domingo, 19 de abril de 2015

Women's In Rock - 33. Ana Popovic

ANA POPOVIC : Uma mulher com estilo e talento inimagináveis !



Ana Popović nasceu em 13 de maio, 1976 em Belgrado na Sérvia, mas reside em Memphis, Tennessee desde 2012, e é uma cantora e guitarrista de Blues.
Seu pai a apresentou ao Blues quando ela tinha 15 anos de idade, e daí em diante, sua vida não seria mais a mesma.


Em 1995 ela forma a banda Hush junto a Rade Popović (guitarra, vocais), Milan Saric (guitarra baixo) e Bojan Ivković (bateria). O Hush era uma banda de Rhythm And Blues , mas também incorporou alguns elementos de Funk do e Soul em seu som. A banda teve sua primeira apresentação no clube Vox, em Belgrado.  Durante 1996, o Hush realizada unma turnê pela Iugoslávia e pela Grécia. Graças ao seu desempenho no Marsoni Blues Festival em Senta , o Hush recebe o convite para se apresentar no Fifth International Blues, Jazz, Rock and Gastronomic Festival na Hungria. As músicas de sua apresentação foram lançadas num álbum ao vivo que contou com todas as demais gravações do festival.


Em 1998, Hush teve mais de 100 apresentações, tocando em clubes de blues e em festivais de blues. Durante o mesmo ano, eles lançaram seu álbum de estréia, Hometown, através PGP-RTS. O álbum foi produzido por Aleksandar Radosavljević, e traz como convidados Vojno Dizdar ( piano elétrico e órgão Hammond ), Petar "Pera Joe" Miladinović ( gaita ), Aleksandar Tomić ( saxofone tenor ) e Predrag Krstić ( trompete ). Além de músicas próprias da banda, Hometown também contou com covers de músicas clássicas de Blues.


Em 1998, Popović foi para Holanda para estudar jazz guitarra, e o Hush acaba.
Em 1999, Popović forma a Ana Popović Band na Holanda. Em 2000, ela apareceu, ao lado de Eric Burdon, Taj Mahal, Buddy Miles, Double Trouble, Eric Gales e outros, em um álbum de tributo a Jimi Hendrix.
Em 2001, ela lançou seu primeiro álbum solo, Hush! através do selo alemão Ruf Records. O álbum foi gravado em Memphis , com os membros da Ana Popović Band, bem como alguns músicos de estúdio. Foi produzido por Jim Gaines, que já trabalhou com Carlos Santana, John Lee Hooker, Alexis Korner e outros. O álbum contou com Bernard Allison como convidado. O álbum teve grande sucesso, por isso Popović deixou seus estudos de guitarra, e dedicou-se a fazer mais shows.
Em 2003, Popović lançou seu segundo álbum, Confort To The Soul. O álbum, gravado em Memphis e produzido por Gaines, contou com uma fusão de Blues, Rock, Soul e Jazz. Durante o mesmo ano, no Rhythm & Blues Festival na Bélgica , foi convidada por Solomon Burke para se juntar a ele no palco, ficando com ele no palco durante todo or estante da turnê como convidada. Em 2005, Popović lança um álbum ao vivo e um DVD intitulado Ana!,gravado em 30 de Janeiro de 2005, sobre seu show no Amsterdam clube Melkweg.
Em 2007, lançou o álbum Still Making History através da gravadora americana Eclecto Groove Records.


Em 2009, ela lançou o álbum Blind For Love, e em 2011 o álbum Unconditional através da mesma etiqueta. Ambos alcançaram o número um nos Estados Unidos da Billboard Blues Chart.
Seu nono álbum Can You Stand the Heat foi lançado em abril de 2013 pela ArtisteXclusive Records.  O álbum, produzido por Tony Coleman, foi gravado com John Williams no baixo, Harold Smith na guitarra base, Frank Ray Jr. no órgão e Tony Coleman na bateria. Popović se apresenta, em 2013, no New Orleans Jazz & Heritage Festival, onde ela mostra um novo projeto: uma banda de nove elementos sob o nome de Ana Popovic & Mo' Better Love . Em setembro de 2013, Popović assina com a Monterey International booking agency .
Em 2014, ela foi nomeada para o Blues Music Award na categoria de “Blues contemporâneo Artista Feminina do Ano".



