domingo, 9 de agosto de 2020

ROCK - Suas Histórias & Suas Magias - Capítulo 7 Parte D


Capítulo 7
A Sociedade nos Anos 50 - Parte D


12. Movimento Beat ajudou a deixar a sociedade mais moderna

O primeiro contato de Claudio Willer com a literatura beat se deu com a leitura de On the road (Na estrada) e The dharma bums (Os vagabundos iluminados). Mas o impacto definitivo ocorreu quando o poeta Roberto Piva lhe entregou uma pilha de obras da literatura beat. 

Claudio Willer

Ficou fascinado pelo espírito de aventura, a maneira audaciosa de misturar literatura e vida, a busca do êxtase e a liberdade de imaginação no ritmo das improvisações do jazz. É autor de Geração beat — Poesia e rebelião (Ed. L&PM Pocket), que será autografado na terça-feira, no Sebinho (406 Norte, comercial). Em seguida, ele fará palestra sobre o tema do livro, mediada por Adeilton Lima, inaugurando o projeto O Sebinho convida: da palavra ao verso. Willer é doutor em letras pela USP e traduziu, entre outras, obras de Lautreamont e Allen Ginsberg. Nesta entrevista para o Pensar, o escritor sustenta que o legado de rebeldia da geração beat permanece vivo na busca de uma literatura libertária, na liberdade sexual e no multiculturalismo.

A literatura beat é uma subliteratura?
Desqualificar a literatura beat é coisa de críticos reacionários, incomodados com aquilo que obras de Kerouac, Ginsberg, Snyder, McClure, di Prima, etc, têm de subversivo. Em especial, On the road, de Jack Kerouac, a narrativa mais influente da segunda metade do século 20, que não só mudou a vida de pessoas (Bob Dylan, por exemplo, saiu de casa após lê-lo), mas teve um sentido coletivo, ao desencadear, com Uivo de Allen Ginsberg, a Geração Beat. 

Uivo de Allen Ginsberg

Foi a obra mais atacada, desde seu lançamento em 1957, até hoje. Recentemente, por exemplo, em uma aula aberta de Yale, uma professora importante declarou serem Cassady e Kerouac estereótipos de homens “brutos, naturalizados”, que queriam liberar seus desejos sexuais, por meio de uma aventura “vazia e sem sentido”. Inumeráveis críticos ecoam. Diante disso, é preciso resgatar suas qualidades especificamente literárias, a começar, em Kerouac, pela copiosa prosa poética, e sua substância filosófica, que vai muito além da apologia da libertinagem. E ler o restante da obra colossal dele e dos demais beats. Pegue, por exemplo, uma antologia recente, Poesia beat, organizada por Sergio Cohn, publicada pela Azougue: a qualidade salta aos olhos.Continua depois da publicidade

Quem são os precursores reconhecidos ou não da literatura beat? Walt Whitman? Jean-Arthur Rimbaud? Baudelaire? Louis Ferdinand Céline?
E William Blake. Mas ele e outros autores que você cita — Whitman, Rimbaud, Baudelaire — são universais. Influenciaram tudo, a beat e o restante. É forte a influência de românticos — Gregory Corso idolatrava Shelley, fez que o enterrassem em Roma ao lado do túmulo do poeta inglês. E de formalistas: Ezra Pound e dois de seus seguidores, William Carlos Williams, mentor de Ginsberg, e Charles Olson, cultuado por Michael McClure. 

William Blake

E muito mais. Kerouac e amigos faziam leituras em voz alta de Ulisses e Finnegan’s Wake de James Joyce, para captar a prosódia. Viajavam com um volume de Proust, como foi mostrado no filme de Walter Salles, Na estrada.

Há uma leitura talvez rasa segundo a qual os autores da literatura beat eram pouco letrados. Isso procede?
Basta lê-los! O tempo todo, comentam suas leituras. Kerouac, nos diários e em Anjos da desolação: “Histórias de dor! De repente estou escrevendo como Céline”. Etc. Mais importante que os comentários é o intertexto: reescreveram e recriaram o que leram. Em todos eles, constantemente, se observa o diálogo criativo com outros autores.

