Entendendo a Música Blues – Parte D
5.
As Regiões do Blues
Várias são as regiões no Estado Americano onde histórias e mais histórias do Blues podem ser contadas.
Abaixo faremos algumas considerações.
a)
Baton Rouge
Blue
Festival In Baton Rouge
Se
você quer realmente saber de fato onde o Blues de Louisiana realmente nasceu,
se dirija a região de Baton Rouge.
Blues
From The Bayou
Esta
região foi a terra natal de músicos como Slim Harpo, Lightnin' Slim e muitos
outros. Isto sem falar no fato de que muitos artistas gravaram discos na região
de Crowley, em Louisiana.
b)
Califórnia
House Of
Blues – Los Angeles
Tanto
a região de Los Angeles e são Francisco tiveram na década de 40 um cenário
extremamente forte não só no Blues como também no R&B.
House
Of Blues – Sunset Boulevard
Vale
a pena destacar os notáveis artistas da região, como Etta James, Lowell Fulson,
Pee Wee Crayton e James Harman.
Etta
James
c)
Chicago
Chicago
é geralmente considerada como a terra do Blues contemporâneo, cidade esta onde
o famosíssimo Chess Studio se estabeleceu.
Chicago
É
também onde willie Dixon, Muddy Watters, Little Walter e Howlin' Wolf gravaram
os seus melhores álbuns fazendo a história do Blues nas décadas de 50 e 60.
Duas
fotos do Chess Studios
d)
Kansas City
Nas
décadas de 30 e 40 Kansas City era a grande região do Blues Americano.
Big Joe Turner
Lá
ocorreu o nascimento do Boogie Woogie Piano (Big Joe Turner) e o Jazz (Count
Basie, Lester Young e Charlie Parker).
e)
Memphis
Cidade
da famosa "Beale Street", onde W.C. Handy e muitos outros tocaram no
início de século.
É
também onde a Sun Records, de Sam Philips, se instalou e, na década de 50
produziu pérolas do Blues, como B.B.King e Howlin Wolf e do Rock'n Roll, isto
é: Elvis Presley, Johnny Cash e Roy Orbison.
Sun Records
Memphis
f) Delta do Mississipi
Região por onde a grande maioria dos negros chegavam aos Estados Unidos, para se tornar escravos.
Clarksdale
Passenger Depot
O Delta é considerado a região onde o Blues nasceu. Músicos que nasceram e trabalharam na região: Robert Johnson, Son House e Charlie Patton.
g) New Orleans
"The
Crescent City!" Esta
cidade tem uma longa e rica tradição musical, onde podemos citar o Blues
(Guitar Slim), o Jazz (nada menos do que Louis Armostrong) e também o Rhitm's
Blues (Irma Thomas, Professor Longhair).
h)
Região Piedmont
Esta
é uma região que se estende da Georgia até o Estado da Carolina é para o mundo
do Blues ela tem um significado extremamente importante pois produziu
fantásticos Blues acústicos durante as décadas de 20 e 30, principalmente sob
as vozes de Blind Boy Fuller, Brownie McGhee, Ma Rainey e Blind Willie Mc Tell.
i) Saint Louis
Blues
Museum
A
cidade é na realidade mais conhecida na história do Blues pela música que
imortalizou: St Louis Blues, de W.C. Handy. Muitos músicos viveram nesta região
na década de 50, como o roqueiro Chuck Berry, Albert King, e Little Milton.
W.C.
Handy
j)
Texas
Dallas,
Houston e Austin formam neste estado o triângulo do Blues. Famosos artistas nasceram e tocaram nesta região, entre eles o grande Stevie Ray Vaughan.
Clarence
Gatemouth Brown
T-Bone
Walker
Outros que
merecem ser citados: Clarence "Gatemouth" Brown, Janis Joplin, T-Bone
Walker e Johnny Winter.
a) Big Bill Broonzy (1893-1958)
Um dos primeiros artistas do blues clássico, foi o bluesman de maior sucesso nos anos 30.
Um dos primeiros artistas do blues clássico, foi o bluesman de maior sucesso nos anos 30.
b) Sonny Boy Williamson (1899-1965)
Adotou o nome com a morte do primeiro Sonny Boy, e só emplacou por conta de seu talento na harmônica.
Adotou o nome com a morte do primeiro Sonny Boy, e só emplacou por conta de seu talento na harmônica.
c) Willie Dixon (1915-1992)
Compositor cantor, baixista e guitarrista, foi talvez a figura mais importante na chamada era clássica do blues urbano de Chicago.
