domingo, 29 de novembro de 2020

ROCK - Suas Histórias & Suas Magias Capítulo 10 Parte 2

A Sociedade na Década de 60


20. Anos 60 - A Época que Mudou o Mundo - Claudia Garcia 


Os anos 50 chegaram ao fim com uma geração de jovens, filhos do chamado "baby boom", que vivia no auge da prosperidade financeira, em um clima de euforia consumista gerada nos anos do pós-guerra nos EUA. A nova década que começava já prometia grandes mudanças no comportamento, iniciada com o sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, seu maior símbolo. 
A imagem do jovem de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas, mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James Dean e Marlon Brando. As moças bem-comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade. 


Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas idéias de liberdade "On the Road" [título do livro do beatnik Jack Keurouac, de 1957] da chamada geração beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década. 

Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento. 


Conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criaram produtos específicos para os jovens, que, pela primeira vez, tiveram sua própria moda, não mais derivada dos mais velhos. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da juventude da época. 
Algumas personalidades de características diferentes, como as atrizes Jean Seberg, Natalie Wood, Audrey Hepburn, Anouk Aimée, modelos como Twiggy, Jean Shrimpton, Veruschka ou cantoras como Joan Baez, Marianne Faithfull e Françoise Hardy, acentuavam ainda mais os efeitos de uma nova atitude. 

A modelo Twiggy 

Na moda, a grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras da própria Mary Quant: "A idéia da minissaia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a inventou". Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas. Mesmo as idéias inovadoras de Yves Saint Laurent com a criação de japonas e sahariennes (estilo safári), foram atualizações das tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris. 

Jean Seberg 

O sucesso de Quant abriu caminho para outros jovens estilistas, como Ossie Clark, Jean Muir e Zandra Rhodes. Na América, Bill Blass, Anne Klein e Oscar de la Renta, entre outros, tinham seu próprio estilo, variando do psicodélico [que se inspirava em elementos da art nouveau, do oriente, do Egito antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas proporcionavam] ou geométrico e o romântico. 
Em 1965, na França, André Courrèges operou uma verdadeira revolução na moda, com sua coleção de roupas de linhas retas, minissaias, botas brancas e sua visão de futuro, em suas "moon girls", de roupas espaciais, metálicas e fluorescentes. Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. Paco Rabanne, em meio às suas experimentações, usou alumínio como matéria-prima. 

Mini Saia dos Anos 60 

Os tecidos apresentavam muita variedade, tanto nas estampas quanto nas fibras, com a popularização das sintéticas no mercado, embora as fibras naturias continuassem sendo muito usadas também. 
As mudanças no vestuário também alcançaram a lingerie, com a generalização do uso da calcinha e da meia-calça, que dava conforto e segurança, tanto para usar a minissaia, quanto para dançar o twist e o rock. 
O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher ousava se vestir com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking (lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966). 


A alta-costura cada vez mais perdia terreno e, entre 1966 e 1967, o número de maisons inscritas na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para 17. Consciente dessa realidade, Saint Laurent saiu na frente e inaugurou uma nova estrutura com as butiques de prêt-à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo mundo também através das franquias. 
Com isso, a confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de criatividade para suprir o desejo por novidades. O importante passaria a ser o estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista. 

O Smoking Unissex de Yves Saint Laurent 

Nessa época, Londres havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos sonhos de qualquer jovem, a cidade da moda. Afinal, estavam lá, o grande fenômeno musical de todos os tempos, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas, que circulavam pelas lojas excêntricas da Carnaby Street, que mais tarde foram para a famosa King's Road e o bairro de Chelsea, sempre com muita música e atitude jovens. 
Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas "chelsea girls". Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus cabelos longos com franja e olhos maquiados. 

Jean Shrimpton 

Catherine Deneuve também encarnava o estilo das "chelsea girls", assim como sua irmã, a também atriz Françoise Dorléac. Por outro lado, Brigitte Bardot encarnava o estilo sexy, com cabelos compridos soltos rebeldes ou coque no alto da cabeça (muito imitado pelas mulheres). 
Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador. 
A maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou nomes divertidos para seus produtos, como o "Come Clean Cleanser", sempre com o logotipo de margarida, sua marca registrada. 
As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon. 
O estilo da "swinging London" culminou com a Biba, uma butique independente, frequentada por personalidades da época. Seu ar romântico retrô, aliado ao estilo camponês, florido e ingênuo de Laura Ashley, estavam em sintonia com o início do fenômeno hippie do final dos anos 60. 

A Swinging London Biba 

A moda masculina, por sua vez, foi muito influenciada, no início da década, pelas roupas que os quatro garotos de Liverpool usavam, especialmente os paletós sem colarinho de Pierre Cardin e o cabelo de franjão. Também em Londres, surgiram os mods, de paletó cintado, gravatas largas e botinas. A silhueta era mais ajustada ao corpo e a gola rolê se tornou um clássico do guarda-roupa masculino. Muitos adotaram também a japona do pescador e até mesmo o terno de Mao. 
No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda. Wanderléa de minissaia, Roberto Carlos, de roupas coloridas e como na música, usava botinha sem meia e cabelo na testa (como os Beatles). A palavra de ordem era "quero que vá tudo pro inferno". 
Os avanços na medicina, as viagens espaciais, o Concorde que viaja em velocidade superior à do som, são exemplos de uma era de grande desenvolvimento tecnológico que transmitia uma imagem de modernidade. Essa imagem influenciou não só a moda, mas também o design e a arte que passaria a ter um aspecto mais popular e fugaz. 
Nesse contexto, nenhum movimento artístico causou maior impacto do que a Arte Pop. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram irreverência e ironia em seus trabalhos. 

Andy Warhol 

Warhol usava imagens repetidas de símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe. A Op Art (abreviatura de optical art, corrente de arte abstrata que explora fenômenos ópticos) também fez parte dessa época e estava presente em estampas de tecidos. 
No ritmo de todas as mudanças dos anos 60, o cinema europeu ganhava força com a nouvelle vague do cinema francês ("Acossado", de Jean-Luc Godard, se tornaria um clássico do movimento), ao lado do neo-realismo do cinema italiano, que influenciaram o surgimento, no início da década, do cinema novo (que teve Glauber Rocha como um dos seus iniciadores) no Brasil, ao contestar as caras produções da época e destacar a importância do autor, ao contrário dos estúdios de Hollywood. 