Parece que Charles Bukovski não gostava de ser ligado à literatura beat. Como avalia as relações dele com o movimento?
Bukovski reconheceu a importância de Ginsberg, e da beat em geral, em Pedaços de um caderno manchado de vinho. Mas, naquela altura, os beats eram celebridades, e Bukowski fazia questão de ser a margem da margem, o rebelde perante a rebelião. Beat, já convertida em beatniks e em contracultura, era algo coletivo demais para ele, individualista radical: “Eu era um movimento de protesto, sozinho”, escreveu. Ademais, religiosidade e misticismo, fortes em Ginsberg, Kerouac ou Snyder, eram algo ausente de seu interesse ou sensibilidade.

Como avalia a importância do jazz para a literatura beat?
Como decisiva. Aos 17 anos, em 1939, Kerouac ia ao Minton’s, ao Harlem, via o bop nascer e entrevistava Dizzy Gillespie para o jornal do curso preparatório que estava fazendo. Caso particular de sua enorme sensibilidade auditiva. Beats sabiam ouvir — incorporaram à sua poesia a riqueza da língua falada, da fala das ruas, da música em geral e do jazz em especial, assim como das expressões orais de culturas arcaicas, cantos tribais e mantras. Ginsberg, em um dado momento, tornou-se um dublê de poeta e músico. 
 
Minton’s – The Harley Jazz Club

A parceria com Bob Dylan não foi circunstancial. Mas seus modos de expressão musical prediletos eram a balada country (gravou discos) e o punk rock (participou de turnês com The Clash de Joe Strummer). McClure apresentou-se com The Band, etc.

Qual a dimensão que teve o poema Uivo para a afirmação da poesia beat?
A geração beat já havia sido divulgada por meio da narrativa Go!, de John Clellon Holmes, de 1952. Mas o poema Uivo, de Ginsberg, lido em 1955, publicado logo a seguir por Ferlinghetti, teve um impacto colossal. Como declarou Kenneth Rexroth: “Quando Allen leu Howl, foi como se o céu caísse sobre nossas cabeças. Um efeito inimaginável. Pois, seguramente, ele dizia tudo o que aquele público desejaria ouvir, e dizia isso na linguagem deles, rompendo radicalmente com o estilo estabelecido.” É um poema messiânico, plataforma de uma rebelião. Anuncia que marginais transformarão o mundo; que “o vagabundo louco e beat angelical no tempo, desconhecido, mas, mesmo assim, deixando aqui o que houver para ser dito no tempo após a morte” iria “recriar a sintaxe e a medida da pobre prosa humana”. O impacto ampliou-se com a tentativa de censura, o processo contra a circulação do livro, impulsionando suas vendas para centenas de milhares de exemplares e, logo, para milhões.

Quem são os representantes da literatura beat no Brasil?
Talvez a enumeração seja demasiado extensa. Há muitos. Nenhum, porém, como destaco em meu livro Geração Beat, equivalente ao poeta Roberto Piva. Mundialmente, ninguém fez uma loucura equivalente à que ele cometeu: em Paranoia, de 1963, apropriou-se de trechos de Ginsberg e Corso, reescreveu-os de modo pessoal, criativo, surreal. 
 
Roberto Piva

Adicionou. E fez o mesmo, também com McClure, Snyder, Burroughs, Kerouac e outros, em seus livros subseqüentes. Amigos de Piva constituíram-se em confraria fascinada pela beat: Roberto Bicelli, Raul Fiker, Maninha Cavalcante, Toninho Mendes, eu e outros, conforme bem documentado no recente livro Os dentes da memória: Piva, Willer, Bicelli e uma trajetória paulista da poesia, de Renata D’Elia e Camila Hungria (editora Azougue). Citaria outros: Antonio Bivar, Eduardo Bueno, Luís Carlos Maciel, etc. Destaco, por volta de 1995, Sergio Cohn e amigos, ao criarem a Azougue, porem-se a traduzir e publicar autores beat. Cohn faz isso até hoje, e há marcas da poesia beat em sua criação. Dos novos, o bom poeta carioca Augusto de Guimarães Cavalcanti. Ademir Assunção apresenta-se como leitor da beat. Claro que o inventário seria extenso, haveria muito mais a ser citado — quem sabe, o impacto maior tenha sido social, refletindo-se na vida, no comportamento.

