprema Corte lhes fez um favor ainda maior. Assegurou que nada podia fazer quando a discriminação era feita por particulares, tornando os Direitos Civis de 1875 em letra morta. 
Há pouco menos de vinte anos após a Guerra Civil, a maioria dos negros apenas transitara da situação da escravidão para a de párias. O projeto de Thaddeus Stevens, o arquiteto do programa Radical de Reconstrução, que visava desmantelar os latifúndios sulistas e dividi-lo em lotes de “40 acres de terra e uma mula”, nunca foi implementado. Sem terras e sem salários, num Sul empobrecido pela derrota na guerra, os ex-escravos voltaram a cair na dependência dos seus antigos senhores. Grande parte deles tornou-se meeiro nas lavouras onde antes eram escravos. Podiam pelo menos casar e constituir famílias, bem como formarem congregações religiosas separadas. As igrejas protestantes do Sul, particularmente as batistas, tornaram-se, nos longos e difíceis anos que se seguiram, os centros da comunidade negra e seu oásis espiritual. Por isso foram os alvos preferencias do terrorismo da Ku Klux Klan que as incendiavam em ataques noturnos. 
Além das dificuldades econômicas decorrentes de uma região recém-saída da guerra, a mais violenta da história do Novo Mundo, os negros tiveram outros impedimentos. Alexis de Tocqueville já observara que eles eram tratados com certa benignidade e até compaixão quando eram escravos, mas “o preconceito que repele os negros parece crescer à proporção que os negros deixam de ser escravos, e a desigualdade grava-se nos costumes à medida que se apagam das leis”. Se eles escapavam dos grilhões da escravidão caiam presos nas algemas do preconceito. Os brancos, mesmo no Norte, nunca os consideraram iguais. 

A queima das cruzes pela KKK 

Esta situação agravou-se com a ascensão no mundo de então com as teses da superioridade racial do homem branco afirmadas pela ciência. A partir das teorias darwinistas - sua difusão deu-se nas décadas de 1860-70 - com a vulgarização dos conceitos da “seleção das espécies” e da “vitória do mais apto”, discriminou-se os negros por alegações cientificas. Eles não haviam sido escravizados por uma maldição bíblica, por serem os amaldiçoados filhos de Cam, como diziam os teólogos escravistas, mas porque eram biológicamente inferiores. Logo, qualquer tentativa de equipará-los aos brancos era um atentado anti-científico, uma profanação à vontade de Deus. Assim explica-se que quando o presidente Hayes os abandonou nas mãos dos oligarcas e da ralé pobre sulista, os protestos dos nortistas foram frouxos. Proliferaram então as Leis Jim Crow (*) pelas quais criaram-se impedimentos artificiais aos negros para que eles não votarem nos estados do Sul. 

(*) Jim Crow foi um desses apelidos pejorativos, difundido por uma canção cômica de 1832, aplicados a qualquer negro nos Estados Unidos de então. Um equivalente ao nosso Zé Ninguém. Sua tradução mais aproximada seria as Leis do Zé Ninguém! Em alguns estados os negros eram submetidos a um exame sobre a constituição, em outros exigiam que seus antepassados já tivessem votado uma vez, o que era impossível por eles terem sido escravos. 

Jim Crow 

Estimulado pelo ódio ao negro e o receio dele como homem livre, um imenso muro - o Muro da Segregação - começou a ser construído pelo racismo. Tijolo a tijolo, lei a lei, o muro cresceu. Até nos abrigos de surdos-mudos e cegos, brancos e negros foram separados. Na Carolina, eles não podiam “olhar juntos da mesma janela”. Em Atlanta, na Geórgia, existiam bíblias para negros e outras para os brancos quando eles fossem convocados para testemunhar num tribunal. 
Assim os três pilares constitucionais - as 14ª e 15º Emendas e a Declaração dos Direitos de 1875 - que garantiam os seus direitos foram invalidados pelos governantes racistas dos estados do Sul. 
Mas a mais terrível marca desse período foi o linchamento. Para impedir que os negros sequer ousassem reclamar dos seus direitos, eles foram submetidos pelos brancos a uma coação brutal, a um estado de sitio permanente, a ameaça de serem trucidados. O linchamento tornou-se uma espécie de “tribunal popular” da ralé sulista, que julgava, condenava e massacrava a vítima. Por qualquer motivo, tanto em cidades grandes como em remotos lugarejos, eles eram perseguidos por bandos de brancos sanguinários e mortos pelas mais pavoRosas formas; do enforcamento à fogueira, não sem antes supliciaram-nos a socos e pauladas. Ora a justificativa era de que um deles não “tivera respeito” para com um caipira branco ou de que “lançara olhares lúbricos para uma branca”, crime considerado hediondo pelos racistas. 
Preservar a pureza delas - a White Womanhood - de um possível “contagio” era uma obsessão dos racistas. Esta fobia é que explica que, a partir de 1910, mais de 30 estados americanos proibissem o casamento interracial. Desvairo que só irá se repetir na Alemanha nazista durante os anos trinta e na África do Sul durante a apartheid. 

White Womanhood Suffragettes, New York Times, 1921 

A segregação finalmente foi legitimada por outra decisão da Suprema Corte. Em 1896, no caso Plessy x Ferguson, os juizes aceitaram que apartar-se as raças era legal desde que respeitassem o principio “separate but equal”, separados, mas iguais. As estradas de ferro dali por diante podiam abrir vagões só para brancos e outros só para os negros, “desde que fossem iguais”, sem que isto ofendesse a constituição. Em pouco tempo, como num jorro, os avisos e placas “only for white”, ou “only for blacks”, ou simplesmente “white” e “colored”, espalharam-se pelos restaurantes, hotéis, lanchonetes, teatros e demais lugares públicos, inclusive bebedouros. 

d) O compromisso de Atlanta 

Não é razoável para qualquer comunidade esperar que ela permita que o negro seja linchado ou queimado no inverno, e então recorra ao trabalho do negro na colheita do algodão no verão. 
Booker T. Washignton, 1895 

1895 foi um ano simbólico. No momento em que morria a mais expressiva liderança negra, o orador Frederick Douglass, o principal responsável pelo resgate da dignidade negra no século 19, um outro líder propunha um pacto de submissão ao branco. Naquele mesmo ano, em setembro, na exposição estadual do algodão em Atlanta, capital da Geórgia, Booker T. Washington, um emérito educador do Alabama, conclamou a que os negros abdicassem de lutar pela igualdade social e pelo acesso a uma educação superior. Que se conformassem em serem lavradores e artesãos, em trilhar uma “educação industriosa”. As ideias de igualdade para ele não passavam the extremest folly, de loucura! 

Frederick Douglass 

Em troca desta renúncia, pediu Booker aos brancos que contratassem os negros. Que os empregadores “cast down your bucker”, lançassem seus baldes no estuário onde se encontravam, dispostos ao trabalho, oito milhões de negros americanos... ”o mais paciente, fiel, obediente a lei, e submisso povo que o mundo já viu...” De nada adiantou. Se os brancos se encantaram com a oratória de capitulação de Booker T. Washigton - no chamado de o Compromisso de Atlanta - isto não lhes mudou os sentimentos. Ao contrário. A filosofia de submissão de Booker estimulou os racistas a cometerem atrocidades ainda maiores, enquanto os esperados benefícios econômicos daquela postura se frustraram. 
Vivendo na América, Claude McKay um poeta jamaicano horrorizado pela seqüência de linchamentos durante o chamado Red Summer, o Verão Vermelho de 1919, deixou-nos sua indignação nos versos: 

Se devemos morrer que não seja igual aos porcos, 
caçados e encurralados em lugares sórdidos, 
onde nos ronda o latido de cães loucos e famintos, 
caçoando do nossa maldita sorte 
Se nós temos que morrer 
que nos deixem ter uma morte digna 

e) Mais adiante de Lincoln 

...a semente do dragão da escravidão, abolida há cem anos atrás, continuará germinando no solo sulista se nós não a arrancarmos com mão forte. 
John F. Kennedy, 1963 

As táticas das lideranças negras mudaram. Não era mais uma elite de advogados educados que buscava a igualdade sensibilizando os juizes. Formou-se nos anos 60 um movimento de massas. Jovens negros não suportavam mais a passividade dos seus pais e ancestrais. Milhares deles participaram dos sit-ins, - o primeiro ocorreu em Greensboro, na Carolina do Norte, em 1º de fevereiro de 1960 - protestos não-violentos em lancherias, restaurantes e outros lugares públicos, onde reclamaram serem atendidos como qualquer outro cidadão americano. 
A eles se somaram os Freedom Riders, os Cavaleiros da Liberdade, jovens negros e brancos, intelectuais, artistas e religiosos, que partiam do Norte em caravanas em direção ao Sul, para pressionar as autoridades locais a pôr fim na segregação. O Sul reagiu com violência. Governadores, prefeitos e xerifes empregaram o aparato policial contra os militantes dos direitos civis (*). 
(*) A oposição ao movimento do dr. Martin Luther King não partia apenas dos racistas. Jovens extremistas do Black Power, o poder negro, consideravam-no muito moderado, enquanto os Black Muslims, os muçulmanos negros, que pregavam uma total separação de raças, acreditavam-no um conciliador para com os brancos. 

Para chamar a atenção do pais para o que ocorria lá, o Dr. King apelou para que seu povo e os simpatizantes brancos marchassem juntos à Washington D.C. para uma grande manifestação a favor da imediata aprovação pelo Congresso de uma nova lei dos Direitos Civis. O Presidente John Kennedy, empossado em janeiro de 1961, tentara fazê-la passar, mas a coalizão entre os racistas do Sul e os conservadores do Norte o impediu. 
No dia 23 de agosto de 1963, uma multidão calculada em 250 mil pessoas juntou-se em frente ao Memorial de Lincoln na capital do país. Ali, à sombra da estátua do libertador dos escravos, o dr. King falou ao entardecer. Compôs, de improviso, uma das mais extraordinárias orações da língua inglesa. Um salmo político que se tornou um libelo universal a favor da igualdade racial e da liberdade. 

f) Eu tenho um sonho! 

Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro principio do seu credo: Nós acreditamos que esta verdade é auto-evidente, de que todos os homens são criados iguais. 
Eu tenho um sonho de algum dia nas colinas vermelhas da Geórgica os filhos dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos na mesa da fraternidade. Esta é a nossa esperança. É com esta fé que eu retorno ao Sul. 
Com esta fé nos estaremos prontos a trabalhar juntos, a rezar juntos, a lutar juntos, a irmos para a cadeia juntos, a nos erguermos juntos pela liberdade, sabendo que seremos livres algum dia. 
Este será o dia quando os filhos de Deus estarão prontos a cantar com um novo significado: Meus país...doce terra da liberdade, para ti eu canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos Peregrinos, de qualquer lado da montanha, deixe tocar o sino da liberdade. 
E se a América será uma grande nação um dia isto também será verdadeiro. 
Assim deixe tocar o sino da liberdade! 


I Have a Dream - Martin Luther King 


Quando nos deixarmos o sino da liberdade tocar, quando o deixarmos tocar em qualquer vilarejo ou aldeola, de qualquer estado, de qualquer cidade, nós estaremos prontos para nos erguer neste dia, quando todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, estaremos prontos para nos dar as mãos e cantar as palavras de um velho spiritual negro: 

Por fim livres! Por fim livres! Graças senhor Todo-Poderoso, estamos livres enfim. 
Martin Luther King, 23 de agosto de 1963 (Lincoln Memorial, Washington D.C.) 

g) Conclusões 

A verdade nos fará livres 
verdade nos fará livres 
a verdade nos fará livre um dia 
Oh, eu creio do fundo do coração? 
que nós vencermos um dia.. 
We shall overcom, tida como a Marselhesa negra 

Da mesma forma que o assassinato do Presidente Abraham Lincoln, em 15 de abril de 1865, acelerou a aprovação da emenda redentora, a dramática morte a tiros do Presidente John F. Kennedy, em 22 novembro de 1963, em Dallas, Texas, tornou impossível a rejeição da nova Lei dos Direitos Civis. Foi seu sucessor, o Presidente Lyndon B. Johnson, um sulista, quem a sancionou em 2 de julho de 1964, sete meses após da tragédia de Dallas. 
Nos seus principais artigos ela determinou que fossem removidos quaisquer impedimentos erguidos contra minorias em seus direitos de votar. Baniu a segregação nos lugares públicos e dessegregou as escolas públicas, os sindicatos e os locais de emprego, bem como impedindo qualquer discriminação no acesso aos recursos dos fundos da assistência federal. 
Abriu-se o caminho para um grande projeto de integração racial. O próprio Presidente Johnson lançou as bases da chamada Grande Sociedade (The Great Society), que pretendia abolir com a pobreza no país. Parte do plano foi levado em frente, ainda que prejudicado pelo enorme desgaste do envolvimento do seu governo na Guerra do Vietnã. As verbas para a educação e assistência aumentaram e, mais tarde, tiveram seguimento com a ação afirmativa (affirmative-action) que procurou atender os desejos de educação superior e emprego por parte dos jovens negros. 
Martin Luther King Jr. sabia que era um homem marcado para morrer. Os racistas jamais iriam perdoá-lo. Mas ainda teve cinco anos pela frente onde saboreou vitórias parciais do “Nonviolence”. Foi assassinado, por um atirador solitário, em 4 de abril de 1968 em Memphys, no estado racista do Mississippi. 
Sua morte contribuiu para que a sociedade americana tomasse em suas mãos a decisão de enfrentar com mais rigor e medidas práticas a tragédia do racismo. Manter os negros segregados revelou-se não só uma desumanidade, mas um fator permanente de insegurança - a seqüência dos motins raciais na década dos anos 60 foi devastadora - e de desgaste da imagem do país - símbolo da democracia - perante o mundo. Provocada a América reagiu. 
Hoje ostenta uma podeRosa classe média negra auto-confiante que não mais aceita que se divulgue pela mídia em geral e pelo cinema, imagens pejorativas dos negros. Se graves problemas de marginalidade e violência ainda cercam boa parte da população afro-americana, é visível a emergência de bolsões de prosperidade. Ainda que o racismo sobreviva é fator significativo que a maioria da opinião publica norte-americana o encare como uma perversão cultural a ser superada. O muro da segregação, tal como o muro ideológico que até a pouco separava Ocidente do Oriente, começou, pedra por pedra, a ser desmontado. 