Andy Warhol & Edie Sedgwick Interview (Merv Griffin Show 1965)



Andy Warhol: A collection of 100 works 



Andy Warhol Working At His New York Studio In 1980 



No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor (flower power), do negro (black power), do gay (gay power) e da liberação da mulher (women's lib). Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo. 
A esse conjunto de manifestações que surgiram em diversos países deu-se o nome de contracultura. Uma busca por um outro tipo de vida, underground, à margem do sistema oficial. Faziam parte desse novo comportamento, cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas. 

Os rótulos das Sopas Campbell’s foram 
criados por Andy Warhol 

No Brasil, o grupo "Os Mutantes", formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Batista, seguiam o caminho da contracultura e afastavam-se da ostentação do vestuário da jovem guarda, em busca de uma viagem psicodélica. 
A moda passou a ser as roupas antes reservadas às classes operárias e camponesas, como os jeans americanos, o básico da moda de rua. Nas butiques chiques, a moda étnica estava presente nos casacos afegãos, fulares indianos, túnicas floridas e uma série de acessórios da nova moda, tudo kitsch, retrô e pop. 
Toda a rebeldia dos anos 60 culminaram em 1968. O movimento estudantil explodiu e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo e contestava a sociedade, seus sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética. 
Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual. Nesse sentido, para as mulheres, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal. Porém, elas também queriam igualdade de direitos, de salários, de decisão. Até o sutiã foi queimado em praça pública, num símbolo de libertação. 
Os 60 chegaram ao fim, coroados com a chegada do homem à Lua, em julho de 1969, e com um grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", em agosto do mesmo ano, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música, sexo e drogas 

O poderosíssimo Saturno V alçando voo na missão da Apolo XI 

O homem pisando na Lua pela primeira vez na história 


21. O Movimento pelos Direitos Civis 

Se não há luta, não há progresso (...) Esta luta pode ser moral ou física: ou pode ser ambas, moral e física: mas tem que ser uma luta. O poder nada concede sem uma demanda. Ele nunca o fez nem o fará. Pode-se não receber por tudo aquilo que se pagou nesse mundo: mas , certamente, pagou-se por tudo aquilo que se recebeu. 
Frederick Douglas, 1882 


Reflections on the Greensboro Lunch Counter 



Civil Rights Movement: The Sit- In'!! 



Rosa Parks 



Cem anos depois da 14ª Emenda ter sido aprovada dando cidadania aos negros, em Montgomery, Alabama, uma costureira negra chamada Rosa Parks, tomada de um impulso, negou-se, num ônibus, a sair do lugar assinalado aos brancos. 


A Tour of the Rosa Parks Museum 



A polícia a levou presa acusada de “desordem” por infringir as leis segregacionistas locais. Era o dia 1º de dezembro de 1955. Imediatamente ativistas dos direitos civis trataram de organizar um boicote contra os serviços de transporte urbano da cidade. Escolherem o reverendo Martin Luther King Jr. para liderá-los. 

Foto de Rosa Parks quando foi presa, ela morreu em 2005 aos 92 anos. 
Ela mudou a história em 1° de dezembro de 1955, quando se recusou a 
deixar seu assento em um ônibus urbano para um passageiro branco. 
Sua prisão por isso provocou um boicote de 381 dias do 
sistema de ônibus de Montgomery. 
Foto: Justin Sullivan / Getty Images 

O Dr. King era então um jovem pastor de 25 anos, filho de uma tradicional família de religiosos, graduado no Seminário Teológico Crozer, Filadélfia, e com Ph.D. na Universidade de Boston. Desde cedo ficou atraída pelo movimento da não violência de Gandhi na Índia. Mesmo que lhe dinamitassem a sua casa o Dr. King não deixou de comandar o boicote até que treze meses depois, um tribunal federal revogou a lei segregacionista. Com o sucesso do bus boycott, ele tornou-se uma personalidade nacional. Virou uma celebridade. 

Ônibus onde Rosa Parks se recusou a ceder o assento 

Como observou Lerone Bennett, Jr., King “transferiu a luta dos tribunais para as ruas, das bibliotecas de direito para os púlpitos das igrejas, da mente para a alma”. Sim, porque até então a luta antissegregacionista era travada nas cortes de justiça onde os advogados militantes da NAAC (National Association for the advencement of colored people, fundada em 1909) procuravam constranger os juizes, demonstrando a contradição entre as leis isonômicas da democracia americana e a realidade da discriminação racial. 
Capitalizando as energias despertadas pelo fim da segregação, ainda que em uma só das cidades, ele fundou a SCLC (The Southern Christian Leadership Conference) que passou a ser a base de suas operações em todo o Sul. Tornou-se um peregrino da causa dos direitos civis, um Freedom fighting, um combatente da liberdade, realizando a difícil tarefa de transformar os princípios sócio-teológicos do cristianismo - inspirado por sua leitura do livro de Walter Raschenbush “The Social Principles of Jesus” - em realidade. Procurou atrair para ela, para a sua grande causa, graças a sua extraordinária capacidade de “dramatizar a verdade”, outros lideres religiosos a fim de evitar que o movimento, em algum momento, resvalasse para a violência. Depois de uma viagem à Índia, em 1959, onde foi recebido por Nehru, retornou ainda mais convencido de que a não violência era o melhor caminho que os oprimidos tinham a trilhar na sua luta pela liberdade. 

Rosa Parks escoltada por um Oficial Federal 

Uma nova e vigorosa liderança negra nascia para romper definitivamente com o Compromisso de Atlanta. De nada serviu a abdicação da luta pela igualdade social nem seguir apenas a “educação industriosa” recomendada por Booker T. Washington. Nos anos 60, eles compunham 10,5% da população, quase 22 milhões de negros, mas o número de pobres e marginalizados entre eles era superior a qualquer outra comunidade étnica americana. 
A maioria das boas universidades continuava fechada a eles, pois não tinham dinheiro nem os pré-requisitos para frequentá-las. Suas escolas eram pobres com professores desestimulados pelos baixos salários. Ao tentarem, no Sul, ingressar nos colégios de 2º grau, foi preciso mobilizar-se tropas federais, como ocorreu em Little Rock, no Arkansas, em 1957. O mesmo repetindo-se com James Meredith ao pleitear estudar na Universidade do Mississippi (*). 
(*) neste incidente foram convocadas, por ordem do governo de Eisenhower, as tropas da Divisão 101º aerotransportada para assegurar o direito de 9 adolescentes negros de terem acesso à escola pública de 2º grau. Kennedy igualmente recorreu as forças federais para apoiar James Meredith. 


