Não há como não se impressionar ao revisitar a história do Rock Brasileiro. Sempre encontraremos algo único, maravilhoso, que por um motivo ou outro, ficou meio escondido no passado.
Esse é o caso dessa fantástica banda, Lírio de Vidro, que surgiu no final de 1977 e era liderada pelos amigos Índio (Ricardo Cardoso) e um dos maiores guitarristas que esse país já viu, o genial Kim Kehl.
O Lírio de Vidro se destacou desde o início por ser uma banda extremamente pesada, com influências do rhythm n blues e do Rock Progressivo, que fez a cabeça de muita gente boa na época, incluindo Luiz Sergio Carlini, Oswaldo Vecchione e todo o pessoal do Patrulha do Espaço (ainda com Arnaldo Baptista).
Durante dois anos, excursionaram por várias cidades e realizaram shows antológicos, como as apresentações no Festival Rock & Jeans e no Teatro Pixinguinha em São Paulo.
Nesse período, a banda teve duas formações: Kim Kehl (guitarra/vocal), Índio (bateria), Raul “Zica” Muller (guitarra base) e Luiz “Frajola” Marcelo (baixo) e posteriormente, Paulinho Pirata e Neto, que entraram no lugar de Zica e Frajola.
Infelizmente, não chegaram a lançar nenhum disco nos anos em que estavam em atividade (1978/79), porém, ensaiavam exaustivamente na garagem da avó do Kim (Dona Margarida) e foram com essas gravações, registradas de uma forma até certo ponto precária (em um velho gravador de rolo, em mono), que o CD Lírio de Vidro foi concebido, em 2004, pela gravadora Medusa Records.
Nessa obra, só encontramos “porrada”, canções vibrantes e totalmente Rock N Roll e fica até difícil citar/definir uma ou outra faixa. De qualquer forma, até para entender o contexto, a sintonia e a emoção que os caras queriam passar, o ouvinte precisa necessariamente passar pelas músicas mais fortes do disco: “Vampiro” (utilizada também por Nasi e Os Irmãos do Blues), “Mar Metálico” (gravada pelo Patrulha do Espaço, no álbum Patrulha- Álbum Branco), “Tudo Isso e Muito Mais” (que foi reaproveitada por Kim Kehl no projeto Mixto Quente), “Rock N Roll Lili”, “Até o Fim”, “Rainha do Som” e “Osso Duro” (uma clara referência aos Rolling Stones e ao Deus Keith Richards), “Lírio de Vidro” e “Vem Comigo” (grandes Rock Ballads) e a instrumental “Blues” (com a ilustre participação do guitarrista André Christovam, então com 17 anos). Aproximadamente 80 minutos de muita magia e música da melhor qualidade.
Com o fim precoce do Lírio de Vidro, Kim Kehl foi o que mais se destacou no cenário musical. Entrou para o Made In Brazil e registrou o clássico Minha Vida é Rock N Roll, formou o Mixto Quente e nos presenteou com o disco homônimo da banda (lançado pela Baratos Afins) e entre outros projetos, continua na ativa com o grupo Kim Kehl e os Kurandeiros.
Certamente, esse lançamento em CD foi a realização de um sonho para o Kim, mas foi também para nós, amantes do bom e velho Rock n Roll, que pudemos ter acesso as maravilhas criadas pelo Lírio de Vidro. Seria realmente muito injusto se uma banda tão incrível não tivesse registrado algo para a posteridade.
Lírio de Vidro, uma jóia brasileira que jamais poderá ser esquecida!!
Fabiano Oliveira
LÍRIO DE VIDRO : Mar Metálico
Sensacional!! \0/
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