7. Movimento dos Direitos Civis dos negros nos Estados Unidos 

O movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos foi a campanha por direitos civis e igualdade para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos. Os negros foram escravizados nos EUA de 1619, trazidos da África por colonos ingleses, até 1863, com o fim da Guerra Civil, a Proclamação de Emancipação e o início da Reconstrução Americana. A escravidão foi a base da economia dos estados do Sul, e marcou profundamente as relações sociais nessa região. 
Todavia, a situação legal dos negros permaneceu por longo tempo inferior à dos demais cidadãos, com as leis Jim Crow, a segregação racial, a doutrina "separados, mas iguais" e a atuação da Ku Klux Klan. Embora a Constituição americana garantisse direitos fundamentais a todos os cidadãos desde 1787, os negros tinham prerrogativas legais negadas por legislações estaduais, com base no princípio dos direitos dos estados. 
A doutrina da incorporação, a partir de 1873, levou à gradual extensão dos direitos constitucionais fundamentais para todos os cidadãos. Na virada do século, ativistas como W. E. B. Du Bois criaram a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, em defesa da igualdade racial e do progresso da comunidade negra. A decisão do caso Brown v. Board of Education na Suprema Corte americana, em 1954, foi o fundamento legal para o fim da segregação racial. Rosa Parks liderou, no ano seguinte, o boicote aos ônibus de Montgomery. 
Na década de 1960, Malcolm X, com um discurso mais virulento, e Martin Luther King Jr., um pacifista, proclamaram o fim da discriminação institucional. A marcha sobre Washington e a concessão do Prêmio Nobel da Paz a King em 1964 trouxeram atenção mundial para a causa afro-americana. A Lei de Direitos Civis de 1964 e a Lei dos Direitos ao Voto de 1965, ambas promovidas pelo presidente Lyndon B. Johnson, do Partido Democrata, codificaram as conquistas dos negros. Elas asseguraram o fim da segregação racial em espaços públicos, ainda que sejam propriedade privada, e o voto universal, independentemente de nível educacional ou condição social. 

a) Causas 

a.1. Discriminação Racial 

A discriminação étnica e o racismo são características marcantes da sociedade estado-unidense desde os tempos coloniais. As principais questões que se discutem sobre a era colonial são as diferenças políticas e econômicas entre as colônias do Norte e as do Sul, enquanto as primeiras se basearam no sistema de colonização de povoamento ou de ocupação, as últimas foram comandadas sob o de colonização de exploração. O sistema de colonização exploratório das colônias sulinas, com economia centrada no plantation, difundiu-se através de um clima favorável ao seu desenvolvimento: verões extremamente quentes com chuvas regulares. Esse tipo de agricultura propiciou o surgimento de uma oligarquia forte, com estreitos laços comerciais e políticos com o exterior, impulsionando a hierarquização da sociedade e, por isso, o tráfico de escravos passou a ser um dos principais métodos de obtenção de mão-de-obra nas colônias sulinas a partir do início do século XVIII. Durante esse mesmo século, a população norte-americana sofreu um forte aumento populacional advindo do tráfico negreiro para o cultivo de algodão, milho e tabaco. O modelo de economia agrário do sul fez com que este se tornasse uma sociedade essencialmente arraigada ao campo, trazendo consequências diretas para o seu desenvolvimento econômico e social. A industrialização aconteceu de forma tardia na região (em comparação com o Norte), devido à não acumulação de capital imobiliário, pois a classe detentora do poder não "arriscou" a troca de seus escravos para as áreas industriais, temendo um ganho extremamente inferior ao da agricultura de exportação, bem como adiou a própria abolição da escravatura. 
As diferenças entre o norte e o sul dos Estados Unidos marcaram a Guerra Civil Americana. A guerra surgiu quando os estados sulistas se uniram e declararam sua separação do resto do país, criando os Estados Confederados da América. Do outro lado, estava a União, representada pelos estados que eram contrários ao sistema escravista. A União venceu a guerra, deixando milhares de mortos do lado perdedor e fazendo a economia deste estagnar. Famílias de aristocratas perderam suas fortunas, muitas cidades entraram em declínio e a pobreza aumentou. Este cenário fez com que o período da escravidão fosse lembrado de forma positiva por grande parte da população local, resultando no surgimento de organizações de supremacia branca. A mais famosa dessas organizações, a Ku Klux Klan, foi responsável por realizar atos de ódio contra os negros, centenas de pessoas foram perseguidas, linchadas, espancadas e mortas pelo grupo. Além da atuação de grupos de supremacistas, também se destacaram atos de linchamento promovidos pela população contra pessoas afro-americanas, muitos não chegaram a ser julgados nos sistemas de justiças dos municípios onde ocorriam e foram anunciados em jornais. 

a.2. Leis Jim Crow 

As Leis Jim Crow foram um conjunto de leis estaduais promulgadas nos estados do Sul que institucionalizavam a segregação racial em seus territórios. Após a Guerra de Secessão, o então presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln assinou a Proclamação de Emancipação, lei que aboliu a escravidão no país. Porém, essa lei não realizou mudanças significativas na situação social dos negros da região sul, fazendo com que muitos deles vivessem em situação de pobreza e voltassem a trabalhar para seus antigos senhores. Segundo Alexis de Tocqueville, os negros antes da abolição eram tratados com uma certa benignidade e até compaixão, ele também chegou a dizer que “o preconceito que repele os negros parece crescer à proporção que os negros deixam de ser escravos, e a desigualdade grava-se nos costumes à medida que se apagam das leis”. 
A expressão "Jim Crow" era utilizada de forma pejorativa para se referir a qualquer negro nos Estados Unidos de então. Entre as questões em que essas leis impunham restrições à população afro-americana se destacaram: o direito de votar, que era restrito, e o casamento inter-racial, que chegou a ser proibido. Além disso, as leis determinavam a criação de instalações separadas para brancos e negros em estabelecimentos comerciais e até nas escolas e transporte públicos. As leis Jim Crow perderam validade legal após as Lei de Direitos Civis de 1964. 

a.3. Doutrina "Separados, mas iguais" e caso Plessy v. Ferguson 

Uma vitrine de um restaurante em Lancaster, Ohio 
que diz "Nós atendemos apenas brancos". 

"Separados, mas iguais" foi uma doutrina jurídica da lei constitucional que justificava e permitia a segregação racial nos Estados Unidos como não sendo uma violação da décima-quarta emenda da constituição, que garantia proteção e direitos civis iguais a todos os cidadãos. Sob esta doutrina, o governo podia permitir que setores públicos ou privados como os de serviços, moradia, educação e transporte pudessem ser separados baseados em raça, desde que a qualidade de cada um destes serviços fosse igual. Essa doutrina foi utilizada como argumento jurídico pela constitucionalidade das Leis Jim Crown. Esta doutrina foi confirmada na decisão Plessy v. Ferguson de 1896 pela Suprema Corte dos Estados Unidos, que legalizou a segregação racial no nível estadual. 

https://mwmblog.com/2020/02/13/revisiting-the-separate-but-equal-doctorine/ 

A corte decidiu, por 7 votos a 1 (com a abstenção de David Josiah Brewer), declarar que a segregação nos estados do Sul não violava a constituição. O juiz Henry Billings Brown, ao falar pela maioria que aprovou a decisão, afirmou que a segregação não implicava em inferioridade, aos olhos da lei, dos afro-americanos e que a separação por raça em locais e serviços públicos era uma mera questão política. 


A voz dissidente dentro da Corte, o juiz John Marshall Harlan, disse que a lei dos Estados Unidos não afirmava que o país tinha um sistema de castas, que a constituição não via a cor da pele de seus cidadãos e que todos eram iguais perante a lei. A doutrina “separados, mas iguais” perdeu seu valor jurídico com a decisão da Suprema Corte no caso Brown v. Board of Education em 1954. 

b) Principais lideranças 

b.1. Martin Luther King Jr. 

Martin Luther King Jr. é considerado um dos mais importantes líderes de movimentos que conclamavam pela ampliação dos direitos civis aos negros estadunidenses nas décadas de 1950 e 1960. King era um pastor protestante pacifista e adepto das ideias de desobediência civil preconizadas por Mahatma Gandhi. De acordo com Gilberto Carvalho de Oliveira, professor de relações internacionais da UFRJ, "King considera que a resistência não violenta e a desobediência civil não devem ser usadas como uma via para humilhar ou derrotar o oponente, mas sim como uma forma de ganhar a sua amizade e a sua compreensão". 


Durante a Marcha sobre Washington, Martin Luther King realizou o seu discurso mais famoso, conhecido como "Eu Tenho um Sonho" em que defendeu uma sociedade onde todos seriam iguais sem distinção de raça e que negros e brancos poderiam conviver em harmonia. 
Participou ativamente de diversos protestos e manifestações, entre eles se encontram: o Boicote aos ônibus de Montgomery (1955-1956), Marchas de Selma a Montgomery (1965) e a Campanha das Pessoas Pobres (1968). Ademais, King é visto como um forte opositor da Guerra do Vietnã. Em 1957, fundou e presidiu a Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC). Em 1964 recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Martin Luther King Jr. foi assassinado, em Memphis, no dia 4 de abril de 1968; James Earl Ray foi condenado pelo crime um ano depois. 

b.2. Bayard Rustin 

Bayard Rustin foi um dos líderes do movimento dos direitos civis. Ele atuou como um mentor para Martin Luther King, Jr. na questão da resistência civil não violenta e foi um dos organizadores da Marcha sobre Washington. Rustin era abertamente gay e, na parte final da sua carreira, defendeu causas homossexuais. 

Bayard Rustin 

Pouco antes da sua morte, em 1987, Rustin disse: "O barômetro da nossa posição sobre a questão dos direitos humanos já não reside na comunidade negra, mas na comunidade gay. Porque é esta comunidade que é mais facilmente maltratada." 

b.3. Malcolm X 

Malcolm X foi uma importante liderança do movimento dos direitos civis; porém, diferente de líderes como Martin Luther King Jr., ele queria a separação total entre negros e brancos, com a independência econômica e a criação de um Estado autônomo para os afro-americanos. Depois de ser preso por roubo em 1946, Malcolm Little passou a ter contato com os ensinamentos de Elijah Muhammad, líder do grupo Nação do Islã, convertendo-se a essa religião e trocou o nome "Little" por "X", dizendo que "o X significa a rejeição do nome de escravo (Little) e ausência de um nome africano para ocupar o seu lugar". 

Malcolm X 

Diferente de Martin Luther King, Malcolm X defendia que a violência deveria ser utilizada pelos negros como um método de autodefesa e considerava o método da não violência ineficiente, ele também chegou a acusar King de se submeter aos brancos, tentar subjugar os negros e fazer com que eles não se defendessem. Em seu discurso mais famoso, ele criticou a Marcha sobre Washington, dizendo que esta foi um movimento manipulado pelo governo dos Estados Unidos com a ajuda das lideranças que ele chamava pejorativamente de The Big Six. Nesse mesmo discurso, que ficou conhecido como Mensagem a Grass Roots, ele procurou descrever a diferença entre a "revolução preta" e a "revolução do Negro", sendo que a primeira era violenta e a última não-violenta e, por isso, considerada por ele como uma farsa. Em 1964, Malcolm X foi banido da Nação do Islã devido a divergências políticas entre ele e Elijah Muhammad. Poucos meses após fundar o seu próprio grupo, a Organização da Unidade Afro-Americana, Malcom X foi assassinado por três membros da Nação do Islã em 21 de fevereiro de 1965. 

b.4. W. E. B. Du Bois 

William Edward Burghardt Du Bois foi um ativista pioneiro no movimento dos direitos civis e um dos fundadores da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) em 1909. Foi um defensor do Pan-africanismo e, durante a Guerra Fria, passou a considerar o capitalismo como o responsável pela subjugação dos negros, simpatizando com o socialismo e o comunismo. Antes da NAACP, William foi secretário da Conferência Pan-Africana de 1900 e líder do grupo Niagara Movement. 

W.E.B. Du Bois in Philadelphia, 1896, Photo courtesy of the Herndon Foundation 

Foi um opositor de Booker T. Washington e do Compromisso de Atlanta. Além dos negros, defendeu as mulheres, os judeus e os trabalhadores, tornando-se um dos fundadores do movimento pelos direitos civis. Du Bois morreu aos 95 anos, em 1963, em Acra onde passou os últimos de anos de vida. 

b.5. Rosa Parks 

Rosa Parks era uma costureira do estado do Alabama que trabalhava para a seção da NAACP na cidade de Montgomery. No dia 1 de dezembro de 1955, ela estava andando de ônibus, sentada numa fileira reservada às pessoas negras. 

Rosa Parks 

Quando um homem branco entrou, o motorista do veículo disse a todos na fileira na qual ela estava que se movesse para trás para criar uma nova para os brancos. Ao mesmo tempo em que todos os outros negros na fila cumpriram o determinado, Rosa recusou-se e foi presa por desobedecer à ordem do motorista. Parks foi condenada a pagar uma multa de dez dólares, com mais quatro dólares de custos judiciais. Esse acontecimento o que gerou o boicote aos ônibus de Montgomery. Como consequência, Rosa Parks é considerada uma pioneira, e as vezes até como a mãe do Movimento dos Direitos Civis. Morreu de causas naturais em 24 de outubro de 2005. 

b.6. Amelia Boynton Robinson 

Amelia Boynton Robinson foi uma das lideranças do movimento dos direitos civis no Alabama e figura chave nas Marchas de Selma a Montgomery em 1965. Atuou como agente do Departamento de Agricultura (USDA) em Selma foi nesse trabalho em que ela conheceu o seu futuro marido, Samuel William Boynton. A maioria dos afro-americanos foi efetivamente excluída da política por décadas e, por isso, passava por dificuldades para fazer o registro para poder votar. 


Em 1963, Samuel Boynton morreu. Em 1964 Boynton concorreu para o Congresso pelo Alabama, esperando encorajar o registro dos negros para a eleição. Ela foi a primeira mulher afro-americana a disputar um cargo eletivo no Alabama e a primeira mulher de qualquer raça a disputar pelo Partido Democrata naquele estado, tendo recebido 10% dos votos. As Marchas de Selma a Montgomery, movimento em conseguiu destaque nacional devido a forma violenta como foi reprimido pela polícia local, resultaram na aprovação da Lei dos Direitos ao Voto em 1965, Amelia foi convidada de honra na Casa Branca no dia da assinatura do documento. Morreu aos 104 anos em 26 de agosto de 2015. 




Até o próximo encontro!



domingo, 13 de dezembro de 2020

ROCK - Suas Histórias & Suas Magias - Capítulo 11 Parte 2

Os Movimentos Sociais da Década de 60


3. A Contracultura dos Anos 60 

A contracultura da década de 1960 foi um fenômeno cultural anti-stablishment que se desenvolveu em grande parte do mundo ocidental entre meados dos anos 1960 e meados dos anos 1970. O movimento agregado ganhou ímpeto à medida que o Movimento dos Direitos Civis dos EUA continuava a crescer e, com a expansão da ampla intervenção militar do governo americano no Vietnã, mais tarde se tornaria revolucionário para alguns. 

O símbolo Hippie 

Conforme a década de 1960 progrediu, tensões sociais generalizadas também se desenvolveram em relação a outras questões, e tendiam a fluir ao longo das linhas geracionais em relação a sexualidade humana, direitos das mulheres, modos tradicionais de autoridade, experimentação com drogas psicoativas e diferentes interpretações do “sonho americano”. Muitos movimentos-chave relacionados a essas questões nasceram ou avançaram na contracultura dos anos 1960. 
Com o desenrolar da era, o que emergiu foram novas formas culturais e uma subcultura dinâmica que celebrou a experimentação, as encarnações modernas do boêmio e a ascensão do hippie e outros estilos de vida alternativos. Essa adoção da criatividade é particularmente notável nas obras de bandas da invasão britânica, como os Beatles, bem como de cineastas de Nova Hollywood, cujos trabalhos se tornaram muito menos restritos pela censura. Dentro e entre muitas disciplinas, muitos outros artistas, autores e pensadores criativos ajudaram a definir o movimento da contracultura. A Moda do dia a dia experimentou um declínio do terno e especialmente do uso de chapéus; os novos estilos foram baseados em jeans, tanto para homens quanto para mulheres, isso se tornou importante movimento da moda que continua até os dias atuais, e provavelmente no futuro. 
Vários fatores distinguiram a contracultura da década de 1960 dos movimentos antiautoritários de eras anteriores. O baby boom pós-Segunda Guerra Mundial gerou um número sem precedentes de jovens potencialmente insatisfeitos como possíveis participantes em um repensar da direção dos Estados Unidos e de outras sociedades democráticas. A afluência do pós-guerra permitiu que grande parte da geração da contracultura fosse além do fornecimento das necessidades materiais da vida que preocupavam seus pais na era da Depressão. A era também foi notável porque uma parte significativa da gama de comportamentos e "causas" dentro do movimento mais amplo foi rapidamente assimilada na sociedade dominante, particularmente nos Estados Unidos, embora os participantes da contracultura fossem claramente minoria dentro de suas respectivas populações nacionais. 

Os Hippies e os jeans 

Em geral, a era da contracultura começou para valer com o assassinato de John F. Kennedy em novembro de 1963; foi absorvido pela cultura popular com o término do envolvimento militar de combate dos Estados Unidos no Sudeste Asiático; e finalmente concluído com o fim do projeto em 1973 e a renúncia do presidente Richard Nixon em agosto de 1974. 


1. Pano de fundo do movimento 

a) Geopolítica do pós-guerra 

A Guerra Fria entre estados comunistas e capitalistas envolveu espionagem e preparação para a guerra entre nações poderosas, junto com a interferência política e militar de estados poderosos nos assuntos internos de nações menos poderosas. Os resultados ruins de algumas dessas atividades prepararam o terreno para a desilusão e a desconfiança dos governos do pós-guerra. Os exemplos incluem respostas duras da União Soviética (URSS) a levantes populares anticomunistas, como a Revolução Húngara de 1956 e a Primavera de Praga na Tchecoslováquia em 1968; e a fracassada Invasão da Baía dos Porcos dos Estados Unidos em Cuba em 1961. 

A Primavera de Praga 

Nos EUA, a decepção inicial do presidente Dwight D. Eisenhower sobre a natureza do incidente U-2 de 1960 resultou no governo sendo pego em uma mentira flagrante nos níveis mais altos, e contribuiu para um cenário de crescente desconfiança em autoridade entre muitos que cresceram durante o período. O Tratado de Proibição de Testes Parciais dividiu o stableshment dentro dos EUA ao longo de linhas políticas e militares. Discordâncias políticas internas sobre as obrigações do tratado no Sudeste Asiático (Seato), especialmente no Vietnã, e o debate sobre como outras insurgências comunistas deveriam ser desafiadas, também criou uma fenda de dissidência dentro do stableshment. No Reino Unido, o caso Profumo também envolveu líderes do establishment sendo pegos em engano, levando à desilusão e servindo como um catalisador para o ativismo liberal. 