Rosa Parks interview (1995) 



As cidades amontoavam-se em guetos, como o célebre Harlem de Nova York, cercados pela violência, as drogas o álcool e o banditismo. Nos campos do Sul, onde muitos ainda estavam, moravam em choupanas drab and miserable, tristes e miseráveis, ocupando terras improdutivas, sem crédito e sem assistência técnica. Condenavam-se a ter empregos inferiores, rejeitados pelos brancos, mal-remunerados e desprotegidos, o que os levava a reproduzir uma vida medíocre e desesperançada. Isto tudo era mais doloroso porque viviam no país mais rico e próspero do mundo. Apesar dos notáveis avanços de muitos deles, a maioria estava ali, à margem, vagando como almas penadas, limitando-se, como disse Lerome Bennett Jr., to sing, to pray, to cry, “a cantar, a rezar e a chorar”! 


Rosa Parks and the Montgomery Bus Boycott: 60 Years Later - Fast Facts | History 



Foram poucos os espaços que a sociedade branca lhe reservara, mas nos que sobraram eles brilharam. A partir da grande migração negra para o Norte, fugindo dos linchamentos e da homicida segregação dos racistas do Sul, a música negra começou a ganhar o coração dos americanos. Primeiro foi o ragtime, em seguida foi o jazz e suas inúmeras variações. Kansas City, Chicago e depois Nova York, tornaram-se os grandes centros de difusão da música negra americana que, a partir dos anos vinte, iniciou a conquista do mundo. Os negros confiavam que seus grandes artistas, extremamente dotados de sensibilidade, pudessem enternecer a dura alma do branco. A cantora de blues Billie Holiday, morta em 1959, talvez tenha sido a principal porta-voz, ainda que inconsciente, desta esperança. 


22. Análise sobre o Movimento dos Direitos Civis 

O Movimento dos Direitos Civis é historicamente um período de tempo compreendido entre 1952 e 1983, ocorrido de maneiras diversas e marcado por pacificações populares e convulsões na sociedade civil em países de todos os continentes, mas principalmente nos países norte-americanos. 
O processo de conseguir a completa igualdade perante a Lei para todas as camadas da população, independente de cor, raça ou religião, foi longo e extenuante em diversos países e a maioria destes movimentos não conseguiu atingir seu objetivo. Em seus últimos dias, alguns deles acabaram se voltando para uma conotação política de esquerda. 

Rosa Park, com Martin Luther King ao fundo- 1955 

O mais conhecido e famoso deles através da história foi o Movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, compreendido entre 1955 e 1968, que consistia em conseguir reformas nos Estados Unidos visando abolir a discriminação e a segregação racial no país. 


Rosa Parks receiving the 1993 Essence Award 



Com o aparecimento de movimentos negros como o Black Power e os Panteras Negras no meio dos anos 60, o clamor da sociedade negra por igualdade racial acabou aumentando seu pleito para a dignidade racial. 


Ceremony Civil Rights Pioneer Rosa Parks - 2005 


a) O início 

O marco inicial deste movimento se deu no Sul eminentemente racista do país, na cidade de Montgomery, estado do Alabama, em 1 de dezembro de 1955, quando a costureira negra Rosa Parks (conhecida como “A Mãe dos Direitos Civis”) se recusou a ceder seu lugar para um homem branco, prática obrigatória de acordo com as leis segregacionistas daquele estado. 

b) Marcos históricos 

Outros momentos importantes na luta pela igualdade civil nos Estados Unidos foram: 

• 1957 - A Dessegregação em Little Rock 

• Nove estudantes negros conseguiram nas cortes federais o direito de estudar no Ginásio Central de Little Rock, pequena cidade do Arkansas, onde as escolas eram até então segregadas. No primeiro dia de aula, além dos insultos e ameaças feitas pelos estudantes e pela população branca na chegada à escola, eles foram forçados a retornarem a suas casas, por ordem da Guarda Nacional do estado, convocada pelo governador para impedir a sua entrada, em oposição à decisão da justiça federal. O então presidente Dwight Eisenhower dissolveu a Guarda Nacional do Arkansas e enviou tropas de pára-quedistas do exército para garantir e proteger a entrada e o estudo dos nove alunos negros em Little Rock, cumprindo a decisão das cortes federais. O racismo no sul americano estava de tal maneira arraigado, que quando o ano letivo terminou, os integrantes do sistema público de ensino de Little Rock preferiram fechar a escola – no que foram seguidos por outras escolas do estado e do sul do país – a permitir a integração racial nelas. 

• 1961 – O protesto de Greensboro 

• Estudantes negros e brancos da cidade de Greensboro, Carolina do Norte, começaram a sentar em grupos no chão de lanchonetes, restaurantes, lojas, museus, praças, teatros e demais estabelecimentos da cidade em protesto contra a segregação aos negros nestes locais. Centenas eram presos e soltos, muitas vezes arrancados de seus lugares com violência pela polícia. O exemplo começou a ser seguido em diversos estados durante todo o começo dos anos 60. 

• 1962 – O Caso James Meredith 

James Meredith 

• Em 20 de setembro de 1962, no início do ano letivo americano, o estudante James Meredith, após ter ganho de causa nas cortes federais pelo direito de ingresso na Universidade do Mississippi, o mais racialmente conservador de todo o país, teve sua tentativa de entrar no campus impedida por duas vezes, por interferência pessoal do próprio governador do estado, que declarou que “nenhuma escola do Mississipi seria integrada enquanto ele governasse o estado”. Após a apelação de Meredith à corte federal, que instituiu uma multa diária de U$10 mil por cada dia que ele fosse impedido de entrar na faculdade, Meredith conseguiu ingresso escoltado por agentes federais no dia 30 de setembro. 