Compositor cantor, baixista e guitarrista, foi talvez a figura mais importante na chamada era clássica do blues urbano de Chicago.
d) Otis Spann (1930-1970)
Pianista que, juntamente com Waters e LittleWalter, foi um dos criadores do blues de Chicago do pós-guerra.
Pianista que, juntamente com Waters e LittleWalter, foi um dos criadores do blues de Chicago do pós-guerra.
e) Muddy Waters (1915-1983)
O maior artista do gênero entre a era clássica de Robert Johnson e a de B.B. King. Mestre da Slide Guitar, manteve a crueza do blues rural mesmo quando adotou a guitarra elétrica.
O maior artista do gênero entre a era clássica de Robert Johnson e a de B.B. King. Mestre da Slide Guitar, manteve a crueza do blues rural mesmo quando adotou a guitarra elétrica.
f) Memphis Slim (1915-1988)
Pianista que migrou do estilo R&B para o folk-blues, com muito sucesso.
Pianista que migrou do estilo R&B para o folk-blues, com muito sucesso.
g) Lowell Fulson (1921-1999)
Figura de ligação entre o blues clássico e o R&B, guitarrista que alia tradição a novos estilos.
Figura de ligação entre o blues clássico e o R&B, guitarrista que alia tradição a novos estilos.
h) John Lee Hooker (1917-2001)
Um dos grandes intérpretes da onda revivalista dos anos 60, este guitarrista faz um blues bem tradicional com sua interpretação econômica e irônica.
Um dos grandes intérpretes da onda revivalista dos anos 60, este guitarrista faz um blues bem tradicional com sua interpretação econômica e irônica.
i) Howlin' Wolf (1910-1976)
O principal rival de Waters nos anos 50, seu jeito de gritar os blues fez escola e tornava suas performances inesquecíveis.
O principal rival de Waters nos anos 50, seu jeito de gritar os blues fez escola e tornava suas performances inesquecíveis.
j) Buddy Guy (1936)
Showman da guitarra revitalizou o gênero nos anos 60.
Showman da guitarra revitalizou o gênero nos anos 60.
k) Bo Diddley (1928-2008)
Precursor da batida do rock, esse guitarrista faz um rhythm'n'blues cheio de suingue e animação.
Precursor da batida do rock, esse guitarrista faz um rhythm'n'blues cheio de suingue e animação.
l) Bessie Smith (1894-1937)
A maior de todas as cantoras de blues, chamada a "Imperatriz do Blues", por suas interpretações sinceras e cheias de emoção.
A maior de todas as cantoras de blues, chamada a "Imperatriz do Blues", por suas interpretações sinceras e cheias de emoção.
7.
A Slide Guitar
Slide
Guitar, ou Bottleneck Guitar, é uma forma de tocar guitarra, em que se utiliza
no dedo médio, anular, mínimo ou indicador (este último menos comum), um
pequeno tubo oco cilíndrico, feito de metal, vidro ou cerâmica. Com o objetivo
de alterar o tom em que se toca, deslizando esse tubo pelas cordas da guitarra.
Não
há uma certeza absoluta de onde se tenha originado a técnica do slide, alguns
autores dizem que ele foi criado pelo povo nativo do Havaí sendo posteriormente
levado para a América, outros dizem ter sido desenvolvido pelos afro-americanos
que trabalhavam nas plantações de algodão do sul dos EUA e tocavam uma espécie
de Blues primitivo, por vezes chamado de Country Blues ou Folk Blues.
Afim
de tirar novos timbres de seus instrumentos os escravos deslizavam objetos
cilíndricos em suas cordas gerando uma mudança de tom.
O
primeiro registro de um 'slide' foi feito pelo musico Sylvester Weaver nas
canções "Blues Guitar" e "Rag Guitar" em 1923.
Posteriormente a técnica foi aderida por vários bluesman's da época, como Blind
Willie McTell, Son House e o lendário Robert Johnson.
Sylvester
Weaver & Walter Beasley - Bottleneck Blues 1927
Tedeschi
Trucks Band - Midnight In Harlem (Guitar Solo)
Robert
Johnson foi, inclusive, quem ensinou a Elmore James, reconhecido como sendo o
“Rei do Slide” a aprender a técnica. Elmore teve vários singles lançados entre
1951 e 1963 (ano de sua morte) que comprovam isso.
Devido
a esse reconhecimento nos Estados Unidos a técnica acabou sendo incorporada
pelos músicos de Country Rock.