Entrevista: Ana Popovic e o futuro do blues
Prestes a vir ao Brasil, a primeira mulher guitarrista de blues na Sérvia fala sobre o futuro do estilo.
Tate Montenegro

Ana Popović nasceu em Belgrado, na Sérvia, mas toca blues como se fosse do sul dos Estados Unidos - para onde se mudou em 2012. Seu último trabalho, “Can You Stand The Heat”, foi produzido pelo vencedor de Grammy, Tommy Sims, e conta com participações de veteranos como Tony Coleman, baterista do B.B.King; e John Williams, que foi baixista de Al Green,
Agora a cantora e guitarrista que incorpora elementos de jazz, funk e soul em seu blues tradicional mas cheio de personalidade chega ao Brasil pela primeira vez para se apresentar no Festival Samsung Galaxy Best Of Blues na sexta-feira, dia 09, e espera conhecer artistas brasileiros para quem sabe adquirir novas influências. Confira o bate-papo do Território da Música com Ana sobre o futuro do Blues e os desafios de ser uma mulher guitarrista de blues.


Você nasceu na Sérvia (Belgrado) e sua família proporcionou um ambiente musical para sua formação. Mas como é a cena musical por lá? Há espaço para mulheres guitarristas de blues?
Ana Popović: Bom, eu acho que fui a primeira. Eu cresci ouvindo blues por causa da coleção de música do meu pai. Nós ouvíamos Elmore James, Bukka White, desde que eu era criança. Mas quanto à cena de blues, haviam apenas algumas bandas tocando, e nenhuma garota obviamente. Então eu saía e ouvia blues nos clubes, mas a maioria das bandas só copiava a música americana, não havia muita individualidade ou coisas novas acontecendo. Mas como eu cresci ouvindo esse estilo, eu sentia uma certa liberdade para descobrir qual era o meu estilo, não necessariamente copiando artistas americanos. E foi assim que eu comecei. Comecei um pouco tarde, quando tinha uns 16 anos, mudei para Holanda quando tinha 22 e montei minha própria banda

Sendo a primeira mulher guitarrista de blues na Sérvia você sentiu algum tipo de preconceito?
AP: No começo acho que era incomum, naquela época. Quando eu vim para a América também. Acho que em alguns pontos é difícil, mas com o tempo vai melhorando. No começo é como se você tivesse que se provar pra todo mundo: para um produtor, para um dono de clube, especialmente para a banda. Então eu fazia as coisas gradualmente, uma canção de cada vez. Na minha primeira banda eu tinha outro guitarrista, então aos poucos fui pegando mais e mais músicas como guitarra principal. Você também tem que ousar tomar a liderança, assumir a posição de frontman e decidir sobre as músicas, sobre quais solos vai tocar. Mas obviamente ter a minha própria banda, sob o meu nome, me deu muita liberdade. O fato de ter me mudado da Sérvia também me deu uma certa liberdade. Em outros países é mais fácil assumir a liderança. Você é de uma banda estrangeira, e tem a sua própria banda, é mais fácil do que no seu próprio meio. Eu senti isso, que me libertou mudar para a Holanda e começar tudo por conta própria.