Ativistas negros e brancos marcham em Washington 
pelos direitos civis aos negros. 

• Civis e estudantes brancos começaram uma grande conflagração na universidade e suas vizinhanças que acabou com a morte de duas pessoas e ferimentos à bala em 28 agentes federais e mais de 160 feridos entre a população. No dia seguinte, o Presidente John Kennedy enviou forças do exército para garantir a entrada e a permanência de Meredith na universidade e dominar os tumultos na cidade. 

• 1963 – A Marcha sobre Washington 

• Em agosto de 1963, um quarto de milhão de manifestantes, negros e brancos, vindos de toda parte da nação, se reuniram na capital do país para um dia de discursos, protestos e cantos a favor da igualdade dos direitos civis para todos os cidadãos, organizado entre outros por Martin Luther King, Bayard Rustin e Phillip Randolph, na maior aglomeração pacífica realizada nos Estados Unidos com propósitos de integração racial, direito de moradia digna, pleno emprego, direito ao voto e educação integrada. A música, em especial, foi crucial para inspirar, mobilizar e dar voz ao movimento de direitos civis: cantores profissionais como Mahalia Jackson e Harry Belafonte apoiaram desde cedo o movimento e a música "We Shall Overcome" se tornou seu hino não-oficial. 


Civil Rights Movement: James Meredith 



Oct. 1, 1962 - James Meredith Enrolls at the University of Mississippi 



The Legacy of James Meredith 



• 1964 – O Verão da Liberdade 

• Durante os meses de verão de 1964, férias escolares nos Estados Unidos, um grupo de mais de cem estudantes voluntários pelos direitos civis do norte do país, brancos e negros, dirigiram-se ao sul para iniciar uma campanha pelo direito de voto negro e para a formação de um partido pela liberdade do Mississippi. Três deles acabaram assassinados pela Ku Klux Klan em conluio com autoridades policiais da cidade de Filadelfia, Missisipi e seus corpos, perfurados a tiros, encontrados após mais de um mês de diligências do FBI, enviado ao local pelo Presidente Lyndon Johnson para assumir as investigações. Acompanhado diariamente pela imprensa em rede nacional de televisão e pelos mais influentes jornais do país, a indignação que o caso provocou na opinião pública americana ajudou o Presidente Johnson a aprovar junto ao Congresso a Lei dos Direitos Civis, em 2 de julho de 1964. (este caso foi contado no filme de sucesso mundial “Mississippi em Chamas”, de Alan Parker) 


Trailer: Mississipi em Chamas 



Summer of 1920 - Resurgence of the Ku Klux Klan 



Lyndon Johnson assina a Lei dos Direitos Civis 
em 2 de julho de 1964. 

• 1964 – Prêmio Nobel 

• No fim do ano, o antissegregacionista Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços pacíficos pelo fim da segregação racial e pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. 

• 1965 – Selma (Alabama) e o Direito de Voto 

Marcha em Selma pelos Direitos Civis 

• Martin Luther King liderou passeatas e manifestações na cidade de Selma, no Alabama, em prol do direito de cidadãos negros se registrarem como votantes, em oposição ao chefe de polícia da cidade, Jim Clark. Ele e centenas de manifestantes foram presos, mas as manifestações continuaram e acabaram em violência por toda a cidade, com a morte de uma manifestante pela polícia. Nos dias que se seguiram, choques entre civis brancos locais, policiais a cavalo e manifestantes negros resultaram em tumultos generalizados com mortos e feridos, transmitidos pela televisão para todo o país. As cenas causaram a mesma indignação dos fatos ocorridos no Mississipi no ano anterior e permitiram ao Presidente Johnson conseguir aprovar junto ao Congresso a Lei do Direito de Voto em 6 de agosto de 1965. Esta decisão provocou a famosa lamentação de Lyndon Johnson de que “com essa assinatura acabo de perder os votos do Sul na próxima eleição”. (Nota: Lyndon Johnson desistiu da reeleição em 1968, devido aos protestos generalizados no país por causa da Guerra do Vietnam), 


Martin Luther King e o boicote ao transporte público de Montgomery 



• O direito ao voto negro mudou para sempre a face política do sul dos EUA, fazendo com que, em 1966, o número de negros eleitos para cargos públicos no Mississipi, o mais racista dos estados sulistas, fosse maior do que em qualquer outro estado do país. Em 1965, pouco mais de 100 negros foram eleitos para mandatos públicos nos EUA. Hoje, os agora chamados afro-americanos são mais de 8.000.000, a maioria em estados do sul. 

• 1966-1975 – O Black Power e os Panteras Negras 

• Em contraponto com a política de integração através da não-violência de Martin Luther King, surgiu em 1966 um grupo de homens liderados por Stokely Carmichael, pregando a necessidade dos negros de se defenderem dos ataques sofridos pela Ku Klux Klan no sul do país. A partir de seus discursos, os negros sulistas, em número muito maior do que o da organização racista passaram a enfrentar de armas nas mãos os ataques dos brancos racistas da região, fazendo com que a Klan desistisse de aterrorizar os habitantes negros da região. A este movimento começou a se dar o nome de Black Power (Poder Negro). 

Malcolm X, um dos principais defensores 
dos direitos dos afro-americanos 

• O movimento pelos direitos civis começava a enfrentar a violência através da violência. Os jovens integrantes do Black Power passaram a mostrar seu orgulho de pertencer à raça negra ganhando maior identidade cultural, exteriorizando seus sentimentos, usando indumentárias coloridas e cabelos no que chamavam de estilo afro, inspirados nas tribos da África. 


Malcolm X’s Fiery Speech Addressing Police Brutality 



• O sentimento de combater o racismo, a injustiça e a violência branca com a mesma moeda, cada vez mais crescente, acabou desembocando na organização conhecida como “Panteras Negras”, um pequeno partido político criado em Oakland, Califórnia, disposto a conseguir a igualdade racial e política “por quaisquer meios”, seguidores ideológicos do falecido ativista Malcolm X. Seu indumentário padrão, de casacos negros de couro, boinas negras, camisas azuis e cabelos afros passaram a fazer parte da paisagem política e policial americana junto com sua saudação de punho levantado, até o meio dos anos 70, sempre ligada a métodos agressivos de protestos e retaliação. Todos os seus mais conhecidos líderes, como Huey Newton, Bobby Seale e Angela Davis acabaram presos e relegados à obscuridade, devido às ações repressivas do governo do republicano Richard Nixon. 