Qual a impacto da literatura beat no Brasil? Ela formou escritores à altura da matriz? Qual o principal legado da literatura beat?
Já relatei o caso de Roberto Piva — foi o melhor. No geral, a qualidade de contemporâneos brasileiros é um assunto que prefiro discutir daqui a uns 50 anos — na devida perspectiva...

Quais as conexões e as diferenças que estabelece entre a poesia beat e a Poesia Marginal?
Chacal, poeta da Poesia Marginal e do grupo Nuvem Cigana, comentou recentemente — após minha palestra sobre beat e Ginsberg na Livraria Travessa, no Rio — que os beats eram algo forte, influente para eles, mas que tinham pouco acesso às obras. No meu Geração beat, observo a enorme influência da contracultura, por sua vez decorrente da beat, na tropicália e outros movimentos, mas esse já é um ciclo ou etapa seguinte.

Essa dimensão de contestação radical colocada pela literatura beat se perdeu? A literatura ficou muito bem-comportada na pós-modernidade?
Não, de jeito nenhum. Muito da contribuição da beat e da contracultura incorporou-se às sociedades mais modernas, tornando-as mais abertas. Principalmente, o recuo da censura (que, contudo, a toda hora tenta voltar). Você nem imagina como era por volta de 1960. Assuntos que hoje são tema de um debate amplo — vida sexual, respeito à diversidade, valorização do multiculturalismo, defesa do meio ambiente — naquela época eram minoritários, vistos como excentricidade — inclusive nos setores à esquerda, que se apresentavam como progressistas. Quanto ao crescimento atual de um neoconservadorismo, acredito que refluirá, que se esgotará por seu vazio de propostas.

O senhor já realizou várias performances em Brasília. Qual a visão que tem da cidade?
Estive em Brasília uma quantidade de vezes, perdi a conta de quantas. As primeiras, na década de 1960 com a cidade ainda em construção. Em duas das ocasiões, escrevi poemas. Espero que isso volte a acontecer. Já me apresentei aqui como poeta, mas esta, desta vez, vai ser a apresentação mais importante.


Fonte 
Ensaio feito pelo poeta, ensaísta e tradutor Claudio Willer
postado em 29/09/2012
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2012/09/29/interna_diversao_arte,325137/movimento-beat-ajudou-a-deixar-a-sociedade-mais-moderna-diz-claudio-willer.shtml


13. O Movimento Beat

O termo Beat é de origem controversa. Jack Kerouac defendia que o termo fosse uma abreviação de beatitude. Allen Ginsberg nominava seus devassos e esquisitos amigos de farras e poesias, como beatificados – “mendigos santos sofredores e fodidos”. Outras fontes alegam que essa denominação estava relacionada à influência do jazz por sua batida, ritmo e improviso, mas também como parte de um novo arsenal de gírias da época, associado a um fenômeno da mídia devido ao primeiro satélite lançado ao espaço, o russo Sputnik. Por causa dos comportamentos nada ortodoxos desse grupo um crítico do jornal San Franciso Chronicle, em 2 de abril de 1958, chamou-os de forma depreciativa, por “Beatniks”, fundindo o nome do satélite (símbolo de novidade e velocidade) às suas aparências desleixadas, suas ousadias em ouvirem música negra e por espalharem uma literatura direta e espontânea, que ignorava as regras da academia.
 