Francis Gary Power e o Avião U2 

A crise dos mísseis cubanos, que levou o mundo à beira de uma guerra nuclear em outubro de 1962, foi amplamente fomentada por discursos e ações dúbios por parte da União Soviética. O assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy em novembro de 1963 e as teorias associadas ao evento levaram a uma diminuição ainda maior da confiança no governo, inclusive entre os jovens. 

b) Questões sociais e apelos à ação 

Muitas questões sociais alimentaram o crescimento do movimento mais amplo de contracultura. Um deles foi um movimento não violento nos Estados Unidos que buscava resolver as ilegalidades dos direitos civis constitucionais, especialmente em relação à segregação racial geral, privação de direitos de negros no Sul por governos estaduais dominados por brancos e discriminação racial contínua em empregos, habitação e acesso ao público lugares no Norte e no Sul. 
Nos campi de faculdades e universidades, os ativistas estudantis lutaram pelo direito de exercer seus direitos constitucionais básicos, especialmente a liberdade de expressão e de reunião. Muitos ativistas contracultura tomou conhecimento da situação dos pobres, e os organizadores da comunidade lutou para o financiamento de programas de combate à pobreza, particularmente no Sul e dentro da cidade interna áreas nos Estados Unidos. 

Protestos dos estudantes anos 60 

O ambientalismo cresceu a partir de uma compreensão maior dos danos contínuos causados ​​pela industrialização, poluição resultante e o uso equivocado de produtos químicos como pesticidas em esforços bem-intencionados para melhorar a qualidade de vida da população em rápido crescimento. Autores como Rachel Carson desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento de uma nova consciência entre a população global da fragilidade de nosso planeta, apesar da resistência de elementos do estabelecimento em muitos países. 
A necessidade de abordar os direitos das minorias, das mulheres, gays, deficientes e muitos outros constituintes negligenciados dentro da população em geral veio à tona à medida que um número crescente de pessoas principalmente mais jovens se libertou das restrições da ortodoxia dos anos 1950 e lutou para criar uma paisagem social inclusiva e tolerante. 
A disponibilidade de formas novas e mais eficazes de controle de natalidade foi um dos pilares da revolução sexual. A noção de "sexo recreativo" sem a ameaça de gravidez indesejada mudou radicalmente a dinâmica social e permitiu tanto às mulheres quanto aos homens uma liberdade muito maior na seleção de estilos de vida sexuais fora dos limites do casamento tradicional. Com essa mudança de atitude, na década de 1990 a proporção de crianças nascidas fora do casamento aumentou de 5% para 25% para brancos e de 25% para 66% para afro-americanos. 

c) Mídia emergente 

c.1. Televisão 

Para aqueles nascidos após a Segunda Guerra Mundial, o surgimento da televisão como uma fonte de entretenimento e informação - bem como a expansão maciça associada do consumismo proporcionado pela afluência do pós-guerra e encorajado pela propaganda na TV - foram componentes-chave na criação de desilusão para alguns jovens e na formulação de novos comportamentos sociais, mesmo quando as agências de publicidade cortejavam fortemente o mercado jovem "descolado". Nos EUA, a cobertura de notícias de TV quase em tempo real da Campanha de Birmingham de 1963 da era do movimento pelos direitos civis, o evento "Domingo Sangrento" de 1965, a Marchas de Selma a Montgomery e as imagens de notícias do Vietnã trouxeram imagens horríveis e comoventes da sangrenta realidade do conflito armado para as salas de estar pela primeira vez. 

c.2. Novo cinema 

A quebra de execução, nos Estados Unidos, do Código Hays (*) sobre a censura na produção cinematográfica, o uso de novas formas de expressão artística no Europeu e cinema asiático, e o advento de valores de produção modernas anunciou uma nova era da arte-caseira, dos filmes pornográfico e produção, distribuição e exibição de filmes convencionais. 

(*) Código Hays 
O Código Hays (oficialmente Motion Picture Production Code ou Código de Produção de Cinema) foi um conjunto de normas morais aplicadas aos filmes lançados nos Estados Unidos entre 1930 e 1968 pelos grandes estúdios cinematográficos. Seu nome deriva de Will H. Hays, advogado e político presbiteriano e presidente da Associação de Produtores e Distribuidores de Filmes da América (Motion Picture Producers and Distributors of America - MPPDA) de 1922 a 1945. Sob a liderança de Hays, a MPPDA (mais tarde conhecida como MPAA), adotou um código de autocensura em 1930, que foi aplicado de maneira mais rígida a partir de 1934. Este código explicitava qual conteúdo era aceitável ou não-aceitável para os filmes produzidos nos Estados Unidos. 
Entre 1934 e 1954, o código Hays esteve intimamente identificado com Joseph Breen, administrador indicado por Hays para implementar o código enquanto diretor da Production Code Administration (PCA). A indústria cinematográfica seguiu o código à risca até 1956, quando - devido ao impacto da televisão, à influência de filmes estrangeiros e à intervenção da Suprema Corte - o código sofreu ligeiras mudanças. Como resultado da contracultura dos anos 1960, vários cineastas começaram a violar o código de maneira deliberada. Em 1964, Sidney Lumet incluiu cenas de mulheres nuas em The Pawnbroker. Foi um dos primeiros filmes estadunidenses a trazer cenas de nudez e embora a MPAA tivesse garantido que se tratava de uma exceção, pouco tempo depois outros diretores começaram a enfrentar o código Hays, que foi substituído em 1968 pelo sistema de classificação indicativa da MPAA ainda hoje em vigor. 
Os filmes que se adequavam ao código recebiam um selo de aprovação da MPAA, ao passo que os reprovados eram proibidos de serem distribuídos pela entidade, o que reduzia bastante seu alcance junto ao público e suas chances de êxito comercial. Além disso, os estúdios infratores recebiam uma multa de 25 mil dólares. Ainda hoje a MPAA concede um selo aos filmes que são distribuídos pelos estúdios que fazem parte da associação; no entanto, este selo contém atualmente a classificação indicativa da obra em questão, que pode ser G (conteúdo livre para todas as idades), PG (algum conteúdo inadequado para crianças), PG-13 (algum conteúdo inadequado para menores de 13 anos), R (menores de 17 anos precisam de acompanhamento) e NC-17 (conteúdo adulto — proibido para pessoas com 17 anos de idade ou menos). 


The Pawnbroker - Original Trailer 1964 



The Pawnbroker - Subway 



The Pawnbroker - L'uomo del banco dei pegni 



O fim da censura resultou em uma reforma completa da indústria do cinema ocidental. Com a recém-descoberta liberdade artística, uma geração de cineastas excepcionalmente talentosos da New Wave trabalhando em todos os gêneros trouxe representações realistas de assuntos anteriormente proibidos para as telas dos cinemas da vizinhança pela primeira vez, até mesmo como Hollywoodos estúdios de cinema ainda eram considerados parte do estabelecimento por alguns elementos da contracultura. 60s bem-sucedidos novos filmes da New Hollywood estavam Bonnie e Clyde, The Graduate, The Wild Bunch, e Peter Fonda 's Easy Rider. 


Bonnie And Clyde - Official Trailer 1967 



The Graduate – Trailer 1967 



The Wild Bunch - Trailer 1969 



Easy Rider - Original Traile 1969 



c.3. Novo Rádio 

No final da década de 1960, o rádio FM antes subestimado substituiu o rádio AM como o ponto focal para a explosão contínua da música rock and roll e se tornou o nexo de notícias e publicidade voltadas para os jovens para a geração da contracultura. 

d) Mudando os estilos de vida 

Comunas, coletividades e comunidades intencionais recuperaram popularidade durante esta era. As primeiras comunidades, como Hog Farm, Quarry Hill e Drop City nos EUA foram estabelecidas como tentativas agrárias diretas de retornar à terra e viver livre de interferências de influências externas. 


Cartazes sobre a Hog Farm 

À medida que a era avançava, muitas pessoas estabeleceram e povoaram novas comunidades em resposta não apenas à desilusão com os formulários comunitários padrão, mas também à insatisfação com certos elementos da própria contracultura. Algumas dessas comunidades autossustentáveis ​​foram creditadas com o nascimento e propagação da comunidade internacional “Movimento Verde”. 

Os movimentos pelo Meio Ambiente 

O surgimento de um interesse pela expansão da consciência espiritual, ioga, práticas ocultas e aumento do potencial humano ajudou a mudar as visões sobre a religião organizada durante a época. Em 1957, 69% dos residentes dos EUA entrevistados pela Gallup disseram que a influência da religião estava aumentando. No final dos anos 1960, as pesquisas indicavam que menos de 20% ainda mantinham essa crença. 
A " lacuna de gerações ", ou a inevitável divisão percebida na visão de mundo entre velhos e jovens, talvez nunca tenha sido maior do que durante a era da contracultura. Uma grande parte do abismo geracional dos anos 1960 e início dos anos 1970 nasceu da rápida evolução da moda e das tendências de penteados que foram prontamente adotadas pelos jovens, mas muitas vezes incompreendidas e ridicularizadas pelos velhos. Isso incluía o uso de cabelos muito longos pelos homens, o uso de penteados naturais ou " afro " pelos negros, o uso de roupas reveladoras por mulheres em público e a disseminação de roupas psicodélicas e trajes curtos disseminando e praticando a cultura hippie. Em última análise, roupas casuais práticas e confortáveis, ou seja, formas atualizadas de Camisetas (muitas vezes tingidas ou estampadas com declarações políticas ou publicitárias) e jeans Levi Strauss se tornaram o uniforme duradouro da geração, à medida que o uso diário de ternos junto com os códigos de vestimenta tradicionais ocidentais diminui significativamente. O domínio da moda da contracultura efetivamente terminou com a ascensão das eras Disco e Punk Rock no final dos anos 1970, mesmo com a popularidade global de camisetas, jeans e roupas casuais em geral continuou a crescer. 

As carcaterísticas camisetas Tie Dye da década de 60 

No mundo ocidental, o atual status criminal legal da indústria de drogas recreativas foi fundamental para a formação de uma dinâmica social antiestablishment por alguns dos que atingiram a maioridade durante a era da contracultura. A explosão do uso de maconha durante a era, em grande parte por estudantes em campi universitários em rápida expansão, [53] criou uma necessidade crescente de um número cada vez maior de pessoas conduzindo seus assuntos pessoais em segredo na aquisição e uso de substâncias proibidas. A classificação da maconha como narcótico, e a aplicação de penalidades criminais severas para seu uso, levaram o ato de fumar maconha e a experimentação de substâncias em geral no subsolo. Muitos começaram a viver uma vida em grande parte clandestina por causa de sua escolha de usar tais drogas e substâncias, temendo retaliação de seus governos. 

e. Aplicação da lei 

Os confrontos entre estudantes universitários (e outros ativistas) e policiais se tornaram uma das marcas da época. Muitos jovens começaram a mostrar profunda desconfiança na polícia, e termos como " fuzz " e "porco" como epítetos depreciativos para a polícia reapareceram e se tornaram palavras-chave no léxico da contracultura. A desconfiança da polícia baseava-se não apenas no medo da brutalidade policial durante os protestos políticos, mas também na corrupção policial generalizada - especialmente na fabricação policial de provas falsas e na armadilha direta, em casos de drogas. Nos Estados Unidos, a tensão social entre elementos da contracultura e a aplicação da lei atingiu o ponto de ruptura em muitos casos notáveis, incluindo: os protestos da Universidade de Columbia em 1968 na cidade de Nova York, os protestos da Convenção Nacional Democrata de 1968 em Chicago, a prisão de John Sinclair em Ann Arbor, Michigan, e os tiroteios na Kent State University em Kent, Ohio, onde a Guarda Nacional atuou como substituto da polícia. A má-fé policial também era um problema constante no Reino Unido durante a época. 

Os distúrbios na Columbia University nos anos 60 

John Sinclair 

Tiroteio na Kent University 


f. A Guerra do Vietnã 

A Guerra do Vietnã e a prolongada divisão nacional entre apoiadores e oponentes da guerra foram, sem dúvida, os fatores mais importantes que contribuíram para o surgimento do movimento de contracultura mais amplo. 
A afirmação amplamente aceita de que a opinião anti-guerra era mantida apenas entre os jovens é um mito, mas enormes protestos de guerra consistindo de milhares de pessoas, em sua maioria jovens, em todas as grandes cidades dos Estados Unidos e em outros lugares do mundo ocidental, efetivamente uniu milhões contra a guerra e contra a política de guerra que prevaleceu em cinco congressos dos EUA e durante duas administrações presidenciais. 


2. Regiões 

a) Europa Ocidental 

O movimento de contracultura tomou conta da Europa Ocidental, com Londres, Amsterdã, Paris, Roma e Milão, Copenhague e Berlim Ocidental rivalizando com São Francisco e Nova York como centros de contracultura. 

A contracultura afetou também Londres 



O UK Underground foi um movimento ligado à crescente subcultura nos Estados Unidos e associado ao fenômeno hippie, gerando suas próprias revistas e jornais, grupos de moda, música e clubes. Figura underground Barry Milesdisse: "O underground era um apelido abrangente para uma comunidade de indivíduos com mentalidade semelhante contra o sistema, a guerra e o rock'n'roll, a maioria dos quais tinha um interesse comum em drogas recreativas. Eles viram a paz, explorar uma área alargada de consciência, amor e experimentação sexual como mais digna de sua atenção do que entrar na corrida dos ratos. O estilo de vida heterossexual e consumista não era do seu agrado, mas eles não se opunham a que outros o vivessem. Mas, naquela época, o meio as classes ainda achavam que tinham o direito de impor seus valores a todos os outros, o que resultou em conflito." 
Na Holanda, Provo era um movimento de contracultura que se concentrava na "ação direta provocativa ('pegadinhas' e 'acontecimentos') para despertar a sociedade da indiferença política e social ..." 
Na França, a Greve Geral centrada em Paris em maio de 1968 uniu estudantes franceses e quase derrubou o governo. 
Kommune 1 ou K1 era uma comuna na Alemanha Ocidental conhecida por seus eventos bizarros encenados que flutuavam entre a sátira e a provocação. Esses eventos serviram de inspiração para o movimento " Sponti " e outros grupos de esquerda. No final do verão de 1968, a comuna mudou-se para uma fábrica deserta na Stephanstraße para se reorientar. Esta segunda fase do Kommune 1 foi caracterizada por sexo, música e drogas. Logo, a comuna estava recebendo visitantes de todo o mundo, incluindo Jimi Hendrix. 

b) Na Europa oriental 

Mánička é um termo tcheco usado para designar jovens com cabelos longos, geralmente do sexo masculino, na Tchecoslováquia durante as décadas de 1960 e 1970. Cabelo comprido para os homens nessa época era considerado uma expressão de atitudes políticas e sociais na Tchecoslováquia Comunista. A partir de meados da década de 1960, as pessoas de cabelos compridos e "desarrumados" (os chamados máničky ou vlasatci (em inglês: Mops) foram proibidas de entrar em pubs, salas de cinema, teatros e usar o transporte público em várias cidades e vilas tchecas. Em 1964, os regulamentos de transporte público em Most e Litvínov excluíram os máničky de cabelos compridos como pessoas que evocam desprazer. Dois anos depois, o conselho municipal de Poděbrady proibiu os máničky de entrar nas instituições culturais da cidade. Em agosto de 1966, Rudé právo informou que máničky em Praga foram proibidos de visitar os restaurantes de categorias altas de preço. 
Em 1966, durante uma grande campanha coordenada pelo Partido Comunista da Tchecoslováquia, cerca de 4.000 jovens do sexo masculino foram forçados a cortar os cabelos, muitas vezes nas celas com a ajuda da polícia estadual. Em 19 de agosto de 1966, durante uma "intervenção de segurança" organizada pela polícia estadual, 140 pessoas de cabelos compridos foram presas pela polícia. Como resposta, a "comunidade dos cabeludos" organizou um protesto em Praga. Mais de 100 pessoas aplaudiram e gritaram slogans como "Devolva o nosso cabelo!", ou, “Fora com os cabeleireiros!". A polícia estadual prendeu os organizadores e vários participantes da reunião. Alguns deles foram condenados à prisão. Segundo o jornal Mladá Fronta Dnes, o Ministério do Interior da Tchecoslováquia em 1966 chegou a compilar um mapa detalhado da frequência de ocorrência de homens de cabelos compridos na Tchecoslováquia. Em agosto de 1969, durante o primeiro aniversário da ocupação soviética da Tchecoslováquia, os jovens de cabelos compridos foram uma das vozes mais ativas do estado protestando contra a ocupação. Jovens manifestantes foram rotulados como "vagabundos" e "preguiçosos" pela imprensa oficial normalizada. 