Martin Luther King e o boicote ao transporte público de Montgomery 







Até o próximo encontro!



domingo, 22 de novembro de 2020

ROCK - Suas Histórias & Suas Magias - Capítulo 10 Parte 1

A Sociedade na Década de 60


1. Visão geral 

Vários países ocidentais deram uma guinada à esquerda no início da década, com a vitória de John F. Kennedy nas eleições de 1960 nos Estados Unidos, da coalizão de centro-esquerda na Itália em 1963 e dos trabalhistas no Reino Unido em 1964. No Brasil, João Goulart virou o primeiro presidente trabalhista com a renúncia de Jânio Quadros. 

John F. Kennedy 

A década de 1960 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50. Os anos 50 foram marcados por uma crise no moralismo rígido da sociedade, expressão remanescente do Sonho Americano que não conseguia mais empolgar a juventude Americana. A segunda metade dos anos 50 já prenunciava os anos 60: a literatura beat de Jack Kerouac, o rock de garagem à margem dos grandes astros do rock (e que resultaria na Surf Music) e os movimentos de cinema e de teatro de vanguarda, inclusive no Brasil. 
A década de 1960 pode ser dividida em duas etapas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. 

Os movimentos feministas nos EUA 

A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles, banda que existiu durante toda a década de 60, tenha trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentricidade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. "I want to hold your hand" é o espírito da primeira metade dos anos 60. "A day in the life", o espírito da segunda metade. 
Nesta época teve início uma grande revolução comportamental como a Segunda Onda do feminismo que atingiu os Estados Unidos e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais. O Papa João XXIII abre o Concílio Vaticano II e revoluciona a Igreja Católica. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, com seus protestos contrários à Guerra Fria e à Guerra do Vietnã e o racionalismo. 

Protestos contra a Guerra do Vietnã 

Esse movimento foi também a chamado de contracultura. Ocorre também a Revolução Cubana na América Latina, levando Fidel Castro ao poder. Tem início também a descolonização da África e do Caribe, com a gradual independência das antigas colônias. 
No entanto esta década começou já com uma grande prosperidade dos países ricos. Por exemplo com a explosão do consumo, 90% dos americanos tinham televisão em 1960 e uma em cada 3 famílias inglesas tinha automóvel em 1959. 


2. Arquitetura 

O movimento googie (também conhecido como populuxe ou Doo-Wop), influenciado pela cultura automobilística e nas eras espacial e atômica continua sendo um estilo arquitetônico popular. Entre as características do Googie estão tetos elevados e curvilíneos, figuras geométricas e o uso arrojado de vidro, aço e neon. Assim como ocorreu com o estilo Art Deco das décadas de 1920, 1930 e 1940, o Googie tornou-se cada vez mais desvalorizado com o passar do tempo, e muitas construções feitas neste estilo foram demolidas. 


3. Ciência e Tecnologia 

• Tem início o uso da informática para fins comerciais, embora ainda não de forma massificada 
• Em 1964 a IBM lança o circuito integrado, ou chip 
• Surge a Arpanet, que se tornaria o embrião da Internet 
• Os soviéticos enviam o primeiro homem ao espaço (Iuri Gagárin) em 1961. 
• Os soviéticos enviam um robô para a Lua (1966). 
• Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969. 
• Também em 1969, uma sonda dos Estados Unidos alcançou Marte e, meses depois, a URSS descia um robô em Vênus. 

Construção no estilo Googie 


4. Cultura 

A cultura foi impulsionada e espelhada, na década anterior, de 50, na qual o mundo todo encontrava-se em mudança cultural nos mais variados grupos sociais. 


5. Música 

Os Beatles desembarcando no Aeroporto JFK em Nova Iorque

• Os Beatles comandam a Invasão Britânica, ou British Invasion, no rock, seguidos por The Rolling Stones, The Who, The Kinks e vários outros. 

• Surge a música de protesto, com Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul and Mary, entre outros, já nos primeiros anos da década. 

• O Rock and Roll ganha crescente popularidade no mundo, associando-se ao final da década à rebeldia política. 

• No início da década o rock recebeu no Brasil o nome de iê-iê-iê, uma livre tradução do refrão da música She Loves You, dos Beatles: "She Loves You, Yeah, Yeah, Yeah!". 

• Na música erudita, começa a se desenvolver o minimalismo, a partir das obras de Philip Glass. 

• Em 1964 o grupo feminino The Shangri-Las chega ao topo das paradas musicais britânica e norte-americana com os singles "Remember (Walking in the Sand)" e "Leader of the Pack". 

• Chega aos cinemas em 1964 o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day's Night. No Brasil recebeu o nome Os Reis do Iê, Iê, Iê. 

• Os Beatles fazem um show histórico no Shea Stadium, em 1965. Eram cerca de 55.000 pessoas. 

• O programa Jovem Guarda estreia em 1965, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa de tevê acaba gerando o movimento com o mesmo nome, onde os jovens tiveram pela primeira vez um espaço, lhes permitindo uma identidade própria, pois foi a primeira vez que se era dedicada aos adolescentes uma parte do cenário cultural. 

Rolling Stones, ao lado dos Beatles, foi uma das bandas 
mais importantes da década de 1960

• Ainda em 1966 os Beatles anunciam que não fariam mais shows ao vivo, pois os arranjos das canções possuíam um grau de complexidade muito elevado, dificultando a execução das canções ao vivo, além do fato da histeria das fãs impossibilitar que eles conseguissem ouvir o que tocavam. Neste mesmo ano a banda lança o álbum Revolver, imortalizando canções como "Taxman", "Eleanor Rigby" e Here, there and everywhere". 

• Em 1966, o grupo The Jackson 5 é formado pelos irmãos da família Jackson, o grupo não faz sucesso na década de 60, estourando apenas na década de 1970, mas foi o grupo que lançou Michael Jackson na carreira musical, quando o mesmo ainda era uma criança. 