Imagem do filme On the Road de Walter Salles em 2012

O Movimento Beat irá absorver o “fluir” do Surrealismo onde o inconsciente se torna matéria de criação de arte num emaranhado de escapes com fortes doses de uma anarquia intuitiva, em total negação às hierarquias sociais e posturas irreverentes nunca vistas antes por grupos jovens. A aparência caótica de seus comportamentos imporá um debate entre as famílias tradicionais estadunidenses, cujos problemas de rebeldia ligados a uma determinada faixa etária da sociedade organizada do Ocidente são identificados. Começa a surgir a “juventude transviada”.
Os beatniks buscarão essa índole anárquica de criar e produzir, propondo a extinção da censura sobre vivências e sensações, isto é, sem as noções maniqueístas de bem e mal, de santo e pecaminoso da sociedade naquele tempo. A liberalidade sobre a subjetividade surge num momento em que o peso da existência de uma sociedade massificada e moralista, aparece como subproduto da industrialização que começa a se impor no cotidiano social do pós-guerra. Freud, figura que vinha se tornando mais e mais conhecida desde o Surrealismo no final dos anos 1920, torna-se imperiosa com o existencialismo de Sartre, jogando lenha na fogueira dos experimentos vivenciais. Contra a máxima sartreana de que “o inferno é o Outro” os Beats escolhem as estradas como via para seus próprios Paraísos longe das cidades superpovoadas da Costa Leste. O Movimento Beat torna-se nômade, festeiro, drogado e imerso na poesia transgressiva de uma geração que se opõe à sociedade puritana subserviente às leis do mercado e ao deslumbramento das tecnologias que escravizam e massificam.
 
A longa estrada 66 (Route 66) que atravessa os EUA de Leste para o Oeste
marcou a Geração Beat, levando-os de N. York para S. Francisco

Com a Geração Beat as condições repressivas da sociedade do pós-guerra, começam a ser pulverizadas pela força da indústria cinematográfica com filmes de extrema violência existencial como o Vidas Amargas (East of Eden, de 1955), que foi um escândalo, visto como uma delação dos silêncios impostos por uma estrutura familiar e social repressora, acovardada e violenta. A este filme, seguiu-se Juventude Transviada (Rebel without a Cause, do mesmo ano de 1955) que levantou mais polêmica, mas sempre abafada pela própria indústria do cinema, jogando com o glamur do ator James Dean (jovem e lindo) na tentativa de relativizar impactos sobre conceitos morais de uma sociedade que, até então, esforçava-se para se manter casta e vigorosa como padrão social. Mas a cortina do moralismo já estava rota.
A polêmica evidenciava questões perigosas em um momento delicado da Guerra Fria, quando o macarthismo, em plena cruzada contra o comunismo, perseguia adversários e críticos dessa sociedade, que via sua herança puritana, cristã e castradora, tornar-se monstruosa ao invés de virtuosa como sempre acreditou ser, através do american way of life que, neste momento, é posto em cheque.

 

Além do cinema, o movimento Beat impactaria a cultura ocidental pela qualidade literária, principalmente de três de seus mais famosos representantes: Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs, entre outros. Esse movimento, em si mesmo, já era um emaranhado de influências, com ingredientes explosivos que incluíam a rejeição ao modus vivendi da classe média estadunidense e seus objetivos de consumo, a imposição de uma higiene pessoal e aparência apolíneas, duplicadas nas relações interpessoais formais, hierarquizadas e competitivas, e várias outras.
Essa busca de aventuras por deslocamentos geográficos e inquietações nos subterrâneos da consciência e do corpo, percorriam caminhos freudianamente perigosos, repletos de porões e sótãos de si mesmos. Nessas viagens, além de seus carrões baratos pela explosão da indústria automobilística dos anos ’50 e ‘60, também mergulhavam em outras vertigens levados pelo álcool, as drogas, a música inebriante e a ‘escrita automática’ aprendida do Surrealismo, produzindo golfadas de imagens instantâneas com passagens ao desconhecido íntimo, talvez até, seus próprios monstros.
Uma das marcas mais impressionantes das experiências desse grupo foi denominada por Kerouac de “prosódia bop”, significando uma linguagem rápida, com versos longos, misturas espontâneas, saltos de ideias livres como os compassos do free jazz não domesticado, impaciente e marginal. Nessa mesma ‘vibe’ alguns nomes do jazz do período ficarão associados aos road-poets como Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Thellonious Monk, mas também o experimentalismo nas artes plásticas, que buscava se perder sem domínio, como a pintura gestual de Jackson Pollock jogando o corpo, o suor, as raivas e erotismos em golpes de pincéis em febre, produzindo todos juntos e fragmentados os “anais” da Beat Generation. Estudioso dessa perturbação artística do pós-guerra Claudio Willer comenta as ousadias que marcaram as artes e as letras, concordando com Ginsberg na imagem da ‘iogas da palavras’ onde o fruir dos sons, imagens e ritmos das palavras, prescindiam da velha e mofada coesão de sentidos. Entender? Não com a razão.