Outro
bluesman influente que usada essa técnica era Muddy Waters, ele foi o criador
do gênero conhecido como Chicago Blues e foi ele o maior responsável para a
utilização dessa técnica na Inglaterra e em outras partes do mundo.
Outros
músicos passaram a se utilizar frequentemente dessa técnica e acabaram
espalhando ela por todos os cantos, como Johnny Winter, Rory Gallagher, Eric
Clapton, Ron Wood, Doug Gilmour, Lowell George, Ry Cooder, Brian Jones, Jeff
Beck, Matthias Jabs, John Butler, Brian May, George Thorogood, Joe Walsh, Chuck
Berry, Bo Diddley, Angus Young, Jimmy Page, Slash, Billy Gibbons, Joe Perry,
Gary Rossington entre muitos outros.
Não
se pode esquecer aquele que é considerado o mais inovador e quem popularizou a
guitarra slide, Duane Allman dos Allman Brothers Band, que costumava usar
vidros de remédio no dedo 3 (anular) para a prática. Dickey Betts o outro
guitarrista do Allman Brothers também é um exímio guitarrista de slide. No
final dos anos 80, Warren Haynes formou dupla com Dick Betts no Allman Brothers
e depois Derek Trucks ocupou o lugar do Dickey. Mark Sandman, vocalista e
baixista do Morphine, que inovou usando slide em seu contrabaixo. Outros
guitarristas surgiram, e entre eles, alguns que trouxeram novas técnicas e
colocaram a slide guitar em outro patamar. O principal deles é Sonny Landreth,
com uma técnica totalmente inovadora e também Derek Trucks com seu estilo
bastante pessoal.
Jeremy
Spencer (Fleetwood Mac) - Dust My Broom Live
Johny
Winter – Tribute to Muddy
Mick Taylor
(Little Feat) - Apolitical Blues Live in
London
Alan Wilson
(Canned Heat) - London Blues Live in Montreux 1070
Gary
Rossington (Lynyrd Skynyrd) – Free Bird Live 2003
Ry Cooder -
At The Dark End Of The Street Live 1977
8.
Filmes sobre Blues
Direção: John Landis
Elenco: John Belushi, Dan Aykroyd
É
o filme mais óbvio de qualquer lista que reúna filmes e blues, então já vamos
resolver isso. Acho difícil que ninguém aqui conheça a banda de rhythm and
blues (que existiu de verdade, criada por Dan Aykroyd e John Belushi para um
sketch do Saturday Night Live, e que um dia ganhará um post especial aqui), mas
o filme permanece uma indicação excelente para quem deseja dar os primeiros
passos no blues — foi assim comigo e aposto que com muita gente da minha
geração.
Os
Irmãos Cara-de-Pau tem quatro participações famosas: Ray Charles, James Brown,
Aretha Franklin e Cab Calloway interpretam músicas que estão na trilha sonora.
Mas existem outras músicas — ou, ao menos, trechos delas — indispensáveis ao
longo do filme, como Shake Your Moneymaker (de Elmore James) e uma versão
sensacional de Boom Boom, com John Lee Hooker e astros do calibre de Big Walter
Horton e Pinetop Perkins (a versão normal do filme tem apenas o começo da
canção; procure pela estendida com 148 minutos, que contém a música na íntegra—
ou assista à cena aqui).
b) Coração
Satânico (Angel Heart, 1987, EUA)
Direção:
Alan ParkerElenco: Mickey Rourke, Robert DeNiro
Se
eu descobri o blues com Os Irmãos Cara-de-Pau, eu me apaixonei de verdade por
ele — mesmo ainda sem entender nada sobre blues — no final dos anos 80, ao
assistir Coração Satânico. Além de ser um dos meus filmes de terror preferidos,
boa parte dele se passa em Nova Orleans, em cenas evidentemente repletas de
blues e jazz.
Uma
delas me chamou a atenção logo que assisti: trata-se do show de um velho
blueseiro — que tem um papel importante na trama — em um pequeno bar, cantando
a música Rainy, Rainy Day. Somente anos depois eu descobriria que se tratava de
Brownie McGhee, um grande nome do blues, cuja carreira se iniciou nos anos
30 — com o passar dos anos, sua parceria com o gaitista Sonny Terry se tornaria
lendária. No início dos anos 90, comprei o CD da trilha e provavelmente foi a
primeira vez que ouvi Bessie Smith (Honeyman Blues). Assista até o final dos
créditos, que é onde um elemento importante da trama se explica.