• Em 1967 os Beatles lançam aquele que é considerado o melhor álbum da história: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. O álbum se tornou um dos discos mais vendidos da história e tido como o mais influente. 

Capa do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band 

• Ainda em 1967, surge o primeiro festival de rock Monterey Pop Festival, ou Festival Pop de Monterey, na California. Organizado por Lou Adler, John Phillips (The Mamas & The Papas) e Derek Taylor o festival foi a estreia de The Jimi Hendrix Experience, com Jimi Hendrix; Big Brother and the Holding Company, com Janis Joplin e Otis Redding. 

• A banda The Doors lança seu primeiro álbum: The Doors, que incluía a música "Light my Fire", o maior sucesso do grupo. 

Os Beatles no telhado da Apple Records 
(Wikimedia Commons/Reprodução) 

• Os Beatles lançam o “Álbum Branco”sendo esse um dos discos mais influentes da história do Rock. 

• No ano de 1968, Elvis lança o especial de TVElvis NBC TV Special. O especial fez muito sucesso. 

• Em janeiro de 1969, a banda The Beatles dá sua última performance pública, no telhado da Apple Records. A polícia interrompeu a performance, mas o show ficou na história. 

Festival de Woodstock 

• Em 1969 ocorre o Festival de Woodstock, nos Estados Unidos, com apresentações ao vivo de Jimi Hendrix, Creedence Clearwater Revival, The Who, Sly and Family Stone, Carlos Santana, entre outros lendários do rock clássico. O festival se tornou o símbolo da união entre Rock e paz e amor. Jovens se reuniam para desfrutar de três dias de paz, amor e música. 

• Em 1969, o ex integrante da banda Rolling Stones, Brian Jones é encontrado morto na piscina da sua casa em Sussex. 

• Também em 1969, a banda The Doors lança o álbum “The Soft Parade” com canções como Touch me. 

• Em março de 1969, John Lennon e Yoko Ono realizaram o primeiro "Bed-in for Peace" no hotel Hilton em Amsterdam, nos Países Baixos. "Bed-ins" era conferências de imprensa em favor da paz, realizados em uma cama de hotel. Essas conferências ficaram famosas no mundo inteiro como um dos símbolos da luta pela Paz. 


6. Televisão 

• Começam as transmissões de TV em cores no mundo. 

• 1965 - A TV brasileira começa a utilizar a tecnologia do vídeo-tape, que permitiu a edição de programas televisivos, reduzindo o risco de erros, comuns nas exibições ao vivo. 

• A televisão passa a se tornar meio de comunicação em massa. 

• 1967-1968 tornam-se os anos do auge dos festivais da canção, no Brasil, que eram uma forma alternativa de expressão político-ideológica da juventude, diante da repressão do regime militar. 

• A TV Record lança o programa musical, "Jovem Guarda" (1965-1968), apresentado por Roberto Carlos, com Erasmo Carlos e Wanderléa. 


7. Filmes 

• Em 1962 surge o filme "What Ever Happened to Baby Jane?" com Bette Davis e Joan Crowford. 


What Ever Happened to Baby Jane? (1962) Official Trailer



• É filmado A Bout de Souffle (Acossado, título no Brasil), de Jean-Luc Godard, trazendo a bela Jean Seberg, atriz que se tornaria ícone de beleza da década. (1959) 


À bout de souffle 1960 Breathless Pourquoi tu mets jamais de soutien gorge 



• O clássico La Dolce Vita (no Brasil A Doce Vida), de Federico Fellini, com Anouk Aimée, Anita Ekberg e Marcello Mastroianni. 


La Dolce Vita - Anita Ekberg et Marcello Mastroianni La fontaine de Trevi (Rome) 



• O diretor Stanley Kubrick lança Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), uma das maiores e mais duras críticas satíricas à Guerra Fria. 

• Brigitte Bardot torna-se um dos maiores símbolos sexuais da década. 

• A atriz Audrey Hepburn estrela Breakfast at Tiffany's (no Brasil Bonequinha de Luxo). O figurino de Hepburn para o filme é do estilista francês Givenchy. 

• O filme brasileiro O Pagador de Promessas, adaptação do produtor, diretor e ator brasileiro Anselmo Duarte da peça homônima de Dias Gomes, recebe a Palma de Ouro do Festival de Cannes, na França. É a primeira vez que um filme brasileiro ganha o prêmio máximo do festival. 


O Pagador de Promessas - Trailer 



• Surge a série de filmes de James Bond, o espião 007, das novelas de Ian Fleming. O primeiro é Dr. No, no Brasil 007 Contra o Satânico Dr. No, com Sean Connery e a sensual Ursula Andress. No filme, a célebre cena de Andress usando um inesquecível biquíni branco saindo do mar. 


James Bond – Dr. No 



• Blowup, de Michelangelo Antonioni, com Jane Birkin e Veruschka é um filme cheio de referências dos anos 60. 


Blow Up Original Trailer 1966 



• Nesse ano também, ao som de Mrs Robinson, entre outros sucessos de Simon & Garfunkel, Dustin Hoffman vive um jovem universitário recém-formado que se inicia sexualmente com uma mulher mais velha, no clássico The Graduate, A Primeira Noite de um Homem no Brasil, de Mike Nichols. 

• Belle de jour, um filme de Luis Buñuel, com Catherine Deneuve. 


Belle de Jour - Official Trailer - Directed by Luis Buñuel 

https://www.youtube.com/watch?v=gC1lO7lqMuw&ab_channel=StudiocanalUK 


• A atriz Jane Fonda é Barbarella, a sensual heroína espacial do filme de homônimo de Roger Vadim. 


Barbarella 1968 



• Easy Rider (Sem Destino), é um dos filmes mais vigorosos dos anos 60, de Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern, estrelando os próprios, Fonda e Hopper, e Jack Nicholson. O filme critica a intolerância e a vulgaridade da sociedade americana. 


Easy Rider Trailer 



• O Pink Floyd lança o disco More compoindo a trilha sonora do filme de mesmo nome dirigido por Barbet Schroeder 


More (1969) Barbet Schroeder - Pink Floyd - Original Trailer 



Pink Floyd – Cymbaline From the Movie More 



Green is the colour - Pink Floyd (Music from the movie "More") 



8. Livros 

Os jovens são influenciados pelas ideias de liberdade On The Road, livro do beatnik Jack Kerouac, da chamada geração beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. 