 Alen Ginsberg lendo Howl (Uivo) em Berkeley, San Francisco, em 1959

Apesar da fama de vagabundos, afinal fizeram-se nômades grande parte de suas vidas, tinham em sua maioria, formação universitária ligada às letras, e todos eles, ou quase todos, viveram de vender seus textos às editoras e jornais, mesmo quando em trânsito pelas estradas do país, via correios. Pode não ser tão romântico conhecer essa realidade dos Beats, mas poupou seus integrantes da pobreza absoluta, garantindo o nomadismo. De qualquer modo, fosse pelo marketing da indústria cinematográfica, por um inconsciente coletivo que já se indispunha aos padrões rígidos das sociedades cristãs do Ocidente, ou pela alta qualidade da produção literária da maioria de seus integrantes, suas ideias escaparam do país, espalhando-se por outros Continentes.
Herdeiros desse movimento no Brasil, grandes poetas vivos ou idos são Claudio Willer, Roberto Piva, Rodrigo de Haro, Antonio Fernando de Franceschi, Roberto Biccelli e outros. Roberto Piva, em especial, mergulhado num surrealismo revisitado pela iconoclastia beat, atravessa a louca São Paulo já dos anos sessenta aos noventa (século XX) numa loucura de experiências fragmentadas por um moralismo que não consegue sequestrar seus pecados e desandanças.

Bicho-Preguiça

Flores calvas
calmas
colunas de fumaça
dançando
na Lua nua
seus beijos dançam
em minha boca vermelha
estrelas azuis folhas calcinadas
o parque é um sonho vegetal & seus olhos zumbem
vocês atravessam a ponte do delírio
Bem-te-vi bebendo o orvalho
na palmeira
correrias de crianças criando o caos
colorido
o parque espreguiça
onde você estiver esta tarde de janeiro 77
gostaria de receber seu coração por Via Aérea
com todas as pérolas do amor com mãos dadas
percorrendo as ruas à procura do Rumo
andaimes partidos na alma amassada na
mesma hora hora
tudo feito sob medida de um terremoto …
(Coxas (1979)

“Ginsberg tinha razão ao falar em ‘ioga da palavra’ referindo-se a essa fruição das palavras como ritmo e sonoridade, desligadas de seu sentido imediato” citando Claudio Willer e seus estudos.
Também Burroughs experimentava, com suas colagens de palavras, cujo procedimento consta de recortar e dobrar, ou seja: cut up e fold in, usurpadas do Dadaísmo. Burroughs escreveu o Almoço nu, entre outras obras, com essa técnica. Em um poema Allen Ginsberg comenta assombrado, essa maneira surrealista de Burroughs criar.
 
On Burrough’s Work

The method must be purest meat
And no symbolic dressing,
Actual visions and actual prisons
As seen then and now
Prisons and visions presented
With rare descriptions
Corresponding exactly to those
Of Alcatraz and Rose
A naked lunch is natural to us,
We eat reality sandwiches.
But allegories are so much lettuce
Don’t hide the madness
(San Jose, 1954)


Sobre a obra de Burroughs

O método deve ser a mais pura carne
e nada de molho  simbólico,
verdadeiras visões & verdadeiras prisões
assim como vistas vez por outra
Prisões e visões mostradas
com raros relatos crus
correspondendo exatamente àqueles
de Alcatraz e Rose
Um lanche nu nos é natural,
comemos sanduíches de realidade
Porém alegorias não passam de alface.
Não escondam a loucura.

Esse fluxo da palavra tem mesmo a intenção de deixar surgir como num improviso de jazz, um jorro rítmico, acelerado, às vezes construído em frente aos olhos como um ente mítico, chamado “Poema”.


