domingo, 4 de janeiro de 2015

Womens In Rock - 22. Nico

NICO : Um vulcão no Rock ! 


Christa Päffgen (Köln, Alemanha, 16 de outubro de 1938 - Ibiza, Espanha, 18 de julho de 1988) foi uma cantora, compositora, modelo e atriz, mais conhecida pelo pseudônimo Nico. 
Este pseudonimo lhe foi dado por Andy Warhol e é um anagrama da palavra ICON (ícone).
Nico nasceu a 16 de outubro de 1938, em Köln, na Alemanha. Algumas fontes afirmam que ela teria nascido a 15 de março de 1943, em Budapeste, capital da Hungria.
Nico encontrou fama como modelo. Após abandonar a escola aos 13 anos de idade, ela começou a vender lingerie. Um ano mais tarde, iniciou seu trabalho como modelo em Berlim.


Enquanto trabalhava como modelo, ela conheceu o fotógrafo Herbert Tobias,que lhe deu o nome Nico. Mais tarde, ela se mudou para Paris e trabalhou para a revista Vogue, Tempo, Vie Nuove, Mascotte Spettacolo, Camera, Elle, e outras revistas fashion no começo dos anos 1950.
Após aparecer em vários comerciais de televisão, Nico conseguiu um papel pequeno no filme "La Tempesta" (1958), do diretor Alberto Lattuada. Mais tarde, porém naquele mesmo ano, apareceu no filme "For the First Time", do diretor Rudolph Maté, ao lado de conhecidos atores como Mario Lanza.


Em 1959, ela foi convidada para ir ao set de "La dolce vita", do diretor Federico Fellini, atraindo a atenção de tal diretor, fazendo com que ele desse a Nico um pequeno papel no filme. Naquela época, ela tinha se mudado para Nova York para ter aulas de teatro com Lee Strasberg.
Após dividir o seu tempo entre Nova York e Paris, ela conseguiu o papel principal no filme "Strip-Tease" (1963), do diretor Jacques Poitrenaud. Ela gravou também o title track para o filme, que foi produzido por Serge Gainsbourg, mas que não fora lançado até 2001, quando a música foi incluida no CD como parte da coletânea francesa "Le Cinéma de Serge Gainsbourg".


Durante esse período, ela deu à luz ao seu filho, Ari (nascido em 1962), que teve como pai o ator francês Alain Delon. Entretanto, a criança foi criada a maior parte do tempo pelos pais de Delon, que sempre insistiu em negar sua paternidade.
Em 1965, Nico conheceu o famoso guitarrista do Rolling Stones Brian Jones e gravou com ele o seu primeiro single, "I'm Not Sayin'". O ator Ben Carruthers apresentou-a a Bob Dylan em Paris naquele verão. Dizem que Dylan, mais tarde, escreveu a música "I'll Keep It With Mine" para Nico.
Após ser apresentada a Bob Dylan, ela começou a trabalhar com Andy Warhol e Paul Morrissey em seus filmes experimentais, incluindo "Chelsea Girls", "The Closet", "Sunset" e "Imitation of Christ".



The Velvet Underground & Nico
Após Andy Warhol se tornar o empresário do Velvet Underground, ele propôs que o grupo tivesse Nico como vocalista. O grupo concordou, apesar de uma considerável relutância, devido a razões pessoais e musicais — John Cale, do grupo, descreveu Nico como "tone deaf", algo como: "quem não tem ouvido". Apesar disso, ele iria ter papel fundamental na carreira solo de Nico. O grupo, incluindo Nico, tornaram-se os acompanhadores pessoais para a "Exploding Plastic Inevitable", um show experimental e alternativo de Andy Warhol, que misturava música, filme, dança e pop art.
Nico fez o vocal principal em três músicas ("Femme Fatale", "All Tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror") e providenciou o backing vocal em ("Sunday Morning") no álbum de estréia da banda: The Velvet Underground and Nico. Lançado no ano de 1967, o álbum foi fundamental para o aparecimentos de muitos gêneros musicais, incluindo o punk rock e New Wave.