9. Dias históricos 

• Guerra Fria - 3 de janeiro de 1961: Os Estados Unidos cortam relações diplomáticas com Cuba. 

• 12 de abril de 1961: Cosmonauta russo Yuri Gagarin torna-se o primeiro homem a ir ao espaço. 


• 25 de agosto de 1961: Renúncia de Jânio Quadros. Crise política no Brasil, Ranieri Mazzilli assume interinamente. 

• 5 de agosto de 1962: Aos 36 anos, Marilyn Monroe é encontrada morta dentro de sua casa em Los Angeles. 

• Guerra Fria - Crise dos mísseis de Cuba (16-28 de outubro de 1962) - um confronto quase militar entre os EUA e a União Soviética sobre a presença de mísseis soviéticos em Cuba. Após um bloqueio naval americano (quarentena) de Cuba, a União Soviética sob a liderança de Nikita Khrushchev concordou em remover seus mísseis de Cuba em troca dos EUA, removendo seus mísseis da Turquia. 

• Guerra Fria - 8 de fevereiro de 1963: A administração norte-americana de John F. Kennedy anuncia o embargo comercial à Cuba. 

• 28 de agosto de 1963: Líder negro norte-americano, Martin Luther King encabeça manifestação com mais de 200 mil pessoas em Washington á favor dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. 

Martin Luther King na Marcha sobre Washington 

• 22 de novembro de 1963: Assassinato de John F. Kennedy durante uma visita a Dallas, no Texas. 

Assassinato de Kennedy 

• Guerra Fria - 9 de fevereiro de 1965: As primeiras forças de combate dos Estados Unidos são enviadas para o Vietnã do Sul. Começa a Guerra do Vietname. 

• Guerra Fria - 9 de outubro de 1967: Che Guevara é executado na Bolívia. 

• 4 de abril de 1968: Martin Luther King Jr. é assassinado. 

Assassinato de Martin Luther King 

• 13 de dezembro de 1968: O General Arthur da Costa e Silva decreta o Ato Institucional N° 5, ou AI-5, no Brasil. 

• Abril de 1969: Greve académica em Coimbra. 

• 20 de julho de 1969: Neil Alden Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua, como comandante da missão Apollo 11. 

• 26 de outubro de 1969: Enviada a primeira mensagem de e-mail entre computadores distantes. 


10. Personalidades 

Martin Luther King 

John F Kennedy 

Elvis Presley 

Brigitte Bardot 

Bob Dylan 

Jane Fonda 


11. Líderes 

• Konrad Adenauer, Chanceler da Alemanha Ocidental 
• Ludwig Erhard, Chanceler da Alemanha Ocidental 
• Kurt Georg Kiesinger, Chanceler da Alemanha Ocidental 
• Charles de Gaulle, presidente da França 
• Hirohito, imperador do Japão 
• Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia 
• Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos 
• John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos 
• Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos 
• João Goulart, presidente do Brasil 
• Castelo Branco, presidente do Brasil 
• Leonid Brejnev, líder da União Soviética 
• Nikita Kruschev, líder da União Soviética 
• Levi Eshkol, primeiro-ministro de Israel 
• Martin Luther King, ativista negro do Movimento dos Direitos Civis nos EUA 
• Stokely Carmichael, ativista negro do Movimento dos Direitos Civis nos EUA 
• Gamal Abdel Nasser, presidente do Egito 
• Mao Tsé-Tung, líder da China 
• Kim Il-sung, ditador da Coreia do Norte 
• Papa João XXIII, Papa da Igreja Católica 
• Papa Paulo VI, Papa da Igreja Católica 
• Rainha Elisabete II, rainha da Grã-Bretanha 
• Harold Wilson, primeiro-ministro da Grã-Bretanha 
• Harold Macmillan, primeiro ministro da Grã-Bretanha 


12. Artistas 

• Allen Ginsberg, escritor e poeta estadunidense. 
• Andy Warhol, pintor, empresário e cineasta estadunidense. 
• Aretha Franklin, cantora estadunidense. 
• Audrey Hepburn, atriz e humanitária britânica. 
• Baden Powell, tenente-general do Exército Britânico, fundador do escotismo. 
• Beach Boys, banda de rock dos Estados Unidos. 
• Bee Gees, trio de música pop do Reino Unido. 
• Bob Dylan, compositor, cantor, pintor, ator e escritor estadunidense. 
• Brigitte Bardot, atriz francesa, atualmente é ativista. 
• Celly Campello, cantora brasileira. 
• Diana Ross & The Supremes, grupo musical feminino dos Estados Unidos 
• Elvis Presley, músico e ator estadunidense. 
• Frank Sinatra, cantor, ator, e produtor estadunidense. 
• Janis Joplin, cantora e compositora estadunidense. 
• Jefferson Airplane, banda de rock dos Estados Unidos 
• Jim Morrison, cantor, compositor e poeta estadunidense. 
• Jimi Hendrix, guitarrista, cantor e compositor estadunidense. 
• Jimmy Page, músico, produtor musical e compositor britânico 
• Joe Cocker, cantor britânico 
• Johnny Rivers, cantor, compositor, produtor e guitarrista de Rock estadunidense. 
• Joseph Beuys, artista de performance, happening e fluxus alemão, bem como um escultor 
• Julie Andrews, atriz, cantora, dançarina, diretora teatral e escritora britânica. 
• Led Zeppelin, banda de rock do Reino Unido. 
• Leila Diniz, atriz brasileira 
• Leno e Lilian, dupla de cantores brasileiros, faziam parte da Jovem Guarda. 
• Mary Weiss, cantora estadunidense. 
• Marilyn Monroe, atriz e modelo estadunidense. 
• Nam June Paik, compositor e videoartista sul-coreano 
• Os Mutantes, banda de rock do Brasil 
• Pink Floyd, banda de rock do Reino Unido 
• Ray Charles, cantor estadunidense, também saxofonista e pianista de soul, R&B e jazz 
• Regina Duarte, atriz brasileira 
• Rita Pavone, cantora, intérprete e atriz italiana. 
• Roberto Carlos, cantor e compositor brasileiro 
• Rod Stewart, cantor e compositor britânico 
• Ronnie Von, apresentador, cantor, compositor, músico, ator e escritor brasileiro 
• Sílvio Santos, apresentador de televisão e empresário brasileiro 
• Sérgio Cardoso, ator brasileiro 
• Sonny & Cher, dupla estadunidense de música pop 
• The Beatles, banda de rock do Reino Unido. 
• The Doors, banda de rock dos Estados Unidos. 
• The Shangri-Las, grupo pop feminino dos Estados Unidos. 
• Tina Turner, cantora, compositora, dançarina e atriz estadunidense. 
• The Mamas & The Papas, grupo vocal de folk rock dos Estados Unidos 
• The Monkees, um grupo pop masculino dos Estados Unidos 
• The Rolling Stones, banda de rock do Reino Unido. 
• Vinicius de Moraes, poeta, dramaturgo, jornalista, cantor e compositor brasileiro 
• Wanderléa, cantora brasileira. 
• Wolf Vostell, pintor e escultor alemão 