Você se mudou para os EUA em 2012, por quê? A carreira musical num país como os EUA é mais fácil ou promissora?
AP: Eu só mudei há dois anos para os EUA, por causa das viagens, e porque tenho dois filhos com quem queria passar mais tempo, então a ideia era basicamente essa. Mas eu já tocava nos EUA há dez anos, morando na Holanda. O que é incomum, muitos músicos fazem o contrário. Eu estava cansada das viagens, e meu mercado maior é nos EUA, sempre foi. Eu cresci ouvindo música americana, sempre quis tocar nos Estados Unidos. Desde que eu comecei todos os shows foram muito difíceis de fazer. A cena de clubes nos Estados Unidos é dura, eles não pagam muito, então você não consegue levar músicos bons pra estrada, e no começo você tem que tocar 3 sets longos em um clube muito ruim... Então eu sempre insisti nos Estados Unidos, mesmo quando tinha que cobrir os custos. Eu queria persuadir a América, então finalmente - claro, depois de alguns anos -, começou a ser bem mais fácil. Mas só mudei há dois anos porque tenho uma banda grande aqui, com nove integrantes, e queria passar mais tempo em casa, mas continuar gravando. Estar no estúdio sem tem que passar tanto tempo em hotéis, longe da minha família. Então decidi me mudar para Memphis.


Em seu último disco, "Can You Stand the Heat", lançado no ano passado, você tem músicos como o baixista John Williams e o baterista Tony Coleman. Como conseguiu reunir esse time veterano? Isso é o tipo de coisa que é um sonho para guitarristas de blues, certo?
AP: Certo! Eu sempre quis tocar com uma seção de ritmo bem soul, e conheci eles em turnê, quando estava abrindo para B.B. King. Eles gostaram do meu projeto, e quiseram participar. Então nós tocamos juntos, gravamos o álbum, que tem The Bo-Key, John Williams, Tony Coleman, e as garotas também são de uma banda famosa de Memphis. Mas o que eu realmente queria fazer era apresentar músicos de Memphis para o resto do mundo, porque os músicos daqui ficam aqui, e não tocam muito, mas tocam maravilhosamente, e tocam diferente do resto do mundo. Eles ainda puxam aquele som acentuado com palmas, aquele soul, aquele blues. Eu queria mostrar isso, e acho que o resto do mundo também amou. Nós fizemos alguns shows juntos, com a banda de nove integrantes, e ainda vamos fazer outros. Mas eu tenho dois projetos, tenho também a banda de 04 pessoas, e acho que eles são a mesma coisa. As duas bandas são minhas, e eu quero ser a pessoa que lidera, que decide sobre a música, não importa quem está na banda. É o meu nome lá, e eu gosto de decidir sobre as canções, sobre como a música vai soar. É um desafio tocar com pessoas tão experientes.
Você coloca bastante personalidade na sua música, e toca um blues bastante visceral. Gravar 'ao vivo' no estúdio é uma regra para o registro de seus álbuns? Você costuma levar as canções prontas para o estúdio ou elas nascem por lá mesmo, tocando com os outros músicos?
 AP: Esse álbum aconteceu das duas formas. Eu tinha músicas prontas - eu sempre tenho umas 30 canções da sessão anterior, não porque não eram boas o bastante, mas porque não se encaixavam no estilo do álbum. Então eu sempre tenho músicas extras. Nesse álbum em especial nós queríamos uma coisa Albert King encontra Albert Collins, e WAR, então esse era o estilo e eu levei muita coisa pronta, e muita coisa nós fizemos jams na hora. Mas eu tento tocar ao vivo o máximo possível, especialmente guitarra. Pra mim é difícil tocar por cima e entrar no mesmo clima que eu entraria tocando com eles. Coisas como “Ana’s Shuffle” são feitas em dois takes com a banda, instrumental, com aquela guitarra de rock e blues que meio que pega fogo, e aconteceu ali na hora. Não consertamos nada, ficou simplesmente da forma que foi tocada.