c) Na Austrália 

Capa da Revista Oz número 31 

A revista Oz foi publicada pela primeira vez como uma revista de humor satírico entre 1963 e 1969 em Sydney, Austrália, e, em sua segunda e mais conhecida encarnação, tornou-se uma revista "hippie psicodélica" de 1967 a 1973 em Londres. Fortemente identificado como parte da imprensa underground, foi o assunto de dois famosos julgamentos por obscenidade, um na Austrália em 1964 e outro no Reino Unido em 1971. 
The Digger foi publicado mensalmente entre 1972 e 1975 e serviu como uma saída nacional para muitos movimentos dentro da contracultura australiana com contribuintes notáveis ​​- incluindo as feministas da segunda onda Anne Summers e Helen Garner, observações do cartunista californiano Ron Cobb durante uma estada de um ano no país , A ativista aborígine Cheryl Buchanan, o cientista radical Alan Roberts sobre o aquecimento global - e a cobertura contínua de pioneiros culturais como o Australian Performing Group (também conhecido como Pram Factory) e cineastas australianos emergentes. The Digger foi produzido por um coletivo em evolução, muitos dos quais haviam produzido jornais de contracultura Revolution e High Times, e todas as três revistas foram co-fundadas pela editora Phillip Frazer, que lançou o lendário jornal de música pop Go-Set da Austrália em 1966, quando ele mesmo era um adolescente. 

d) América latina 

No México, a música rock estava ligada à revolta da juventude dos anos 1960. A Cidade do México, bem como cidades do Norte como Monterrey, Nuevo Laredo, Ciudad Juárez e Tijuana, foram expostas à música dos EUA. Muitos astros do rock mexicano se envolveram na contracultura. O Festival Rock y Ruedas de Avándaro, de três dias, realizado em 1971, foi organizado no vale do Avándaro próximo à cidade de Toluca, uma cidade vizinha à Cidade do México, e ficou conhecida como "The Mexican Woodstock". A nudez, o uso de drogas e a presença da bandeira dos Estados Unidos escandalizaram a sociedade mexicana conservadora a tal ponto que o governo reprimiu as apresentações de rock and roll pelo resto da década. O festival, comercializado como prova da modernização do México, nunca foi esperado para atrair as massas que atraiu, e o governo teve que evacuar os participantes retidos em massa no final. Isso ocorreu durante a era do presidente Luis Echeverría, uma era extremamente repressiva na história mexicana. Qualquer coisa que pudesse estar ligada à contracultura ou protestos estudantis foi proibida de ser transmitida em ondas públicas, com o governo temendo uma repetição dos protestos estudantisde 1968. Poucas bandas sobreviveram à proibição; embora os que o fizeram, como Three Souls in My Mind (agora El Tri), tenham permanecido populares devido em parte à adoção do espanhol em suas letras, mas principalmente como resultado de um dedicado seguimento underground. Embora grupos de rock mexicanos pudessem se apresentar publicamente em meados da década de 1980, a proibição de turnês no México por artistas estrangeiros durou até 1989. 
O Cordobazo foi um levante civil na cidade de Córdoba, Argentina, no final de maio de 1969, durante a ditadura militar do general Juan Carlos Onganía, ocorrida poucos dias após o Rosariazo, e um ano após o maio francês de 68. Ao contrário dos protestos anteriores, o Cordobazo não correspondia às lutas anteriores, encabeçadas por dirigentes operários marxistas, mas associava estudantes e trabalhadores na mesma luta contra o governo militar. 


3. Movimentos Sociais e Políticos 

a) Movimento dos direitos civis 

O Movimento pelos Direitos Civis, um elemento-chave do movimento de contracultura mais amplo, envolveu o uso da não - violência aplicada para garantir que direitos iguais garantidos pela Constituição dos Estados Unidos se aplicassem a todos os cidadãos. Muitos estados negaram ilegalmente muitos desses direitos aos afro-americanos, e isso foi abordado com sucesso no início e em meados da década de 1960 em vários movimentos não violentos importantes. 

b) Movimento Chicano 

O Movimento Chicano dos anos 1960, também chamado de “Movimento dos Direitos Civis Chicano”, foi um movimento pelos direitos civis que estendeu o movimento pelos direitos civis mexicano-americano dos anos 1960 com o objetivo declarado de alcançar o empoderamento mexicano-americano. 

c) Movimento Indígena Americano 

O Movimento Indígena Americano (ou AIM) é um movimento de base indígena que foi fundado em julho de 1968 em Minneapolis, Minnesota. O AIM foi formado inicialmente em áreas urbanas para tratar de questões sistêmicas de pobreza e brutalidade policial contra os nativos americanos. O AIM logo ampliou seu foco de questões urbanas para incluir muitas questões tribais indígenas que grupos indígenas americanos enfrentaram devido ao colonialismo de colonos das Américas, como direitos de tratado, altas taxas de desemprego, educação, continuidade cultural e preservação das culturas indígenas. 

d) Movimento asiático-americano 

O movimento asiático-americano foi um movimento sociopolítico no qual o amplo esforço popular dos asiático-americanos afetou a mudança racial, social e política nos Estados Unidos, atingindo seu pico no final dos anos 1960 até meados dos anos 1970. Durante este período, os asiático-americanos promoveram o ativismo antiguerra e anti-imperialista, opondo-se diretamente ao que era visto como uma guerra injusta do Vietnã. O American Asian Movement (AAM) difere do ativismo asiático-americano anterior devido à sua ênfase no pan-Asianismo e sua solidariedade com os Estados Unidos e movimentos internacionais do Terceiro Mundo. 
"Seu princípio básico de política de coalizão enfatiza a solidariedade entre asiáticos de todas as etnias, solidariedade multirracial entre os americanos de origem asiática, bem como com africanos, latinos e nativos americanos nos Estados Unidos, e solidariedade transnacional com os povos ao redor do globo afetados pelo militarismo americano." 

e) Movimento Nuyorican 

O Movimento Nuyorican é um movimento cultural e intelectual envolvendo poetas, escritores, músicos e artistas que são porto-riquenhos ou de ascendência porto-riquenha, que vivem na cidade de Nova York ou próximo a ela, e se autodenominam ou são conhecidos como Nuyoricans. Ela se originou no final dos anos 1960 e início dos anos 1970 em bairros como Loisaida, East Harlem, Williamsburg e South Bronx como um meio de validar a experiência porto-riquenha nos Estados Unidos, especialmente para pessoas pobres e da classe trabalhadora que sofreram da marginalização, ostracismo e discriminação. 

f) Dialogueros 

Jovens cubanos exilados nos Estados Unidos desenvolveriam interesses na identidade cubana e na política. Esta geração mais jovem experimentou os Estados Unidos durante o crescente movimento anti-guerra, movimento pelos direitos civis e movimento feminista dos anos 1960, fazendo com que fossem influenciados por radicais que encorajavam a introspecção política e a justiça social. Figuras como Fidel Castro e Che Guevara também foram muito elogiadas entre os estudantes radicais americanos da época. Esses fatores ajudaram a levar alguns jovens cubanos a defender diferentes graus de reaproximação com Cuba. Aqueles com maior probabilidade de se tornarem mais radicais eram os cubanos que estavam culturalmente mais isolados de estar fora do enclave cubano de Miami. 

g) Discurso livre 

Grande parte da contracultura da década de 1960 se originou nos Campus Universitários. O Movimento pela Liberdade de Expressão de 1964 na Universidade da Califórnia, Berkeley, que teve suas raízes no Movimento pelos Direitos Civis do sul dos Estados Unidos, foi um dos primeiros exemplos. Em Berkeley, um grupo de alunos começou a se identificar como tendo interesses em uma classe que estava em desacordo com os interesses e práticas da Universidade e de seus patrocinadores corporativos. Outros jovens rebeldes, que não eram estudantes, também contribuíram para o Movimento pela Liberdade de Expressão. 

h) New Left 

A Nova Esquerda é um termo usado em diferentes países para descrever movimentos de esquerda que ocorreram nas décadas de 1960 e 1970 no mundo ocidental. Eles diferiam dos movimentos de esquerda anteriores que eram mais orientados para o ativismo trabalhista e, em vez disso, adotaram o ativismo social. A "Nova Esquerda" americana está associada a protestos em massa nos campi universitários e a movimentos de esquerda radicais. A "Nova Esquerda" britânica foi um movimento impulsionado intelectualmente que tentou corrigir os erros percebidos dos partidos da "Velha Esquerda" no período pós-Segunda Guerra Mundial. Os movimentos começaram a desacelerar na década de 1970, quando ativistas ou se comprometeram com projetos partidários, justiça social desenvolvidaorganizações, mudou-se para políticas de identidade ou estilos de vida alternativos, ou tornou-se politicamente inativo. 
O surgimento da Nova Esquerda nas décadas de 1950 e 1960 levou a um renascimento do interesse pelo socialismo libertário. A crítica da Nova Esquerda ao autoritarismo da Velha Esquerda foi associada a um forte interesse na liberdade pessoal, autonomia e levou a uma redescoberta de antigas tradições socialistas, como o comunismo de esquerda, comunismo de conselho e os Trabalhadores Industriais do Mundo. A Nova Esquerda também levou a um renascimento do anarquismo. Revistas como Radical America e Black Mask in America, Solidarity, Big Flame e Democracy & Nature, sucedidas pelo The International Journal of Inclusive Democracy, no Reino Unido, apresentaram uma série de ideias libertárias de esquerda para uma nova geração. 
Uma onda de interesse popular pelo anarquismo ocorreu nas nações ocidentais durante os anos 1960 e 1970. O anarquismo foi influente na contracultura dos anos 1960 e os anarquistas participaram ativamente das revoltas de estudantes e trabalhadores no final dos anos 60. Durante o IX Congresso da Federação Anarquista Italiana em Carrara em 1965, um grupo decidiu se separar desta organização e criou o Gruppi di Iniziativa Anarchica. Nos anos 70, a maioria era constituída por "anarquistas individualista veteranos com um pacifismo orientação, naturisme, etc, ... ". Em 1968, em Carrara, Itália, a Internacional das Federações Anarquistas foi fundada durante uma conferência anarquista internacional realizada lá em 1968 pelas três federações europeias existentes da França, a Federação Anarquista Italiana e Ibérica bem como a federação búlgara no exílio francês. Durante os eventos de maio de 68, os grupos anarquistas ativos na França eram a Fédération Anarchiste, Mouvement Communiste Libertaire, Union Fédérale des Anarchistes, Alliance Ouvrière Anarchiste, Union des Groupes Anarchistes Communistes, Noir et Rouge, Confédération Nationale du Travail, Union Anarcho-Syndicaliste, Organization Sévolutionnaire Anarchiste, Cahiers Socialistes Libertaires, À Contré-Courant, La Ré -Courant, e as publicações de Émile Armand. 
A Nova Esquerda nos Estados Unidos também incluiu grupos radicais anarquistas, contraculturais e hippies, como os Yippies, liderados por Abbie Hoffman, The Diggers e Up Against the Wall. No final de 1966, os Diggers abriram lojas gratuitas que simplesmente distribuíam seu estoque, forneciam comida de graça, distribuíam drogas de graça, doavam dinheiro, organizavam concertos de música gratuitos e realizavam obras de arte política. Os Diggers tomaram seu nome dos Diggers ingleses originais liderados por Gerrard Winstanley e procurou criar uma mini-sociedade livre de dinheiro e capitalismo. Por outro lado, os Yippies empregaram gestos teatrais, como apresentar um porco ("Pigasus o Imortal") como candidato a presidente em 1968, para zombar do status quo social. Eles foram descritos como um movimento juvenil altamente teatral, antiautoritário e anarquista de "política simbólica". Já que eles eram bem conhecidos pelo teatro de rua e travessuras com temas políticos, muitos da "velha escola" da esquerda política os ignoraram ou denunciaram. De acordo com ABC News, "O grupo era conhecido por travessuras de teatro de rua e já foi chamado de 'marxistas groucho'." 

i) Anti-guerra 

Em Trafalgar Square, Londres em 1958, em um ato de desobediência civil, 60.000 a 100.000 manifestantes compostos de estudantes e pacifistas convergiram no que viria a ser as manifestações de " Banir a Bomba ". 
O ativismo estudantil se tornou um tema dominante entre os “Baby Boomers”, crescendo para incluir muitos outros grupos demográficos. Isenções e diferimentos para as classes média e alta resultaram na indução de um número desproporcional de registrantes pobres, da classe trabalhadora e de minorias. Livros contraculturais como MacBird de Barbara Garson e grande parte da música contracultural encorajaram um espírito de não-conformismo e anti-establishment. Em 1968, um ano após uma grande marcha rumo às Nações Unidas na cidade de Nova York e um grande protesto no Pentágonoforam realizadas, a maioria das pessoas no país se opôs à guerra. 

j) Antinuclear 

A aplicação da tecnologia nuclear, tanto como fonte de energia quanto como instrumento de guerra, tem sido controversa. 

Protestos Anti-Nuclear nos Estados Unidos 

Cientistas e diplomatas têm debatido a política de armas nucleares desde antes do bombardeio atômico de Hiroshima em 1945. O público ficou preocupado com os testes de armas nucleares por volta de 1954, após extensos testes nucleares no Pacífico. Em 1961 e 1962, no auge da Guerra Fria, cerca de 50.000 mulheres reunidas pela Women Strike for Peace marcharam em 60 cidades dos Estados Unidos para protestar contra as armas nucleares. Em 1963, muitos países ratificaram o Tratado de Proibição Parcial de Testesque proibiu testes nucleares atmosféricos. 
Alguma oposição local à energia nuclear surgiu no início dos anos 1960, e no final dos anos 1960 alguns membros da comunidade científica começaram a expressar suas preocupações. No início dos anos 1970, houve grandes protestos sobre uma proposta de usina nuclear em Wyhl, Alemanha. O projeto foi cancelado em 1975 e o sucesso antinuclear em Wyhl inspirou oposição à energia nuclear em outras partes da Europa e América do Norte. A energia nuclear tornou-se um assunto de grande protesto público na década de 1970. 

k) Feminismo 

O papel das mulheres como donas de casa em tempo integral na sociedade industrial foi desafiado em 1963, quando a feminista americana Betty Friedan publicou The Feminine Mystique, dando impulso ao movimento das mulheres e influenciando o que muitos chamavam de feminismo de segunda onda. Outros ativistas, como Gloria Steinem e Angela Davis, ou organizaram, influenciaram ou educaram muitas mulheres de uma geração mais jovem para endossar e expandir o pensamento feminista. O feminismo ganhou mais popularidade dentro dos movimentos de protesto do final dos anos 1960, como as mulheres em movimentos como Students for a Democratic Society rebelaram-se contra o papel de "apoio" a que foram atribuídos dentro da Nova Esquerda dominada por homens, bem como contra-manifestações e declarações de sexismo dentro de alguns grupos radicais. O panfleto Women and their Bodies, de 1970, logo se expandiu para o livro Our Bodies, Ourselves, de 1971, foi particularmente influente no surgimento da nova consciência feminista. 

l) Movimento escolar livre 

O movimento da escola livre, também conhecido como movimento das escolas novas ou escolas alternativas, foi um movimento de reforma educacional americano durante os anos 1960 e início dos anos 1970 que buscou mudar os objetivos da escolarização formal por meio de escolas comunitárias alternativas e independentes. 