Nico teve uma breve relação romântica com o vocalista e compositor, Lou Reed. Nesse mesmo período, ela esteve envolvida em relações amorosas com outros músicos, incluindo Cale, Jackson Browne, Brian Jones, Tim Buckley, Bob Dylan e também com Iggy Pop.
Pouco tempo após a turnê que se seguiu, a Exploding Plastic Inevitable, saiu de cena no começo de 1967, Nico e o Velvet Underground foram para caminhos diferentes. Tanto Lou Reed como John Cale tocaram em partes significantes do projeto solo de Nico. Nos próximos 20 anos que seguiram-se, ela gravou uma série de álbuns bem aclamados pela crítica, trabalhando em coisas parecidas com Brian Eno e Phil Manzanera. John Cale esteve particularmente envolvido nas músicas de Nico, produzindo quatro de seus álbuns, como também fazendo arranjos e tocando diversos instrumentos nas gravações.



Carreira Solo
Para o seu álbum de estréia, o Chelsea Girl, lançado em 1967, Nico gravou músicas de diversos artistas como Bob Dylan, Tim Hardin, Jackson Browne e também de Lou Reed e John Cale, dois dos membros do Velvet Underground. Ela gravou também uma música que Lou Reed e John Cale co-escreveram com Sterling Morrison, chamada "It Was a Pleasure Then", uma música de oito minutos com solos de guitarra e de viola.


Chelsea Girl é um álbum tradicional de folk que influenciou artistas do estilo como Leonard Cohen, com arranjos de instrumentos de corda e flautas sobrepostos por seu produtor. Nico, no entanto, não ficou satisfeita com o resultado do álbum finalizado.
Para o seu outro LP, o The Marble Index, lançado em 1969, Nico escreveu todas as músicas do álbum e fez as estruturas de todas as músicas, que consistem principalmente em um balanço de harmônio nos acordes. Os arranjos foram escritos por John Cale, que deu às músicas de Nico um estilo de folk e instrumentos clássicos. Frazier Mohawk produziu o álbum. A harmonia de Nico tornou sua assinatura para o resto de sua carreira. O álbum combina elementos clássicos com o som de folk europeu.
Nico lançou mais dois álbuns solo nos anos 1970: o clássico Desertshore (1970), também produzido por John Cale. Já o The End (1974), co-produzido por Cale e Joe Boyd. Cale tocou a maior parte dos instrumentos nesses dois álbuns. Nico escreveu as músicas, cantou, e tocou harmônica. The End, traz o músico Brian Eno tocando sintetizador.


No dia 13 de dezembro de 1974, Nico fez a abertura para o infame show da Tangerine Dream na Reims Cathedral em Reims, na França. O promotor tinha vendido mais ingressos que o permitido, deixando o local inapropriado para aquele gigantesco número de pessoas, que, pela falta de espaço, mal conseguiam andar ou se mover. Isso resultou em pessoas urinando dentro do hall da catedral. A igreja católica denunciou essas ações e, no fim de tudo, acabou por banir futuras apresentações nas propriedades da igreja.
Nico voltou para Nova York no fim de 1979, onde o seu show de volta no CBGB no começo do ano de 1980, foi bem comentado no New York Times. Ela começou a tocar regularmente no Mudd Club e em outros locais.
Nico gravou seu próximo álbum de estúdio, o Drama of Exile, em 1981. O álbum a separou de John Cale (que vinha acompanhado-a desde o começo), e trouxe uma mistura de rock e arranjos do oriente médio. Ela gravou seu último álbum solo, Camera Obscura, no ano de 1985, novamente com John Cale, desta vez, como produtor, e com o The Faction (James Young e Graham Dids).



Filmes de Philippe Garrel
Entre 1970 e 1979, Nico fez sete filmes com o diretor francês Philippe Garrel. Ela conheceu Garrel em 1969 e contribui com a música "The Falconer" para seu filme, "Le Lit de la Vierge". Mais tarde, ela estava vivendo com Garrel e tornou-se uma figura central em seu círculo pessoal e cinematográfico. A primeira aparição de Nico em um filme de Garrel aconteceu em, La Cicatrice Intérieure, de 1972. Nico contribui também com uma música para o filme. Ela apareceu em outros filmes de Garrel como Anathor (de 1972); o filme biográfico de Jean Seberg, Les Hautes Solitudes, lançado em 1974; Un ange passe (de 1975); Le Berceau de cristal (de 1976), estrelando Pierre Clementi, Nico e Anita Pallenberg; e também Voyage au jardin des morts (de 1978). Seu filme de 1991, J'entends Plus la Guitare, é dedicado à Nico.