Direção: Walter Hill
Elenco: Ralph Macchio, Joe Seneca
Outro
filme obrigatório em qualquer lista de blues. Fez muito sucesso nos anos,
tornando-se um dos maiores sucessos de Ralph Macchio além da série Karate Kid.
Mais que uma reverência ao blues do Mississipi, o blues homenageia mesmo sua
figura mais emblemática: Robert Johnson — que abordei neste texto aqui.
Encruzilhada
narra a jornada de um garoto que, ao lado de um velho blueseiro, parte em busca
da canção perdida de Robert Johnson — segundo o roteiro, Johnson, que gravou
vinte e nove músicas, teria vendido a alma em troca de trinta canções. Assim,
eles mergulham no Mississipi numa jornada musical — temperada pela guitarra de
Ry Cooder nas canções incidentais — o que culmina num duelo musical que conta
com a participação de um ainda jovem Steve Vai. É um dos filmes mais conhecidos
a abordar o blues, e é, certamente, um dos mais respeitosos. Indispensável.
Direção: Darnell Martin
Elenco: Adrien Brody, Jeffrey Wright
Lançado
em 2008, o filme era uma das grandes apostas da Sony para o Oscar daquele ano,
mas fracassou completamente. Assim, ele acabou se tornando mais um projeto pessoal
da cantora Beyoncé, que não apenas atua como é produtora executiva. Mas é uma
produção caprichada que mergulha na história da Chess, a gravadora mais
importante da história do blues.
Sim,
muita coisa é romanceada, modificada ou simplesmente ignorada (como os outros
irmãos Chess). Mas ainda assim é um bom programa e ideal para conhecer alguns
dos principais astros da empresa: Muddy Waters, Willie Dixon, Howlin’ Wolf,
Etta James, Little Walter e Chuck Berry - todos eles pilares do blues moderno.
A trilha sonora, como era de esperar, é um show à parte e, mais importante,
são interpretadas pelos próprios atores, com bastante qualidade,
Direção: Joel Coen
Elenco: George Clooney, John Turturro
Um
dos filmes mais deliciosos dos irmãos Coen, essa comédia se passa no Sul dos
Estados Unidos durante os anos 30 (o filme tem um filtro de cores que remete à
época) e acompanha três presidiários que escapam da cadeia e partem em busca de
uma fortuna escondida.
Além
de ser um filme excepcional que é quase uma sátira moderna do poema Odisséia (o
primeiro nome do personagem central é Ulisses, o que evidencia isso ainda
mais), o filme é uma viagem deliciosa pela música folk dos anos 30. Isso porque
as músicas não estão apenas na trilha sonora: elas são partes importantes da
trama, muitas vezes servindo como elemento narrativo. Assim, você tem blues,
bluegrass, gospel e country…. E a canção Man of Constant Sorrow, dos Soggy
Bottom Boys (leia-se: George Clooney, John Turturro e Tim Blake Nelson), que é
uma delícia.
Direção: Martin Scorsese
Em
Estrada para Memphis, de Richard Pearce, o Blues ganha a cidade de Memphis,
personagem principal do filme, onde o gênero começou a tornar-se um estilo
popular entre os negros vindos das fazendas nas décadas de 40 e 50. Faz, ainda,
um paralelo entre a história de Memphis e as carreiras de B. B. King, talvez
maior astro do Blues, e Bobby Rush, desconhecido até do público que acompanha o
estilo, demonstrando que as dificuldades para os músicos de blues continuam.
Trazendo a herança da escravidão, eles continuam escravos da música, mostrando
uma longevidade impressionante, como o pianista Pinetop Perkins, ainda em
atividade aos 94 anos.
Direção: Marc Levin
Em
Padrinhos e Filhos, de Marc Levin, vemos o mesmo ocorrendo em Chicago, onde
dois imigrantes poloneses criam a gravadora Chess e revolucionam a indústria
fonográfica americana. De um disco de Muddy Water, Electric Mud, revolucionário
para a época, artistas de rap e hiphop, convidados por Sam Philips, filho do
fundador da Chess e que entre outras coisas “descobriu” Elvis Presley, se
juntam aos antigos blueseiros para mostrar que foi lá atrás que tudo nasceu.
Ahhh Walter!
ResponderExcluirSaudações! Dá gosto de ler!
Tem um errinho ortográfico aqui... Eu leio cara! O que você escreve se lê!!! É também onde willie Dixon, Muddy Watters, Little Walter e Howlin' Wolf gravaram os seus melhores ***albun***, fazendo a história do Blues nas décadas de 50 e 60.
Um grande abraço Walter!