l.1. Origens e influências 

À medida que o desencanto com as instituições sociais se espalhava com a contracultura dos anos 1960, escolas alternativas surgiram fora do sistema escolar público local. Financiados por mensalidades e bolsas filantrópicas, eles foram criados por pais, professores e alunos em oposição às práticas escolares contemporâneas nos Estados Unidos e organizados sem uma organização central, geralmente pequena e de base com currículos alternativos. Sua influência filosófica originou-se da contracultura, AS Neill e Summerhill, da educação progressiva centrada na criança da Era Progressiva, das Escolas Modernas eEscolas de liberdade. Vozes influentes dentro do movimento incluíram Paul Goodman, Edgar Z. Friedenberg, Herb Kohl, Jonathan Kozol e James Herndon, com títulos como Summerhill 1960 de AS Neill, The Lives of Children de George Dennison 1969 e 1972 de Jonathan Kozol Escolas gratuitas. A transferência de idéias do movimento foi rastreada por meio do New Schools Exchange e da American Summerhill Society. 
A definição e o escopo das escolas autoclassificadas como "escolas gratuitas" e seus movimentos associados nunca foram claramente delineados e, como tal, havia uma grande variação entre as escolas. O movimento não subscreveu uma única ideologia, mas suas "escolas gratuitas" tendiam a cair nos binários da retirada cultural utópica de preocupações externas ou construídas sobre o legado de escolas de liberdade com abordagem política direta de injustiças sociais. Essa dicotomia também foi vista no tipo de alunos que a escola atraiu, com os primeiros geralmente brancos, estudantes de classe média e os últimos geralmente pobres, negros e da periferia. Algumas escolas praticavam democracias participativas para autogoverno. O movimento das "escolas livres" também era conhecido como "novas escolas" ou "movimento das escolas alternativas". O autor Ron Miller definiu os princípios do movimento da escola livre como permitir que as famílias escolham seus filhos e que as crianças aprendam em seu próprio ritmo. 

l.2. Crescimento 

Allen Graubard registrou o crescimento das escolas gratuitas de 25 em 1967 para cerca de 600 em 1972, com estimativas de 200 criadas entre 1971 e 1972. Essas escolas tiveram uma matrícula média de 33 alunos. Quase todas as primeiras escolas gratuitas americanas foram baseadas em Summerhill e seu livro. Muitas das escolas foram iniciadas em locais não tradicionais, incluindo parques, igrejas e edifícios abandonados. 
O movimento atingiu o pico em 1972 com centenas de escolas abertas e o interesse público pela educação aberta. 

l.3. Declínio e legado 

O movimento diminuiu com a ascensão do conservadorismo dos anos 1970, principalmente devido às políticas educacionais do governo Nixon. 
O Huffington Post escreveu em 2012 que "o movimento está se acelerando novamente", citando a lista do Education Revolution de mais de 100 escolas gratuitas na América. As escolas são principalmente particulares na América e geralmente atendem famílias de classe média e média alta. O autor Ron Miller credita o aumento da padronização com o interesse popular em escolas alternativas. A CBS News informou em 2006 que as escolas gratuitas restantes, embora desconhecidas em número, são "democráticas", pois os alunos compartilham a governança da escola. 
A historiadora da educação Diane Ravitch disse em 2004 que essas escolas funcionam melhor para alunos de famílias instruídas devido à ênfase das escolas gratuitas na contribuição individual. Victoria Goldman do The Manhattan Family Guide to Private Schools and Selective Public Schools e ED Hirsch, Jr. ecoou pensamentos semelhantes, com Hirsch acrescentando que "não funciona para crianças que não tiveram essas vantagens". Ravitch acreditava que os valores das escolas gratuitas entrariam em conflito com as tendências predominantes de teste dos alunos. 

m) Ambientalismo 

A contracultura da década de 1960 adotou uma ética de volta à terra, e as comunas da época muitas vezes se mudaram das cidades para o campo. Livros influentes dos anos 1960 incluiu Rachel Carson 's Silent Spring e Paul Ehrlich ' s The Population Bomb. Ambientalistas da contracultura foram rápidos em entender as implicações dos escritos de Ehrlich sobre superpopulação, a previsão do " pico petrolífero " de Hubbert e preocupações mais gerais sobre poluição, lixo, efeitos ambientais da Guerra do Vietnã, estilos de vida dependentes de automóveis e energia nuclear. De forma mais ampla, eles viram que os dilemas da alocação de energia e recursos teriam implicações para a geopolítica, estilo de vida, meio ambiente e outras dimensões da vida moderna. O tema "de volta à natureza" já prevalecia na contracultura na época do festival de Woodstock de 1969, enquanto o primeiro Dia da Terra em 1970 foi significativo para trazer as preocupações ambientais para a vanguarda da cultura jovem. No início da década de 1970, publicações voltadas para a contracultura como Whole Earth Catalog e The Mother Earth News eram populares, das quais emergiu um retorno ao movimento pela terra. A contracultura dos anos 1960 e início dos anos 1970 foram os primeiros a adotar práticas como a reciclagem e agricultura orgânica muito antes de se tornarem convencionais. O interesse da contracultura na ecologia progrediu bem na década de 1970: particularmente influentes foram o eco-anarquista da Nova Esquerda Murray Bookchin, a crítica de Jerry Mander aos efeitos da televisão na sociedade, o romance de Ernest Callenbach Ecotopia, a ficção de Edward Abbey e não escritos de ficção e o livro de economia de EF Schumacher, Small Is Beautiful. 

n) Produtor 

A National Farmers Organization (NFO) é um movimento de produtores rurais fundado em 1955. Tornou-se conhecido por ser associado a violências contra a propriedade e ameaças cometidas sem a aprovação oficial da organização, a partir de um incidente de 1964 quando dois membros foram esmagados sob as rodas traseiras de um caminhão de gado, quando tentaram reter os veículos de levarem as mercadorias para cooperativas que não se ligavam à associação. 
Durante a contenção dos protestos, os fazendeiros destruíam comida propositalmente ou abatiam seus animais de forma inútil na tentativa de aumentar os preços e ganhar exposição na mídia. A NFO não conseguiu persuadir o governo dos EUA a estabelecer um sistema de cotas como é praticado atualmente no leite, programas de gerenciamento de suprimentos de queijo, ovos e aves no Canadá. 

o) Libertação gay 

Os distúrbios de Stonewall foram uma série de manifestações espontâneas e violentas contra uma batida policial ocorrida na madrugada de 28 de junho de 1969, no Stonewall Inn, um bar gay no bairro de Greenwich Village, em Nova York. Isso é frequentemente citado como a primeira vez na história dos Estados Unidos quando as pessoas da comunidade gay lutaram contra um sistema patrocinado pelo governo que perseguia as minorias gays e se tornou o evento decisivo que marcou o início do movimento pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos e em torno o mundo. 


4. Cultura 

a) Subcultura Mod 

Mod é uma subcultura que começou em Londres e se espalhou pela Grã-Bretanha e em outros lugares, eventualmente influenciando modas e tendências em outros países, e continua hoje em uma escala menor. Focada na música e na moda, a subcultura tem suas raízes em um pequeno grupo de jovens elegantes que moravam em Londres no final da década de 1950, que eram denominados modernistas porque ouviam jazz moderno. Elementos da subcultura mod incluem moda (geralmente ternos feitos sob medida); música (incluindo soul, rhythm and blues, ska, jazz e, mais tarde, fragmentando-se no rocke freakbeat após o pico da era Mod); e scooters a motor (geralmente Lambretta ou Vespa). A cena mod original era associada a danças noturnas cheias de anfetaminas em clubes. 

Os Mods 

Durante o início até meados da década de 1960, conforme o Mod cresceu e se espalhou pelo Reino Unido, certos elementos da Cena Mod se envolveram em confrontos bem divulgados com membros da subcultura rival, os roqueiros. O conflito entre mods e roqueiros levou o sociólogo Stanley Cohen a usar o termo " pânico moral " em seu estudo sobre as duas subculturas juvenis, que examinou a cobertura da mídia sobre os distúrbios do mod e dos roqueiros na década de 1960. 

Os Rockers e os Mods 

Em 1965, os conflitos entre Mods e os Rockers começaram a diminuir e os Mods gravitaram cada vez mais em direção à pop art e à psicodelia. Londres tornou-se sinônimo de moda, música e cultura pop nestes anos, um período frequentemente referido como " Swinging London ". Durante esse tempo, a moda mod se espalhou para outros países e se tornou popular nos Estados Unidos e em outros lugares - com o mod agora visto menos como uma subcultura isolada, mas emblemático da cultura jovem mais ampla da época. 

b) Hippies 

Depois do Human Be-In de 14 de janeiro de 1967 em San Francisco organizado pelo artista Michael Bowen, a atenção da mídia na cultura foi totalmente ativada. Em 1967, a interpretação de Scott McKenzie da canção "San Francisco (Be Sure To Wear Flowers In Your Hair)" trouxe cerca de 100.000 jovens de todo o mundo para celebrar o " Verão do Amor " de San Francisco. Embora a música tenha sido escrita originalmente por John Phillips do The Mamas & The Papas para promover o Monterey Pop Festival de junho de 1967, tornou-se um sucesso instantâneo em todo o mundo (# 4 nos Estados Unidos, # 1 na Europa) e rapidamente transcendeu seu propósito original. 

Michael Bowen colocando uma flor num fuzil 

Os filhos das flores de São Francisco, também chamados de "hippies" pelo colunista do jornal local Herb Caen, adotaram novos estilos de vestimenta, experimentaram drogas psicodélicas, viveram em comunidade e desenvolveram uma cena musical vibrante. Quando as pessoas voltaram do "Verão do Amor", esses estilos e comportamentos se espalharam rapidamente de São Francisco e Berkeley para muitas cidades americanas e canadenses e capitais europeias. Alguns hippies formaram comunas para viver o mais longe possível do sistema estabelecido. Este aspecto da contracultura rejeitou o engajamento político ativo com o mainstream e, seguindo o ditado de Timothy Leary de "Ligue, sintonize, saia", esperava mudar a sociedade abandonando isso. Olhando para trás em sua própria vida (como professor de Harvard) antes de 1960, Leary disse que ele era "um funcionário institucional anônimo que dirigia para o trabalho todas as manhãs em uma longa fila de vagões e dirigia para casa todas as noites e bebia martínis ... como vários milhões de robôs intelectuais liberais de classe média." 
À medida que os membros do movimento hippie envelheciam e moderavam suas vidas e pontos de vista, e especialmente depois que o envolvimento dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã terminou em meados da década de 1970, a contracultura foi amplamente absorvida pela corrente dominante, deixando um impacto duradouro na filosofia, moralidade, música, arte, saúde alternativa e dieta, estilo de vida e moda. 
Além de um novo estilo de roupa, filosofia, arte, música e vários pontos de vista contra a guerra e contra o sistema, alguns hippies decidiram se afastar da sociedade moderna e se estabelecer em ranchos ou comunas. A primeira das comunas nos Estados Unidos foi uma terra de sete acres no sul do Colorado, chamada Drop City. De acordo com Timothy Miller: 

Drop City reuniu a maioria dos temas que vinham se desenvolvendo em outras comunidades recentes - anarquia, pacifismo, liberdade sexual, isolamento rural, interesse em drogas, arte - e os envolveu extravagantemente em uma comuna não exatamente como qualquer outra que existiu antes 

Muitos dos habitantes praticaram atos como reutilizar lixo e materiais reciclados para construir domos geodésicos para abrigo e outros fins diversos; usando várias drogas como maconha e LSD, e criando várias peças de arte do Drop. Após o sucesso inicial de Drop City, os visitantes pegavam a ideia de comunas e as divulgavam. Outra comuna chamada "The Ranch" era muito semelhante à cultura de Drop City, bem como novos conceitos como dar às crianças da comuna extensas liberdades conhecidas como "direitos das crianças". 

Drop City 

c) Maconha, LSD e outras drogas recreativas 

Durante a década de 1960, este segundo grupo de usuários casuais de dietilamida de ácido lisérgico (LSD) evoluiu e se expandiu em uma subcultura que exaltava o simbolismo místico e religioso frequentemente engendrado pelos poderosos efeitos da droga e defendia seu uso como método de aumentar a consciência. As personalidades associadas à subcultura, gurus como Timothy Leary e músicos de rock psicodélico como Grateful Dead, Pink Floyd, Jimi Hendrix, The Byrds, The 13th Floor Elevators, Ultimate Spinach, Janis Joplin, Crosby, Stills & Nash, The Doors, Blue Cheer, The Chambers Brothers, Country Joe and the Fish, Big Brother & The Holding Company, Jefferson Airplane e os Beatles, logo atraiu uma grande publicidade, gerando mais interesse no LSD. 
A popularização do LSD fora do mundo médico foi acelerada quando indivíduos como Ken Kesey participaram de testes de drogas e gostaram do que viram. Tom Wolfe escreveu um relato amplamente lido sobre esses primeiros dias da entrada do LSD no mundo não acadêmico em seu livro The Electric Kool Aid Acid Test, que documentou a viagem de Ken Kesey e os Merry Pranksters através do país movido a ácido ônibus psicodélico "Furthur" e as festas de LSD do "Teste de Ácido" dos Pranksters. Em 1965, os laboratórios da Sandoz interromperam suas remessas ainda legais de LSD para os Estados Unidos para pesquisa e uso psiquiátrico, após um pedido do governo dos Estados Unidos preocupado com seu uso. Em abril de 1966, o uso de LSD se tornou tão difundido que a Time Magazine fez um alerta sobre seus perigos. Em dezembro de 1966, o filme de exploração Hallucination Generation foi lançado. Isso foi seguido por The Trip em 1967 e Psych-Out em 1968. 


The Hallucination Generation Trailer - 1966 LSD movie 



The Trip - Trailer 1967 



Psych-Out - Trailer 1968 



c.1. Pesquisa psicodélica e experimentação 

Como a maioria das pesquisas sobre psicodélicos começou nas décadas de 1940 e 50, a experimentação pesada fez seu efeito na década de 1960, durante esta era de mudança e movimento. Os pesquisadores estavam ganhando reconhecimento e popularidade com a promoção da psicodelia. Isso realmente ancorou a mudança que os instigadores e seguidores da contracultura começaram. A maioria das pesquisas foi conduzida em institutos universitários de ponta, como a Harvard University. 
Timothy Leary e sua equipe de pesquisa de Harvard tinham esperanças de mudanças potenciais na sociedade. Sua pesquisa começou com cogumelos com psilocibina e foi chamada de Projeto Harvard de Psilocibina. Em um estudo conhecido como Concord Prison Experiment, Leary investigou o potencial da psilocibina para reduzir a reincidência em criminosos que são libertados da prisão. Após as sessões de pesquisa, Leary fez um acompanhamento. Ele descobriu que "75% dos prisioneiros que foram libertados ficaram fora da prisão." Ele acreditava que havia resolvido o problema do crime do país. Porém, com muitos funcionários céticos, essa descoberta não foi promovida. 
Por causa das experiências pessoais com essas drogas, Leary e seus muitos colegas notáveis, Aldous Huxley (The Doors of Perception) e Alan Watts (The Joyous Cosmology) acreditaram que esses eram os mecanismos que poderiam trazer paz não apenas para a nação, mas para o mundo. À medida que suas pesquisas continuavam, a mídia os seguia e publicava seus trabalhos e documentava seu comportamento, a tendência de experimentação dessa contracultura de drogas começou. 
Leary fez tentativas de trazer uma consciência mais organizada às pessoas interessadas no estudo dos psicodélicos. Ele confrontou o comitê do Senado em Washington e recomendou que faculdades autorizassem a realização de cursos de laboratório em psicodélicos. Ele observou que esses cursos "acabariam com o uso indiscriminado do LSD e seriam os cursos mais populares e produtivos já oferecidos". Embora esses homens estivessem buscando a iluminação final, a realidade acabou provando que o potencial que eles pensavam que havia não poderia ser alcançado, pelo menos neste tempo. A mudança que eles buscavam para o mundo não tinha sido permitida pelos sistemas políticos de todas as nações em que esses homens realizaram suas pesquisas. Ram Dass afirma: "Tim e eu realmente tínhamos um gráfico na parede sobre quando todos seriam iluminados. Descobrimos que a mudança real é mais difícil. Minimizamos o fato de que a experiência psicodélica não é para todos." 
A pesquisa de Leary e sua equipe foi encerrada em Harvard e em todos os lugares eles se mudaram ao redor do globo. Seu comportamento ilegal e abordagem agressiva com essas drogas não condiziam bem com a lei. As autoridades não concordaram com essa promoção caótica da paz. 
A pesquisa com drogas psicodélicas e aqueles que a conduziram foi um entendimento radical para a grande maioria do mundo. No entanto, isso criou uma mudança. Uma onda de curiosidade foi criada como resultado e a onda continuou a aumentar. 