E como funciona seu processo de composição?
AP: Eu geralmente começo com um pedaço da letra. As letras pra mim são muito importantes. Eu quero contar uma história, e quero que ela seja diferente, nova. Não quero que seja repetida de outro artista de blues e definitivamente não gosto de clichês. Às vezes a letra é mais crua, ou mais suave, mas elas sempre devem ter um ritmo. E assim eu decido o estilo da canção, o tipo de groove, baseada na letra.

O Blues é um estilo antigo. Há espaço para modernizar o blues? Ele precisa disso?
AP: Depende. Acho que as pessoas que mantém as tradições são bem vindas, e as que as levam em outras direções também. Eu gosto de fazer as duas coisas. Eu tenho blues que são bem retrô, com uma ideia nova, uma letra nunca feita antes, mas ainda assim é um blues bem da tradição antiga. E sempre que eu faço canções blues nos meus álbuns eu tento me aprofundar. A cada álbum aprender mais, voltar mais para trás, ser mais blues. Mas aí o resto das canções, que são blues mais modernos, eu tento criar algo que nunca ouvi antes, e ser ambas as coisas: tradicional e nova.


E qual você acha que será o futuro do blues?
AP: Acho que vai ser uma mistura dessas coisas. Acho que haverá novas gerações que vão cavar fundo, e tocar como os músicos mais antigos, o que é ótimo, mas também vai ter gente levando ele em outras direções, e isso também é maravilhoso. Não há regras, e acho que cabe ao público decidir. Se alguma coisa é boa, não importa se é retro ou nova. É simplesmente boa.

Pela sua história, podemos imaginar que os grandes artistas do Blues sejam uma inspiração. O que mais te inspira a compor músicas? Que tipo de coisas viram música para a guitarrista Ana Popović?
AP: Eu me inspiro nas coisas do dia a dia, não necessariamente de música. Eu me inspiro nos meus dias de folga. Quando eu tenho tempo para me comprometer comigo e com a minha família, é quando eu acho inspiração para escrever. Se você me perguntasse sobre música, eu diria Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Elmore James, Albert Collins, Albert King... Muita gente me inspira, mas o que eu toco também responde ao que eu vejo fora da estrada, a cuidar da família, viver situações do dia a dia e fazer coisas que as pessoas normais fazem, eu adoro isso. A minha vida é dividida entre a estrada e a minha casa, há uma grande mudança, e eu adoro as duas coisas.

Você conhece a música, ou músicos e bandas brasileiras? Gosta de algum em particular?
AP: Não, mas quero muito conhecer ambos. Espero conhecer algumas bandas de blues no Brasil.


Além do Blues você também insere elementos de jazz em suas músicas. Isso tem a ver com seus estudos acadêmicos (Ana estudou em uma escola de música nos Países Baixos)?
AP: É, eu toquei um pouco de jazz na Holanda muito tempo atrás e eu adoro John Scofield e Kevin Eubanks. Eu adoro ouvir jazz, mas toco blues. E gosto de combinar estilos um pouco.

Ok, muito obrigada. Estamos muito animados para ver você no Best of Blues, e eu queria aproveitar para dizer que adoro o tanto de personalidade que você coloca na sua música e nos vídeos, e a atitude sexy que você incorpora ao blues, é incrível.
AP: Ah, muito obrigada. É assim que a gente gosta. Eu acho que é ótimo, é bem feminino, e eu acho que é assim que deve ser.

Fonte:
Território da Música
http://www.territoriodamusica.com/noticias/?c=35742
Redação TDM, publicado em 05/05/2014



ANA POPOVIC : Navajo Moon Live In Paris 2014


ANA POPOVIC : Can You Stand The Heat


ANA POPOVIC : House Burning Down Live - Jimi Hendrix Cover


ANA POPOVIC : Object Of Obssession Official Music Video




Ana Popovic é uma excepcional artista, dona de uma bela voz e de uma técnica fora do comum com a guitarra. Consegue fazer um Blues moderno de alta qualidade.
Longa Vida a Ana Popovic !
Longa Vida ao Rock And Roll !


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