14. Geração Beat abriu a porta para o começo da Revolução Sexual
 
A chamada Beat Generation constitui-se na vida, na obra e também na lenda de alguns escritores americanos da década de 1950. Acordaram do pesadelo da Segunda Guerra Mundial com a sombra de um cogumelo atômico sobre suas cabeças e produziram livros de poesia e prosa com uma marca muito própria. Eram, essencialmente, contestadores do sistema americano, aquele que ficou conhecido como American Way of Life e que os EUA exportam para todo o planeta.
Esses poetas achavam que tudo estava muito devagar, daí o nome Beat, ritmo, embalo, ligação, e também bater, e beatificar. Esses artistas da palavra estavam descobrindo a cultura negra, a riqueza do jazz, a sensualidade, e a festa, é claro. A festa dos cabarés ao som do sopro do jazz… Foi um movimento de celebração da vida e da liberdade. Afinal, o mundo poderia acabar por qualquer razão idiota que a guerra fria decidisse encontrar.
O grupo inicial tinha na figura de Jack Kerouac sua principal expressão. Jack criou o termo Geração Beat, sacramentado quando o New York Times o publicou. Kerouac escreveu um livro chamado On The Road, algo como Na Estrada. Até hoje os Road Movies, esses filmes em que os protagonistas viajam de carro pelo deserto americano, repetem essa fórmula de sucesso.
Mas Jack não chegou a ser aceito pelo sistema americano. Como todo artista de vanguarda, sofreu rejeição por sua ousadia. Junto com ele vieram poetas com Allen Ginsberg, romancistas como William Burroughs, filósofos com Herbert Marcuse e cientistas como Thimoty Leary, que distribuía LSD no campus da universidade.
A Geração Beat foi uma das principais vertentes que deram origem ao Movimento Hippie, que por sua vez mudou radicalmente o Ocidente. Se a revolução comunista caiu junto com o muro de Berlim, em 1989, os hippies ou seus descendentes podem afirmar que foram vitoriosos, isso porque foi um movimento estético antes de tudo, e o mundo incorporou essa estética. O cinema, a moda, a música, sobretudo, absorveram esse legado vorazmente.
Quando Elvis Presley rebolava as ancas sensualmente, e a TV da época só era permitida a mostrá-lo da cintura para cima, era sinal de que a revolução sexual estava começando. Os beats abriram essa porta e a geração seguinte fez muito sexo ao som de Jimi Hendrix ou com a voz rouca de Janis Joplin ao fundo.

Fonte 
Regina Navarro Lins
https://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2018/01/25/geracao-beat-abriu-a-porta-para-o-comeco-da-revolucao-sexual/


15. Imagens, Músicas e Filmes da Década Beatnik

The Beat Generation



What Greenwich Village Beatniks Were Like



20 Vintage Photos of the Beat Generation



I Feel Like Saying A Beatnik Poem 1950's B Movie Style



1950's Beatnik Wedding Music?



Beat Generation - Kerouac & Ginsberg - New York 1959



Greenwich Village Suring The Beatnik Era 1961



John Brent’s Bible Land 1961Greenwich Village Story



16. Imagens, Músicas e Filmes da Década de 50


Os Melhores Filmes por Ano - Anos 50



Top 10 Movies of the 1950s



1950s Commercials and Vintage Commercials



50 Incredible Vintage Photos of Life in America during the 1950s Volume 1



50 Incredible Vintage Photos of Life in America during the 1950s Volume 2



50 Incredible Vintage Photos of Life in America during the 1950s Volume 3



Car Lots and Assembly lines of the 50s



Hollywood Blvd 1957



Mid Century Home Life - The 50s



Top Best Rock and Roll Classic (50s) Video and Dance Moves



Top 50 Greatest Hits of the '50s



Top 10 Decade Defining Actors: 1950s



Los Angeles in the 50s



Spectacular New York, 1956



This Is London Reel 1 (1950)



London Girls (1954)



London Traffic (1952)



This Is London Part 1 (1950-1959)



This Is London Part 2 (1950-1959)



Driving Through Old London (1950's)



Look at Life - Down London River, 1959




Marilyn Monroe - Forever Young



The Greatest Films of Marilyn Monroe



Top 10 Grace Kelly Fashion Moments in Movies





Até o próximo encontro!


Nenhum comentário:

Postar um comentário