c.2. Ken Kesey e os Merry Pranksters 

Ken Kesey e seus Merry Pranksters ajudaram a moldar o caráter em desenvolvimento da contracultura dos anos 60 quando embarcaram em uma viagem pelo país durante o verão de 1964 em um ônibus escolar psicodélico chamado " Furthur ". Começando em 1959, Kesey se ofereceu como voluntário como sujeito de pesquisa para testes médicos financiados pelo projeto MK Ultra da CIA. Esses testes testaram os efeitos do LSD, psilocibina, mescalina e outras drogas psicodélicas. Após os testes médicos, Kesey continuou a fazer experiências por conta própria e envolveu muitos amigos íntimos; coletivamente, eles se tornaram conhecidos como "The Merry Pranksters". Os Pranksters visitaram o proponente do LSD de Harvard, Timothy Leary, em seu Millbrook, Retiro em Nova York e experimentação com LSD e outras drogas psicodélicas, principalmente como um meio de reflexão interna e crescimento pessoal, tornou-se uma constante durante a viagem do Prankster. 
Os Pranksters criaram uma ligação direta entre a geração Beat dos anos 1950 e a cena psicodélica dos anos 1960; o ônibus era dirigido pelo ícone do Beat Neal Cassady, o poeta Beat Allen Ginsberg esteve a bordo por um tempo, e eles apareceram no amigo de Cassady, o autor do Beat Jack Kerouac - embora Kerouac tenha se recusado a participar da cena Prankster. Depois que os Pranksters retornaram à Califórnia, eles popularizaram o uso do LSD nos chamados "Testes de Ácido ", que inicialmente foram realizados na casa de Kesey em La Honda, Califórnia, e depois em muitos outros locais da Costa Oeste. A viagem de cross country e Prankster experiências foram documentadas em Tom Wolfe s'The Electric Kool Aid Acid Test, uma obra-prima do Novo Jornalismo. 

c.3. Outras Drogas Psicodélicas 

A experimentação com LSD, peiote, cogumelos com psilocibina, MDA, maconha e outras drogas psicodélicas tornou-se o principal componente da contracultura dos anos 1960, influenciando a filosofia, arte, música e estilos de vestimenta. Jim DeRogatis escreveu que o peiote, um pequeno cacto que contém o alcalóide psicodélico mescalina, estava amplamente disponível em Austin, Texas, um centro contracultural no início dos anos 1960. 

d) Revolução sexual 

A revolução sexual (também conhecida como uma época de "liberação sexual") foi um movimento social que desafiou os códigos tradicionais de comportamento relacionados à sexualidade e às relações interpessoais em todo o mundo ocidental dos anos 1960 aos 1980. A contracepção e a pílula, a nudez pública, a normalização do sexo antes do casamento, a homossexualidade e formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto, tudo veio nessa onda causando uma revolução de costumes. 

e) Mídia alternativa 

Jornais underground surgiram na maioria das cidades e vilas universitárias, servindo para definir e comunicar a gama de fenômenos que definiam a contracultura: oposição política radical ao " Sistema ", abordagens experimentais coloridas (e muitas vezes explicitamente influenciadas por drogas) à arte, música e cinema e indulgência desinibida no sexo e nas drogas como um símbolo de liberdade. Os jornais também costumavam incluir histórias em quadrinhos, das quais o comix underground era uma conseqüência. 

f) Esportes de disco alternativos (Frisbee) 

À medida que muitos jovens se afastaram das normas sociais, eles resistiram e buscaram alternativas. As formas de fuga e resistência se manifestam de várias maneiras, incluindo ativismo social, estilos de vida alternativos, vestimentas, música e atividades recreativas alternativas, incluindo o lançamento de um Frisbee. Dos hippies jogando Frisbee em festivais e shows vieram os esportes populares de disco de hoje. Esportes de disco, como disc freestyle, double disc court, disc guts, Ultimate e Disc Golf tornaram-se os primeiros eventos deste esporte. 

g) Arte avant-garde e anti-arte 

A Internacional Situacionista foi um grupo restrito de revolucionários internacionais fundado em 1957, e que teve seu auge em sua influência nas greves gerais sem precedentes de maio de 1968 na França. Com as suas ideias enraizadas no marxismo e nas vanguardas artísticas europeias do século XX, defendiam experiências de vida alternativas às admitidas pela ordem capitalista, para a satisfação dos desejos primitivos humanos e a prossecução de uma qualidade passional superior. Para tanto, sugeriram e experimentaram a construção de situações, nomeadamente a criação de ambientes favoráveis ​​à realização de tais desejos. Usando métodos extraídos das artes, eles desenvolveram uma série de campos experimentais de estudo para a construção de tais situações, como o urbanismo unitário e a psicogeografia. Eles lutaram contra o principal obstáculo à realização dessa vida passional superior, identificada por eles no capitalismo avançado. Seu trabalho teórico culminou no livro altamente influente The Society of the Spectacle, de Guy Debord. Debord argumentou em 1967 que recursos espetaculares como mídia de massa e publicidadetêm um papel central em uma sociedade capitalista avançada, que é mostrar uma realidade falsa para mascarar a real degradação capitalista da vida humana. 

Capa do livro “Society of the Spectacle” de Guy Debord 

Raoul Vaneigem escreveu The Revolution of Everyday Life, que toma o campo da " vida cotidiana " como o terreno sobre o qual a comunicação e a participação podem ocorrer ou, como é mais comumente o caso, ser pervertidos e abstraídos em pseudo-formas. 

Capa do livro “The Revolution of Everyday Life” de Raoul Vaneigem 

Fluxus (um nome tirado de uma palavra latina que significa "fluir") é uma rede internacional de artistas, compositores e designers conhecidos por combinar diferentes mídias e disciplinas artísticas na década de 1960. Eles têm sido ativos na música ruidosa Neo-Dada, artes visuais, literatura, planejamento urbano, arquitetura e design. Fluxus é frequentemente descrito como intermediário, um termo cunhado pelo artista do Fluxus Dick Higgins em um famoso ensaio de 1966. O Fluxus encorajou uma estética "faça você mesmo" e valorizou a simplicidade em vez da complexidade. Como “Dada” antes dele, o Fluxus incluiu uma forte corrente de anti-comercialismo e anti-artesensibilidade, depreciando o mundo da arte convencional orientado para o mercado em favor de uma prática criativa centrada no artista. Como escreveu o artista do “Fluxus” Robert Filliou, no entanto, o Fluxus diferia do Dada em seu conjunto mais rico de aspirações, e as aspirações sociais e comunitárias positivas do Fluxus superavam em muito a tendência anti-arte que também marcava o grupo. 
Na década de 1960, o grupo de arte influenciado pelos dadá Black Mask declarou que a arte revolucionária deveria ser "uma parte integrante da vida, como na sociedade primitiva, e não um apêndice da riqueza". Black Mask interrompeu eventos culturais em Nova York, dando folhetos de eventos de arte para os sem-teto com a atração de bebidas gratuitas. Depois, os Motherfuckers cresceram a partir de uma combinação de Black Mask e outro grupo chamado Angry Arts. Up Against the Wall Motherfuckers (muitas vezes referidos simplesmente como "The Motherfuckers", ou UAW/MF) era um grupo de afinidade anarquista com base na cidade de Nova York. 

h) Música 

O início da carreira de Bob Dylan como cantor de protesto foi 
inspirado por seu herói Woody Guthrie 

O álbum Pet Sounds dos Beach Boys, de 1966, serviu como uma grande fonte de inspiração para outros artistas contemporâneos, inspirando diretamente o álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles. 

Capa do disco “Pet Sounds” do The Beach Boys 

O single "Good Vibrations" alcançou o primeiro lugar globalmente, mudando completamente a percepção do que um disco poderia ser. 


The Beach Boys - Good Vibrations 



Foi durante este período que o tão aguardado álbum Smile foi lançado. No entanto, o projeto entrou em colapso e os Beach Boys lançaram uma versão simplificada e reinventada chamada Smiley Smile, que não teve um grande impacto comercial, mas também foi altamente influente, principalmente para a banda The Who de Pete Townshend. 
Os Beatles se tornaram os expoentes comerciais mais proeminentes da "revolução psicodélica" (por exemplo, Revolver, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band e Magical Mystery Tour) no final dos anos 1960. 
O MC5 de Detroit também saiu da cena do rock underground do final dos anos 1960. Eles introduziram uma evolução mais agressiva do rock de garagem que costumava ser fundida com letras sociopolíticas e contraculturais da época, como na canção "Motor City Is Burning" (uma capa de John Lee Hooker adaptando a história do Detroit Race Riot de 1943 para o motim de Detroit de 1967). MC5 tinha laços com organizações esquerdistas radicais como " Up Against the Wall Motherfuckers " e John Sinclair com os “White Panthers”. 


MC5 - The Motor City is Burning 



Outro foco da contracultura dos anos 1960 foi Austin, Texas, com dois dos locais lendários da música da época - a Vulcan Gas Company e a Armadillo World Headquarters - e talentos musicais como Janis Joplin, os 13th Floor Elevators, Shiva's Headband, o Conqueroo e, mais tarde, Stevie Ray Vaughan. Austin também foi o lar de um grande movimento ativista da Nova Esquerda, um dos primeiros jornais undergrounds, The Rag, e de artistas gráficos de ponta como o criador do Fabulous Furry Freak Brothers Gilbert Shelton, o pioneiro da comix underground Jack Jackson (Jaxon) e o tatu surrealista Jim Franklin. 


13Th Floor Elevatyors - You're Gonna Miss Me 



A década de 1960 também foi uma era de festivais de rock, que desempenharam um papel importante na divulgação da contracultura pelos Estados Unidos. O Monterey Pop Festival, que lançou a carreira de Hendrix nos Estados Unidos, foi um dos primeiros desses festivais. O Festival de Woodstock de 1969 no estado de Nova York se tornou um símbolo do movimento, embora o Festival da Ilha de Wight de 1970 atraísse uma multidão maior. Alguns acreditam que a era chegou a um fim abrupto com o infame Altamont Free Concert realizado pelos Rolling Stones, no qual a segurança desajeitada dos Hells Angels resultou no esfaqueamento de um membro da platéia, aparentemente em legítima defesa, enquanto o show mergulhava no caos. 
A década de 1960 viu a música de protesto ganhar um senso de auto-importância política, com " I Ain't Marching Anymore " de Phil Ochs e " I-Feel-Like-I'm-Fixin'-to-Die- de Country Joe and the Fish Rag "entre os muitos hinos anti-guerra que foram importantes para a época. 


Phil Ochs - I Ain't Marching Anymore 



Phil Ochs - I Ain't Marching Anymore Live 



Country Joe McDonald - I-Feel-Like-I'm-Fixin'-To-Die Rag Live Woodstock 



O free jazz é uma abordagem da música jazz que foi desenvolvida pela primeira vez nas décadas de 1950 e 1960. Embora a música produzida por compositores de free jazz variasse amplamente, a característica comum era uma insatisfação com as limitações do bebop, hard bop e jazz modal, que se desenvolveram nas décadas de 1940 e 1950. Cada um à sua maneira, os músicos de free jazz tentaram alterar, estender ou quebrar as convenções do jazz, muitas vezes descartando características até então invariáveis ​​do jazz, como mudanças fixas de acordes ou tempos. Embora geralmente considerado experimental e de vanguarda, o free jazz também foi concebido, de forma oposta, como uma tentativa de retornar o jazz às suas raízes "primitivas", muitas vezes religiosas, e com ênfase na improvisação coletiva. O free jazz está fortemente associado às inovações dos anos 1950 de Ornette Coleman e Cecil Taylor e às obras posteriores do saxofonista John Coltrane. Outros pioneiros importantes incluem Charles Mingus, Eric Dolphy, Albert Ayler, Archie Shepp, Joe Maneri e Sun Ra. Embora hoje "free jazz" seja o termo geralmente usado, muitos outros termos foram usados ​​para descrever o movimento vagamente definido, incluindo "avant-garde", "música energética" e "The New Thing". Durante seu apogeu no início e meados dos anos 60, muito free jazz foi lançado por selos estabelecidos como Prestige, Blue Note e Impulse, bem como independentes como ESP Disk e BYG Actuel. A improvisação livre ou música livre é música improvisada sem quaisquer regras além da lógica ou inclinação do (s) músico (s) envolvido (s). O termo pode se referir tanto a uma técnica (empregada por qualquer músico em qualquer gênero) quanto a um gênero reconhecível por si só. Improvisação livre, como um gênero de música, desenvolvido nos Estados Unidos e na Europa em meados dos anos 1960, em grande parte como uma conseqüência do free jazz e da música clássica moderna. Nenhum de seus expoentes primários pode ser considerado famoso dentro do mainstream; no entanto, em círculos experimentais, vários músicos livres são bem conhecidos, incluindo os saxofonistas Evan Parker, Anthony Braxton, Peter Brötzmann e John Zorn, o baterista Christian Lillinger, o trombonista George Lewis, os guitarristas Derek Bailey, Henry Kaiser e Fred Frith e os grupos de improvisação The Art Ensemble of Chicago eAMM. 
O AllMusic Guide afirma que "até por volta de 1967, os mundos do jazz e do rock eram quase completamente separados". O termo " jazz-rock " (ou "jazz / rock") é freqüentemente usado como um sinônimo para o termo " jazz fusion ". No entanto, alguns fazem distinção entre os dois termos. Os “The Free Spirits” às vezes são citados como a primeira banda de jazz-rock. 


The Free Spirits ‎– Out Of Sight And Sound (full album) vinyl 



Durante o final da década de 1960, ao mesmo tempo que os músicos de jazz experimentavam ritmos de rock e instrumentos elétricos, grupos de rock como Cream e Grateful Dead estavam "começando a incorporar elementos de jazz em sua música", "experimentando com improvisação de forma livre estendida". Outros "grupos como Blood, Sweat & Tears tomaram emprestados diretamente elementos harmônicos, melódicos, rítmicos e instrumentais da tradição do jazz". Os grupos de rock que se basearam em ideias de jazz (como Soft Machine, Colosseum, Caravan, Nucleus, Chicago Spirit e Frank Zappa) transformaram a mistura dos dois estilos com instrumentos elétricos. Como o rock frequentemente enfatiza a franqueza e a simplicidade em vez do virtuosismo, o jazz-rock geralmente cresceu a partir dos subgêneros de rock mais artisticamente ambiciosos do final dos anos 1960 e início dos anos 70: psicodelia, rock progressivo e o movimento cantor-compositor. Miles Davis "Bitches Brew sessões”, registradas em agosto de 1969 e lançado no ano seguinte, batida balanço habitual do jazz em sua maioria abandonados em favor de um rock de estilo em contratempo ancorada por ranhuras de baixo elétrico. A gravação é uma mistura de free jazz com instrumentos de sopro apoiada por um grande conjunto com teclados eletrônicos e guitarra, além de uma densa mistura de percussão. Davis também se inspirou no rock ao tocar seu trompete por meio de efeitos eletrônicos e pedais. Embora o álbum tenha dado a Davis um disco de ouro, o uso de instrumentos elétricos e batidas de rock causou grande consternação entre alguns críticos de jazz mais conservadores. 

i) Filmes 

A contracultura não foi apenas afetada pelo cinema, mas também foi instrumental no fornecimento de conteúdo e talento relevantes para a época para a indústria cinematográfica. Bonnie e Clyde impressionaram os jovens, pois "a alienação dos jovens na década de 1960 era comparável à imagem do diretor na década de 1930". Os filmes desta época também focaram as mudanças que aconteciam no mundo. Um sinal disso foi a visibilidade que a subcultura hippie ganhou em várias mídias tradicionais e underground. Filmes de exploração hippie são filmes feitos com base na cultura dos hippies da década de 1960 com situações estereotipadas associadas ao movimento, como uso de maconha e LSD, sexo e festas psicodélicas selvagens. Os exemplos incluem The Love-ins, Psych-Out, The Trip e Wild in the Streets. 


The Love-Ins - Trailer 1967 



Psych-Out – Trailer 1968 



The Trip - Trailer 1967 



Wild In The Streets – Trailer 1968 



A peça musical Hair chocou o público do palco com nudez frontal total. A aventura "Road Trip" de Dennis Hopper, Easy Rider (1969), foi aceita como um dos filmes marcantes da época. O filme Medium Cool retratou a Convenção Democrata de 1968 ao lado dos distúrbios policiais de 1968 em Chicago. 