Nico parecia uma criança, era uma pessoa infantil, muito doce, mas as drogas deixaram-na medonha. Nos anos cinquenta, tinha sido uma modelo famosa por causa daquele visual loiro alemão. Mas com todo aquele veneno em seu organismo, ela quis ficar feia, porque, se você quisesse ser aceito no mundo da droga, devia ser repulsivo e fazer sons feios. Por isso ela se esforçou bastante pra parecer feia e fazer sons feios, mas era apenas uma trilha auto-destrutiva na qual ela entrou quando se ligou em heroína. Ela levou bastante tempo para morrer, mas na época já tinha parado. Estava usando metadona, mas provavelmente o organismo dela estava debilitado. 
Paul Morrissey


Morte
Nico foi uma viciada em heroína por mais de quinze anos. O biógrafo Richard Witts especulou que o vício de Nico se deu por suas experiências traumáticas de guerra, ainda durante sua infância, e também por ser uma criança ilegítima.
No dia 18 de julho de 1988, enquanto estava em férias com o seu filho em Ibiza, na Espanha, Nico teve um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e, na queda, bateu a cabeça. O motorista de um táxi que passava a encontrou inconsciente e teve dificuldade para conseguir encontrar um hospital que a atendesse em Ibiza, pois Nico não tinha plano de saúde.


No fim da manhã de 17 de julho de 1988, minha mãe me disse que precisava ir ao centro para comprar marijuana. Sentou na frente do espelho e enrolou um lenço preto em volta da cabeça. Minha mãe fixou o olhar no espelho e tomou o maior cuidado para enrolar o lenço de maneira apropriada. Desceu a colina na bicicleta dela: "Não vou demorar". Ela saiu no começo da tarde, lá pela uma hora, no dia mais quente do ano, estava trinta e cinco graus. 
Ari Delon, filho de Nico

Nico morreu porque não tinha plano de saúde em Ibiza. Ela usava aquelas detestáveis roupas hippies de lã para disfarçar sua aparência, que tinha se deteriorado com o vício. E ela estava pedalando, usando aquelas coisas de lã no meio do verão, no maior calor, e teve uma insolaçãozinha que provavelmente teria sido bem fácil de tratar. Mas o cara que a pegou na estrada levou-a a dois ou três hospitais em Ibiza e nenhum deles a aceitou. Finalmente a Cruz Vermelha pegou-a, e ela morreu lá. 
Paul Morrissey

Incorretamente, ela foi diagnosticada por ter sofrido insolação, e morreu no dia seguinte. O exame de raio-X, mais tarde, acabou revelando uma severa hemorragia cerebral, que foi o que lhe causou a morte.
Nico foi enterrada no "Grunewald Forest Cemetery" em Berlin. Alguns amigos colocaram uma fita da música "Mütterlein", uma música de seu álbum "Desertshore", em seu funeral.

Discografia

Álbuns de estúdio
   1967 - The Velvet Underground and Nico
   1967 - Chelsea Girl
   1969 - The Marble Index
   1970 - Desertshore
   1973 - The End
   1981 - Drama of Exile
   1985 - Camera Obscura

Álbuns ao vivo
   1974 - June 1, 1974
   1982 - Do or Die: Nico in Europe
   1985 - Nico Live in Pécs
   1986 - Live Heroes
   1986 - Behind the Iron Curtain
   1987 - Nico in Tokyo
   1988 - Fata Morgana (Nico's Last Concert)
   1989 - Hanging Gardens
   1994 - Heroine
   2003 - Femme Fatale: The Aura Anthology
   2007 - All Tomorrow's Parties (álbum duplo)