Medium Cool – Trailer 1969 



Inaugurado pelo lançamento de 1969 de Andy Warhol 's Blue Movie, o fenômeno dos filmes eróticos adultos sendo discutido publicamente por celebridades (como Johnny Carson e Bob Hope), e levado a sério pelos críticos (como Roger Ebert), um desenvolvimento referido, por Ralph Blumenthal do The New York Times, como "porn chic", e mais tarde conhecido como Golden Age of Porn, começou, pela primeira vez, na cultura americana moderna. De acordo com o premiado autor Toni Bentley, o filme de Radley Metzger, The Opening of Misty Beethoven, de 1976, baseado na peça Pigmalião de George Bernard Shaw (e seu derivado, My Fair Lady), é considerado a "joia da coroa" desta Idade de Ouro'. 
Na França, a New Wave foi um termo genérico cunhado pela crítica para um grupo de cineastas franceses do final dos anos 1950 e 1960, influenciados pelo neorrealismo italiano e pelo cinema clássico de Hollywood. Embora nunca tenham sido um movimento formalmente organizado, os cineastas da New Wave foram ligados por sua rejeição autoconsciente da forma cinematográfica clássica e seu espírito de iconoclastia juvenil e é um exemplo de cinema de arte europeu. Muitos também se engajaram em seu trabalho com as convulsões sociais e políticas da época, tornando seus experimentos radicais com edição, estilo visual e narrativa parte de uma ruptura geral com o paradigma conservador. A margem esquerda, ouRive Gauche, grupo é um contingente de cineastas associados à New Wave francesa, inicialmente identificados como tal por Richard Roud. O grupo da "margem direita" correspondente é constituído pelos diretores da New Wave mais famosos e financeiramente bem-sucedidos associados aos Cahiers du cinéma (Claude Chabrol, François Truffaut e Jean-Luc Godard). Os diretores da margem esquerda incluem Chris Marker, Alain Resnais e Agnès Varda. Roud descreveu um distinto "gosto por um tipo de boêmiovida e uma impaciência com o conformismo da Margem Direita, um elevado grau de envolvimento na literatura e nas artes plásticas, e um consequente interesse pela realização de filmes experimentais", bem como uma identificação com a esquerda política. Outro filme "nova onda" de todo o mundo associadas à década de 1960 são New German Cinema, Chechoslovak New Wave, Brazilian Cinema Novo e Japanese New Wave. Durante a década de 1960, o termo "filme de arte" começou a ser muito mais usado nos Estados Unidos do que em Europa. Nos Estados Unidos, o termo é geralmente definido de forma muito ampla, incluindo idioma estrangeiro (não inglês) filmes de "autor", filmes independentes, filmes experimentais, documentários e curtas-metragens. Na década de 1960, "filme de arte" tornou-se um eufemismo nos Estados Unidos para filmes B italianos e franceses atrevidos. Na década de 1970, o termo era usado para descrever filmes europeus sexualmente explícitos com estrutura artística, como o filme sueco I Am Curious (Yellow). A década de 1960 foi um período importante no cinema de arte; o lançamento de uma série de filmes inovadores que deram origem ao cinema de arte europeu que teve traços contraculturais em cineastas como Michelangelo Antonioni, Federico Fellini, Pier Paolo Pasolini, Luis Buñuel e Bernardo Bertolucci. 

i.1. Longa Metragem 

i.1.1. Década de 1960 

The Acid Eaters (1968) Alice in Acidland (1969) 
Restaurante Alice's (1969) The Big Cube (1969) 
The Born Losers (1967) Candy (1968) 
Chappaqua (1966) Easy Rider (1969) 
Cascas de ovo (1969) O Guru (1969) 
The Happening (1967) The Magic Christian (1969) 
Head (1968) How to Commit Marriage (1969) 
Eu te amo, Alice B. Toklas (1968) The Love-Ins (1967) 
The Love Bug (1968) Maryjane (1968) 
Frio médio (1969) Cowboy da meia-noite (1969) 
Mais (1969) O Partido (1968) 
El Profesor Hippie (1969, espanhol) Psych-Out (1968) 
Riot on Sunset Strip (1967) Skidoo (1968) 
Três no Sótão (1968) A viagem (1967) 
Wild in the Streets (1968) With Six You Get Eggroll (1968) 
Wonderwall (1968) Submarino Amarelo (1968) 

i.1.2. Década de 1970 

200 motéis (1971) 
Um hippie americano em Israel (1972) Além do Vale das Bonecas (1970) 
Billy Jack (1971) O Julgamento de Billy Jack (1974) 
Billy Jack vai para Washington (1977) Breezy (1973) 
Irmão Sol, Irmã Lua (1972) Butterflies Are Free (1972) 
La Familia Hippie (1971, espanhol) Fritz, o Gato (1972) 
As nove vidas de Fritz, o gato (1974) Gas-sss (1971) 
Ghetto Freaks (Love Commune) (1970) Ginger in the Morning (1974) 
Go Ask Alice (1973) Godspell (1973) 
Groupie Girl (1970) Cabelo (1979) 
Harold e Maude (1971) Hare Rama Hare Krishna (1971, hindi) 
Helter Skelter (1976) The Holy Mountain (1973) 
Eu bebo seu sangue (1970) Jesus Cristo Superstar (1973) 
Joe (1970) Katherine (1975) 
O Último Filme (1971) La Vallée [Obscured By Clouds] (1972) 
Love Story (1970) The Magic Garden of Stanley Sweetheart 
More American Graffiti (1979) Performance (filme) (1970) 
Punishment Park (1971) The Psychedelic Priest aka Electric Shades of Grey (1971) 
Rainbow Bridge (1972) 
Shalom (1973, hebraico) The Song Remains the Same (1976) 
The Strawberry Statement (1970) Decolando (1971) 
Thumb Tripping (1972) Two-Lane Blacktop (1971) 
Up in Smoke (1978) Quando você voltar, Red Ryder? (1979) 
Wild Honey (1972) Woodstock (1970) 
Zabriskie Point (1970) Zachariah (1971) 
Zardoz (1973) 

i.1.3. Década de 1980 

1969 (1988) The Big Chill (1983) 
Cheech & Chong O próximo filme de Cheech & Chong (1980) 
Bons sonhos (1981) As coisas estão difíceis (1982) 
Ainda fumando (1983) Rude Awakening (1989) 
Where the Buffalo Roam (1980) 

i.1.4. Década de 1990 

The Big Lebowski (1998) Dazed and Confused (1993) 
The Doors (1991) Far Out Man (1990) 
Fear and Loathing in Las Vegas (1998) Flashback (1990) 
Forrest Gump (1994) Um passeio na lua (1999) 
Hideous Kinky (1998) Anos 2000 
Across the Universe (2007) Quase Famoso (2000) 
Nasceu em 68 (2008) The Dreamers (2003) 
The Tripper (2006) Condado de Humboldt (2008) 
Eu não estou lá (2007) Into the Wild (2007) 
A Família Manson (2003) Stoned (2005) 
The Grateful Undead (2007) A Mighty Wind (2003) 
The Rage in Placid Lake (2003) Roube este filme! (2000) 
Tomando Woodstock (2009) Juventude em revolta (2009) 
Sexo, Orégano e Rock'n'Roll (2006, Brasil) Pineapple Express (2008) 
Cara sorridente (2007) Das Wilde Leben [Eight Miles High] (2007) 

i.1.5. Década de 2010 

Happiness Runs (2010) Hippie Hippie Shake (não lançado) 
A Casa do Sol (2010, russo) The Music Never Stopped (2011) 
Our Idiot Brother (2011) Wanderlust (2012) 
Paz, amor e mal-entendido (2012) Vice inerente (2014) 
Wild (2014) Paradise Trips (2015) 
Moonwalkers (2015) Charlie (2015) 
Capitão Fantástico (2016) The Glass Castle (2017) 

i.1.6. Filmes documentários 

· De volta ao jardim, o flower power fecha o círculo (2009), hippies no estado de Washington, EUA 
· Berkeley nos anos 60 (1990) 
· Beyond this Place (2010), imdb um homem conhece seu pai hippie ausente pela primeira vez 
· Charles Manson Superstar (1989) 
· The Cockettes (2002) 
· Commune (2005), sobre o Rancho do Urso Negro 
· Convenções: The Land Around Us (1968), na Convenção Nacional Democrática de 1968 
· Crumb (1994), sobre o artista underground Robert Crumb 
· Não Olhe para Trás (1967) 
· FTA (1972) 
· Feast of Friends (1970) -Documentário de produção própria de The Doors, filmado em 1968, lançado em 2014 
· Frisbee: The Life and Death of a Hippie Preacher (2005), sobre Lonnie Frisbee 
· Gonzo: The Life and Work of Dr. Hunter S. Thompson (2008) 
· Hippie Masala [1] (2006), documentário suíço sobre os hippies que vivem na Índia. 
· Filme hippie (2008, polonês / inglês) 
· Huerfano Valley [2] (2012, inglês), sobre uma comuna hippie de 40 anos no Colorado. Três moradores compartilham suas experiências e falam sobre as evoluções no modo de viver na comuna durante todos esses anos. 
· The Hippie Revolt aka Something's Happening (1967) 
· Jimi Hendrix (1973), várias entrevistas de pessoas que conheceram Hendrix antes e quando ele era famoso 
· Jobs (2013) 
· Die Karawane der Blumenkinder [3] (2008, alemão), documentário sobre a trilha Hippie 
· Karl Hess: Toward Liberty (1980), documentário sobre um redator de discursos republicano que se tornou anarquista 
· Klunkerz: A Film About Mountain Bikes (2006) 
· Last Hippie Standing [4] (2002), sobre hippies em Goa com Cleo Odzer 
· Viagem mágica (2011) Ken Kesey e as aventuras de ônibus dos Merry Pranksters 
· Dentro do LSD (2009), um explorador coloca o LSD sob o microscópio 
· Manson (1973) 
· MC5: A True Testimonial (2002) 
· Mod Mondo (1967) 
· Minha Geração (2000) 
· My Hippies (2005) Reflexão de dois casais que viviam em Haight Ashbury nos anos sessenta. 
· O Projeto Nim (2011), entrevistas e filmagens da criação livre e expressiva de um chimpanzé ensinou língua de sinais nos anos 1970. 
· Ram Dass Fierce Grace (2001) 
· Revolução (1968) 
· Saint Misbehavin ': The Wavy Gravy Movie (2008) 
· The Source Family (2012), a comuna com o mesmo nome, primeiro em Los Angeles, depois no Havaí, centrada em torno do Pai Yod. 
· Taylor Camp: Living the 60s Dream (2010), reflexões nostálgicas dos hippies dos anos 1970 em casas na árvore no Havaí. 
· Tripping (1999) 
· O Vale da Lua (2010) 
· Subterrâneo (1976) 
· Os EUA vs. John Lennon (2006) 
· Volem Rien Foutre al Païs [5] (2006, francês) 
· The Weather Underground (2002) 
· No filme Reach, jornada para encontrar uma comunidade sustentável (2013) 
· Para onde foram todas as flores? (2008), um grupo de jovens visita São Francisco 

i.1.7. Filmes de concertos 

· The 14 Hour Technicolor Dream (2008), um documentário sobre o show de 1967 
· Festival Express (2003) 
· Fillmore (1972) 
· Gimme Shelter (1970) 
· Glastonbury Fayre (1972) 
· Medicine Ball Caravan (1971) 
· Monterey Pop (1968) 
· Festival Nambassa [6] (1980) 
· Woodstock (1970) 

j) Tecnologia 

Historiadores culturais - como Theodore Roszak em seu ensaio de 1986 "From Satori to Silicon Valley" e John Markoff em seu livro What the Dormouse Said, apontaram que muitos dos primeiros pioneiros da computação surgiram na Costa Oeste através da contracultura. Muitos pioneiros da computação e das redes, após descobrirem o LSD e percorrerem os campi da UC Berkeley, Stanford e MIT no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, emergiriam dessa casta de "desajustados" sociais para moldar o mundo moderno da tecnologia, especialmente em Vale do Silício. 

k) Religião, espiritualidade e ocultismo 

Muitos hippies rejeitaram a religião organizada convencional em favor de uma experiência espiritual mais pessoal, muitas vezes recorrendo a crenças indígenas e folclóricas. Se aderissem às religiões tradicionais, os hippies provavelmente abraçariam o budismo, o taoísmo, o hinduísmo, o universalismo unitário e o cristianismo restauracionista do movimento de Jesus. Alguns hippies abraçaram o neopaganismo, especialmente a Wicca. A Wicca é uma religião de feitiçaria que se tornou mais proeminente a partir de 1951, com a revogação da Lei da Bruxaria de 1735, após a qual Gerald Gardner e outros como Charles Cardelle Cecil Williamson começou a divulgar suas próprias versões da Arte. Gardner e outros nunca usaram o termo "Wicca" como um identificador religioso, simplesmente se referindo ao "culto das bruxas", "bruxaria" e à "Antiga Religião". No entanto, Gardner se referiu às bruxas como "a Wica". [180] Durante a década de 1960, o nome da religião normalizou para "Wicca". [181] [182] A tradição de Gardner, mais tarde denominada gardnerianismo, logo se tornou a forma dominante na Inglaterra e se espalhou para outras partes das Ilhas Britânicas. Após a morte de Gardner em 1964, o Ofício continuou a crescer inabalável apesar do sensacionalismo e retratos negativos nos tablóides britânicos, com novas tradições sendo propagadas por figuras como Robert Cochrane, Sybil Leek e mais importante Alex Sanders, cuja Wicca Alexandrina, que era predominantemente baseada na Gardneriana A Wicca, embora com ênfase na magia cerimonial, se espalhou rapidamente e ganhou muita atenção da mídia. 
Em seu livro de 1991, Hippies and American Values, Timothy Miller descreveu o ethos hippie como essencialmente um "movimento religioso" cujo objetivo era transcender as limitações das principais instituições religiosas. "Como muitas religiões dissidentes, os hippies eram enormemente hostis às instituições religiosas da cultura dominante e tentavam encontrar maneiras novas e adequadas de realizar as tarefas que as religiões dominantes não conseguiam realizar." Em sua obra contemporânea e seminal, The Hippie Trip, o autor Lewis Yablonsky observa que aqueles que eram mais respeitados em ambientes hippie eram os líderes espirituais, os chamados "altos sacerdotes" que surgiram durante aquela época. 
Um desses "sumo sacerdotes" hippie foi o instrutor do San Francisco State College, Stephen Gaskin. Começando em 1966, a "aula de segunda-feira à noite" de Gaskin finalmente cresceu e atraiu 1.500 seguidores hippie em uma discussão aberta de valores espirituais, com base em ensinamentos cristãos, budistas e hindus. Em 1970, Gaskin fundou uma comunidade do Tennessee chamada The Farm, e ele ainda lista sua religião como "Hippie". 
Timothy Leary foi um psicólogo e escritor americano, conhecido por sua defesa das drogas psicodélicas. Em 19 de setembro de 1966, Leary fundou a League for Spiritual Discovery, uma religião que declara o LSD como seu sacramento sagrado, em parte como uma tentativa malsucedida de manter o status legal para o uso de LSD e outros psicodélicos para os adeptos da religião com base em uma "liberdade da religião "argumento. The Psychedelic Experience foi a inspiração para a canção de John Lennon "Tomorrow Never Knows" no álbum Revolver dos Beatles. 


The Beatles - Tomorrow Never Knows 



Ele publicou um panfleto em 1967 chamado Start Your Own Religion para encorajar exatamente isso (veja abaixo em "escritos") e foi convidado a participar do Human Be-In em 14 de janeiro de 1967, um encontro de 30.000 hippies no Golden Gate Park de São Francisco. Ao falar ao grupo, ele cunhou a famosa frase " Vire ligar, sintonizar, desligar ". 

Panfleto de 1967 chamado “Start Your Own Religion” de Timothy Leary 

O Principia Discordia é o texto fundador do Discordianismo escrito por Greg Hill (Malaclypse the Younger) e Kerry Wendell Thornley (Lord Omar Khayyam Ravenhurst). Foi originalmente publicado sob o título "Principia Discordia ou How The West Was Lost" em uma edição limitada de cinco cópias em 1965. O título, que significa literalmente "Princípios Discordantes", está de acordo com a tendência do latim de preferir arranjos gramaticais hipotáticos. Em inglês, seria de se esperar que o título fosse "Princípios da Discórdia". 


5. Crítica e Legado 

O impacto duradouro, incluindo consequências não intencionais, produção criativa e legado geral da era da contracultura continuam a ser ativamente discutidos, debatidos, desprezados e celebrados. 
Mesmo as noções de quando a contracultura subsumiu a geração Beat, quando deu lugar à geração sucessora e o que aconteceu no meio estão abertas para debate. De acordo com o notável autor de contracultura e underground do Reino Unido, Barry Miles, "parecia-me que os anos setenta foram quando a maioria das coisas que as pessoas atribuem aos anos sessenta realmente aconteceram: esta era a era dos extremos, as pessoas usavam mais drogas, tinham cabelo mais comprido, roupas mais esquisitas, fizeram mais sexo, protestaram com mais violência e encontraram mais oposição do establishment. Era a era do sexo e das drogas e do rock'n'roll, conforme Ian Durydisse. A explosão contracultural da década de 1960 realmente envolveu apenas alguns milhares de pessoas no Reino Unido e talvez dez vezes mais nos Estados Unidos - em grande parte por causa da oposição à guerra do Vietnã, enquanto na década de 1970 as ideias se espalharam pelo mundo. 
Uma unidade de ensino da Universidade de Columbia sobre a era da contracultura observa: "Embora os historiadores discordem sobre a influência da contracultura na política e na sociedade americanas, a maioria descreve a contracultura em termos semelhantes. Praticamente todos os autores - por exemplo, à direita, Robert Bork em Slouching Rumo a Gomorrah: Modern Liberalism and American Decline (Nova York: Regan Books, 1996) e, à esquerda, Todd Gitlin em The Sixties: Years of Hope, Days of Rage (Nova York: Bantam Books, 1987) - caracterizam a contracultura como auto-indulgente, infantil, irracional, narcisista e até perigoso. 

Capa do livro “Sloughing Towards Gomorrah” de Robert H Bork 

Mesmo assim, muitos historiadores liberais e esquerdistas encontram elementos construtivos nisso, enquanto os da direita tendem a não dizer o mesmo." 
A lenda das telas, John Wayne, comparou aspectos dos programas sociais dos anos 1960 com a ascensão do estado de bem-estar social, "Eu sei tudo sobre isso. No final dos anos 20, quando estava no segundo ano da USC, eu também era socialista - mas não quando saí. O universitário médio deseja idealisticamente que todos possam comer sorvete e bolo em todas as refeições. Mas, à medida que fica mais velho e pensa mais nas responsabilidades dele e de seus semelhantes, ele descobre que não pode funcionar dessa maneira - que algumas pessoas simplesmente não carregam seu fardo. Eu acredito no bem-estar - um trabalho de bem-estar programa. Não acho que um cara deva ser capaz de sentar-se de costas e receber bem-estar. Eu gostaria de saber por que idiotas bem-educados continuam se desculpando por pessoas preguiçosas e reclamando que pensam que o mundo lhes deve a vida. Gostaria de saber por que dão desculpas aos covardes que cuspem na cara da polícia e depois correm atrás das irmãs judiciais. Eu posso'Não entendo essas pessoas que carregam cartazes para salvar a vida de algum criminoso, mas não pensam na vítima inocente." 
O ex-liberal democrata Ronald Reagan, que mais tarde se tornou governador conservador da Califórnia e 40º presidente dos Estados Unidos, comentou sobre um grupo de manifestantes carregando cartazes: “O último grupo de piquetes carregava cartazes que diziam 'Faça amor, não faça guerra'. O único problema era que eles não pareciam capazes de fazer nada”. 
A "lacuna de gerações" entre os jovens ricos e seus pais, muitas vezes marcados pela pobreza, foi um componente crítico da cultura dos anos 1960. Em uma entrevista com a jornalista Gloria Steinem durante a campanha presidencial dos Estados Unidos de 1968, a futura primeira-dama Pat Nixonexpôs o abismo de gerações na visão de mundo entre Steinem, 20 anos mais jovem, e ela mesma, depois que Steinem investigou a Sra. Nixon quanto à sua juventude, modelos de comportamento e estilo de vida. Uma criança durona da Grande Depressão, Pat Nixon disse a Steinem: "Nunca tive tempo para pensar sobre coisas assim, quem eu queria ser, ou quem eu admirava, ou ter ideias. Nunca tive tempo de sonhar em ser alguém mais. Eu tive que trabalhar. Eu não apenas sentei e pensei em mim ou nas minhas idéias ou no que eu queria fazer. Eu continuei trabalhando. Não tenho tempo para me preocupar com quem eu admiro ou quem eu me identifico. Nunca foi fácil. Não sou nada parecido com você ... todas aquelas pessoas que tiveram as coisas fáceis." 
Em termos econômicos, argumentou-se que a contracultura realmente significava apenas criar novos segmentos de marketing para o público "moderno". 
Mesmo antes de o movimento de contracultura atingir seu pico de influência, o conceito da adoção de políticas socialmente responsáveis ​​por corporações estabelecidas foi discutido pelo economista e ganhador do Nobel Milton Friedman (1962): "Poucas tendências poderiam minar tão completamente o próprio fundamento de nossa liberdade sociedade como a aceitação pelos funcionários da empresa de uma responsabilidade social que não seja ganhar o máximo possível de dinheiro para seus acionistas. Esta é uma doutrina fundamentalmente subversiva. Se os empresários têm uma responsabilidade social que não seja a obtenção de lucros máximos para os acionistas, como eles podem sabe o que é? Os indivíduos privados auto-selecionados podem decidir qual é o interesse social?" 
Em 2003, o autor e ex-ativista da liberdade de expressão Greil Marcus foi citado: "O que aconteceu há quatro décadas é história. Não é apenas um ponto na história das tendências. Quem quer que apareça em uma marcha contra a guerra no Iraque, sempre acontece com uma memória da eficácia, alegria e gratificação de protestos semelhantes que ocorreram nos anos anteriores. Não importa que não haja contracultura, porque a contracultura do passado dá às pessoas a sensação de que sua própria diferença é importante." 
Quando questionado sobre as perspectivas do movimento da contracultura na era digital, o ex-letrista do Grateful Dead e autoproclamado "ciberlibertário" John Perry Barlow disse: "Comecei como um beatnik adolescente e depois me tornei um hippie e depois me tornei um cyberpunk. E agora ainda sou um membro da contracultura, mas não sei como chamar isso. E eu estava inclinado a pensar que isso era uma coisa boa, porque uma vez que a contracultura na América ganhou um nome, a mídia podia cooptá-lo e a indústria de publicidade pode transformá-lo em uma folha de marketing. Mas, você sabe, agora não tenho certeza se isso é uma coisa boa, porque não temos nenhuma bandeira para defender. Sem um nome pode não haver movimento coerente." 
Durante a época, os estudantes conservadores opuseram à contracultura e encontrou maneiras de celebrar seus ideais conservadores, lendo livros como o de J. Edgar Hoover “Um estudo do comunismo”, juntando organizações estudantis como os universitários republicanos. 
A defensora da liberdade de expressão e antropóloga social Jentri Anders observou que uma série de liberdades foram endossadas dentro de uma comunidade contracultural na qual ela viveu e estudou: "liberdade para explorar o potencial de alguém, liberdade para criar a si mesmo, liberdade de expressão pessoal, liberdade de horários, liberdade de papéis rigidamente definidos e status hierárquicos ... "Além disso, Anders acreditava que alguns na contracultura desejavam modificar a educação das crianças para que não desencorajasse, mas sim encorajasse," senso estético, amor pela natureza, paixão pela música, desejo por reflexão, ou independência fortemente marcada." 
Em 2007, Merry Prankster Carolyn "Mountain Girl" Garcia comentou: "Vejo resquícios desse movimento em todos os lugares. É como as nozes do sorvete de Ben and Jerry's - está tão bem misturado que esperamos encontra-lo dentro dele. O que é bom é que a excentricidade não é mais tão estranha. Abraçamos a diversidade de várias maneiras neste país. Acho que ela nos prestou um serviço tremendo." 
O documentário indicado ao Oscar de 1990, Berkeley in the Sixties, destacou o que Owen Gleiberman da Entertainment Weekly observou: 
O filme não hesita em dizer que muitos dos movimentos de protesto social dos anos 60 foram longe demais. Isso demonstra que, no final da década, o protesto se tornou um narcótico em si mesmo" 


6. Na Cultura Popular 

Filmes como Return of the Secaucus 7 e The Big Chill abordaram a vida dos Boomers idealistas da contracultura dos anos 60 aos seus eu mais velhos na década de 80, juntamente com a série de TV Thirty Something. A nostalgia dessa geração pela dita década também foi criticada. 
Panos Cosmatos, diretor do filme Beyond the Black Rainbow de 2010, admite não gostar dos ideais espirituais da Nova Era dos Baby Boomers, um assunto que ele aborda em seu filme. O uso de drogas psicodélicas para propósitos de expansão da mente também é explorado, embora a visão de Cosmatos seja "sombria e perturbadora", uma "marca de psicodelia que está em oposição direta à criança flor, viagem pela paz do cogumelo mágico " escreveu um revisor descrevendo um dos personagens que por acaso era um Boomer: 
Eu considero Arboria meio ingênuo. Ele tinha a melhor das intenções de querer expandir a consciência humana, mas acho que seu ego atrapalhou isso e, no final das contas, ele se tornou uma coisa venenosa e destrutiva. Porque Arboria está tentando controlar a consciência e controlar a mente. Há um momento de verdade no filme em que a coisa toda começa a se desintegrar porque deixa de ser sobre a humanidade deles e se torna uma meta inatingível. Esse é o "Arco-íris Negro": tentar alcançar algum tipo de estado inatingível que é, em última instância, provavelmente destrutivo. 


7. Figuras relevantes no movimento 

As seguintes pessoas são bem conhecidas por seu envolvimento na contracultura da década de 1960. Alguns são figuras incidentais ou contextuais importantes, como figuras da Geração Beat, que também participaram diretamente da era da contracultura posterior. A (s) área (s) primária (s) de notabilidade de cada figura são indicadas, de acordo com as páginas da Wikipedia dessas figuras. Esta seção não pretende ser exaustiva, mas sim uma seção transversal representativa de indivíduos ativos dentro do movimento maior. Embora muitas das pessoas listadas sejam conhecidas pelo ativismo pelos direitos civis, algumas figuras cuja principal notabilidade estava dentro da esfera do Movimento pelos Direitos Civis estão listadas em outro lugar. Esta seção não tem como objetivo criar associações entre qualquer uma das figuras listadas além do que está documentado em outro lugar. 

· Miguel Algarín (nascido em 1941) (poeta, escritor) 
· Muhammad Ali (1942-2016) (atleta, objetor de consciência) 
· Saul Alinsky (1909-1972) (autor, ativista) 
· Richard Alpert (professor, professor espiritual) 
· Bill Ayers (nascido em 1944) (ativista, professor) 
· Joan Baez (nascido em 1941) (músico, ativista) 
· Dennis Banks (1937–2017) (ativista, professor e autor) 
· Sonny Barger (nascido em 1938) (Hells Angel) 
· Syd Barrett (1946–2006) (músico) 
· Walter Bowart (1939–2007) (editor do jornal) 
· Stewart Brand (nascido em 1938) (ambientalista, autor) 
· Lenny Bruce (1925-1966) (comediante, crítico social) 
· William S. Burroughs (1914–1997) (autor) 
· George Carlin (1937–2008) (comediante, crítico social) 
· Rachel Carson (1907–1964) (autora, ambientalista) 
· Neal Cassady (1926–1968) (Merry Prankster, inspiração literária) 
· Cesar Chavez (1927–1993) (líder trabalhista, organizador comunitário e ativista) 
· Cheech & Chong (comediantes, críticos sociais) 
· Jesús Colón (1901–1974) (escritor) 
· Peter Coyote (nascido em 1941) (Digger, ator) 
· David Crosby (nascido em 1941) (músico) 
· Robert Crumb (nascido em 1943) (artista de comix underground) 
· David Dellinger (1915–2004) (pacifista, ativista) 
· Angela Davis (nascida em 1944) (comunista, ativista) 
· Rennie Davis (nascido em 1941) (ativista, organizador comunitário) 
· Emile de Antonio (1919–1989) (documentarista) 
· Bernardine Dohrn (nascida em 1942) (ativista) 
· Bob Dylan (nascido em 1941) (músico) 
· Daniel Ellsberg (nascido em 1931) (denunciante) 
· Sandra María Esteves (nascida em 1948) (poetisa e artista gráfica) 
· Bob Fass (nascido em 1933) (apresentador de rádio) 
· Betty Friedan (1921–2006) (feminista, autora) 
· Jane Fonda (nascida em 1937) (atriz, ativista) 
· Peter Fonda (1940 - 2019) (ator, ativista) 
· Jerry Garcia (1942–1995) (músico) 
· Stephen Gaskin (1935–2014) (autor, ativista, hippie) 
· Allen Ginsberg (1926–1997) (poeta beat, ativista) 
· Todd Gitlin (nascido em 1943) (ativista) 
· Dick Gregory (1932–2017) (comediante, crítico social, autor, ativista) 
· Paul Goodman (1911–1972) (romancista, dramaturgo, poeta) 
· Wavy Gravy (nascido em 1936) (hippie, ativista) 
· Bill Graham (1931–1991) (promotor de concertos) 
· Germaine Greer (nascida em 1939) (feminista, autora) 
· Alan Haber (nascido em 1936) (ativista) 
· Tom Hayden (1939–2016) (ativista, político) 
· Hugh Hefner (1926–2017) (editor) 
· Chet Helms (1942–2005) (gerente de música, promotor de concertos / eventos) 
· Jimi Hendrix (1942-1970) (músico) 
· Abbie Hoffman (1936–1989) (Yippie, autor) 
· John 'Hoppy' Hopkins (1937–2015) (editor, ativista, fotógrafo) 
· Dennis Hopper (1936–2010) (ator, diretor) 
· Yuji Ichioka (1936–2002) (historiador e ativista) 
· Janis Joplin (1943–1970) (músico) 
· Jack Kerouac (1922-1969) (autor, primeiro crítico de contracultura) 
· Ken Kesey (1935–2001) (autor, Merry Prankster) 
· Yuri Kochiyama (1921–2014) (ativista) 
· Paul Krassner (1932–2019) (autor) 
· William Kunstler (1919–1995) (advogado, ativista) 
· Timothy Leary (1920–1996) (professor, defensor do LSD) 
· John Lennon (1940–1980) e Yoko Ono (nascida em 1933) (músicos, artistas, ativistas) 
· Norman Mailer (1923–2007) (jornalista, autor, ativista) 
· Charles Manson (1934–2017) (conspirador para assassinato em massa) 
· Eugene McCarthy (1916–2005) (político anti-guerra) 
· Michael McClure (nascido em 1932) (poeta) 
· Terence McKenna (1946-2000) (autor, Marijuana, Psilocybin, DMT advocate) 
· Russell Means (1939–2012) (ativista, ator, escritor e músico) 
· Jesús Papoleto Meléndez (nascido em 1950) (poeta, dramaturgo, professor e ativista) 
· Barry Miles (nascido em 1943) (autor, empresário) 
· Madalyn Murray O'Hair (1919–1995) (ateu, ativista) 
· Jim Morrison (1943–1971) (cantor, compositor, poeta) 
· Ralph Nader (nascido em 1934) (defensor do consumidor, autor) 
· Graham Nash (nascido em 1942) (músico, ativista) 
· Paul Newman (1925–2008) (ator, ativista) 
· Jack Nicholson (nascido em 1937) (roteirista, ator) 
· Phil Ochs (1940-1976) (cantor de protesto / tópico) 
· Pedro Pietri (1944–2004) (poeta e dramaturgo) 
· Miguel Piñero (1946–1988) (dramaturgo, ator) 
· Richard Pryor (1940-2005) (comediante, crítico social) 
· Jerry Rubin (1938–1994) (Yippie, ativista) 
· Mark Rudd (nascido em 1947) (ativista) 
· Ed Sanders (nascido em 1939) (músico, ativista) 
· Pete Seeger (1919–2014) (músico, ativista) 
· John Sinclair (nascido em 1941) (poeta, ativista) 
· Gary Snyder (nascido em 1930) (poeta, escritor, ambientalista) 
· Smothers Brothers (músicos, artistas de TV, ativistas) 
· Owsley Stanley (1935–2011) (químico de cultura de drogas) 
· Gloria Steinem (nascida em 1934) (feminista, editora) 
· Hunter S. Thompson (1937–2005) (jornalista, autor) 
· Kurt Vonnegut (1922–2007) (autor, pacifista, humanista) 
· Andy Warhol (1928–1987) (artista) 
· Leonard Weinglass (1933–2011) (advogado) 
· Alan Watts (1915–1973) (filósofo) 
· Neil Young (nascido em 1945) (músico, ativista) 




Até o próximo encontro!