Christa Päffgen: ou Um Vulcão Chamado Nico
Por Luiz Carlos Barata Cichetto



Começo essa história pelo fim. Em 11 de Abril de 1986, em Tokyo, Japão, com a melhor interpretação já feita da música "The End" do The Doors, por uma alemã chamada Christa Päffgen. Ou simplesmente Nico. E continuo com o fim, em Ibiza dois anos depois, em 18 de Julho de 1988, por falta de atendimento médico adequado, de hemorragia cerebral.
Nico era um ícone (“icon”, em inglês), num anagrama sacado por Andy Warhol. Feminina, linda e dona de uma voz grave que penetra fundo, perturba, cutuca e fere. Mas Warhol errou, Nico não era um ícone, era um uma fonte, um vulcão, uma fonte de lavas que escorriam pelas calçadas e até os bueiros mais escuros de Nova York, Londres, Paris; um vulcão gerador do caos, um vulcão cujas lavas solidificadas geram montanhas, colinas...
Christa Päffgen nasceu a 16 de outubro de 1938, em Köln, na Alemanha. Mas Nico não nasceu, jorrou das entranhas da Terra feito a lava de um vulcão, que brota e se esparrama queimando o que encontra em seu caminho. E queimou a muitos: Andy Warhol, Alain Delon, Lou Reed, John Cale, Bob Dylan, Brian Jones, Paul Morrissey, Jim Morrison, Jackson Browne, Tim Buckley, Iggy Pop… Nico queimou a todos e todos queimaram por ela.
Aos 13 anos Nico abandonou a escola e começou a esparramar suas lavas fumegantes, primeiramente trabalhando como modelo, para revistas de moda como a Vogue. Depois como atriz aparecendo em pequenas participações em filmes de diretores como Alberto Lattuada, Rudolph Maté e Fellini, decerto encantados com aquele Vulcão de beleza e sensualidade. Em 1962 Alain Delon também queimou nas lavas fumegantes de Nico e tiveram uma criança de nome Ari. Em 1963 o Vulcão Nico reina, ao ganhar o papel principal e gravar a música tema do filme "Strip-Tease", do diretor Jacques Poitrenaud, produzido por Serge Gainsbourg.
Em Londres de 1965 foi a vez do guitarrista do Rolling Stones Brian Jones conhecer o Vulcão e gravar com ela "I'm Not Sayin'". Logo em seguida Paris a apresentaria a Bob Dylan que mais tarde escreveria a música "I'll Keep It With Mine" para ela.
E Andy Warhol e Paul Morrissey conheceram o Vulcão Nico e a colocaram a jorrar suas lavas de sensualidade e talento em seus filmes experimentais, "Chelsea Girls", "The Closet", "Sunset" e "Imitation of Christ". Warhol deu ao Vulcão o nome de Nico e a colocou no centro do underground nova-iorquino com seu projeto "Exploding Plastic Inevitable", um show experimental e alternativo que misturava música, filme, dança e pop art. O Velvet Underground que passaria a ser: "& Nico" e ela fez o vocal principal em três músicas ("Femme Fatale", "All Tomorrow's Parties" e "I'll Be Your Mirror") e o backing vocal em "Sunday Morning" no álbum de estréia da banda, lançado no ano de 1967, fundamental para a história do Rock.
O Vulcão a cada ímpeto jorrava a lava fervente de suas entranhas e é claro que isso incomodava àqueles em suas encostas. E Nico foi brilhar sozinha, lançando a partir daí e pelos próximos 20 anos, discos com a qualidade gerada por sua energia vital. Afinal, Nico era o Vulcão. O gênio John Cale esteve particularmente envolvido nas músicas de Nico, produzindo, fazendo arranjos e tocando nas gravações em vários de seus discos.
E durante muitos anos o Vulcão jorrou intensamente sua lava e ela participou de inúmeros filmes e gravou muitos discos. Sempre a presença do cigarro, as mãos trêmulas, e os olhos sempre a procura de algo. Olhos depois escondidos por óculos escuros... O jorro ainda era intenso, mas a força e a intensidade daquele vulcão estava debilitada pela heroína e por suas experiências traumáticas de guerra durante a infância... E principalmente por ter gerado tanto calor e tanta luz, que fizeram com que ela se esgotasse completamente em Ibiza em 1988.
Nico teve um ataque cardíaco enquanto andava de bicicleta e, na queda, bateu a cabeça. Nenhum hospital quis atender uma mulher que usava aquelas detestáveis roupas hippies de lã para disfarçar uma aparência deteriorada...
E o Vulcão silenciou, esvaiu, extinguiu ou adormeceu?... Mas ainda podemos, das profundezas da Terra escutar suas canções, naquela voz grave... E o Vulcão Nico ainda jorra, ainda queima, ainda arde, ainda é bela, ainda... É um Vulcão!
Fonte: http://whiplash.net/materias/biografias/154042-nico.html#ixzz3MLZXNpBA


NICO & THE VELVET UNDERGROUND : Femme Fatale


NICO : Winter Song


NICO : The End Live In Tokyo 1986


NICO : I’ll Be Your Mirrir Warhol Video 1966


NICO : All Tomorrows Parties Live At The Preston Warehouse 1982


NICO : My Heart Is Empty


Nico foi uma extraordinária vocalista, que depois das palavras de Luiz Carlos Barata Cichetto esgotam-se as demais.
Longa Vida a Nico !
Longa Vida ao Rock And Roll !

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