13. Guerras e Conflitos 

• Em agosto de 1961, ocorre a construção do Muro de Berlim. 

13 de agosto de 1961 
Início da construção do Muro de Berlim 

• Em 1962 ocorre a crise dos mísseis cubanos, o momento mais tenso da Guerra Fria entre EUA e União Soviética. 

• Em 5 de junho de 1967, começa a Guerra dos Seis Dias. Israel ataca a Síria, Egito e Jordânia. Israel sai vencedor nesse conflito e ocupa vários territórios no Oriente Médio, entre eles a Península do Sinai. 

• Final da década de 1960: aumentam os protestos nos Estados Unidos e no mundo contra a Guerra do Vietnã. Fortalecimento dos movimentos pacifistas. 

• Em 3 de janeiro de 1961, os Estados Unidos rompem as relações diplomáticas com Cuba. 



14. Cultura, Arte e Religião 

• Em 1962 é realizado o O Concílio Vaticano II pela Igreja Católica. 

• Em dezembro de 1967 é criada a FUNAI (Fundação Nacional do Índio). 

• Em abril de 1968, é lançado um grande sucesso do cinema: 2001, Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. 


2001: A Space Oddyssey Trailer 



2001: A Space Odyssey - Trailer 



2001: a Space Odyssey - Original Theatrical Trailer 



2001: A Space Odyssey - The Dawn of Man 



• Inauguração do MASP (Museu de Arte de São Paulo) em 7 de novembro de 1968. 

• O movimento hippie ganha força nesta década. 


15. Anos 60: Período de grandes transformações, contestação e reforma cultural 
Elaine Mendes (06/05/2019) 
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/anos-60 

Os anos 60 foram marcados por grandes transformações em diferentes meios. Contudo, nos âmbitos da moda e do comportamento, além da participação popular frente às questões sociais e políticas, caracterizaram-se como principais. A década de 60 teve início no dia 1 de janeiro de 1960 e terminou no dia 31 de dezembro de 1969. 
O campo da arte também merece destaque, já que o Rock and Roll adquiriu mais popularidade com as bandas The Beatles e The Rolling Stones. A música era considerada um ato político e influenciava os jovens. 
Já no Brasil, os anos 60 foram marcados ainda pelo inicio da Ditadura Militar, que teve início em 1 de abril de 1964. Ainda no país, em 1967, surgiu o tropicalismo – movimento que trouxe inovação à sociedade brasileira ao misturar diversas vertentes culturais. A vertente atingiu não somente a parte musical, mas também a pintura, o cinema e a poesia. 
Foi ainda nos anos 60 que aconteceu o Festival de Woodstock, ou Woodstock Music & Art Fair, famoso encontro de música realizado entre 15 e 18 de agosto 1969. 

a) Período da Contracultura 

A contracultura teve como objetivo instituir o padrão de comportamento para a população, tanto dos Estados Unidos quanto da União Soviética. No entanto, o movimento nos EUA estava se opondo ao próprio padrão de vida (American way of life), que ligava o consumo à felicidade. Com isso, as famílias tornaram-se pontos principais das propagandas publicitárias. 
O estilo de vida americano era parecido com o padrão socialista da União Soviética. Nesse modelo, a população estava nos mesmos níveis de oportunidades. Dessa forma, a junção dos dois tipos de culturas deu início a contracultura. 
O movimento começou logo após a Segunda Guerra Mundial, sendo marcada por diversos fatores. Veja alguns deles: 

• Os hippies: o movimento surgiu durante a contracultura nos anos 60. Eles valorizam a natureza, tinham um estilo de vida comunitária, eram nômades e viviam do artesanato; 

Movimento Hippie 

• Black Power: surgiu nos EUA com o intuito de vangloriar os negros e também para criar instituições culturais e defender os direitos civis; 

Movimento Black Power 

• Gay Power: movimento voltado para a comunidade LGBT. Surgiu no final da década de 60 até os anos 70, com o objetivo de defender os movimentos sociais do grupo. 

Movimento Gay Power 

• Baby Boom: a "explosão de bebês" resultou em uma grande e rápida expansão da população, após a Segunda Guerra Mundial; 

• Movimento Beatniks: grupo de jovens que eram contra a cultura materialista estadunidense; 

• Guerra do Vietnã: o conflito aconteceu durante toda a década de 60; 

Guerra do Vietnã 

• Movimento estudantil: nessa época, os movimentos estudantis foram expressivos em todo o mundo. O número de estudantes cresceu e, dessa forma, a consolidação de de novas correntes políticas no âmbito universitário; 

• Invenção de pílulas: nos anos 60 foram criadas as pílulas anticoncepcionais; 

• Feminismo: o movimento se consolidou como uma organização política. 

Já no Brasil, a contracultura estava presente nos diversos movimentos estudantis e no surgimento da Jovem Guarda (grupo contrário à estética cultural do país). Além disso, o tropicalismo foi um movimento divergente aos padrões culturais dos anos 60, também sendo considerado uma organização contestadora. 

b) Política nos Anos 60 

A política nos anos 60 foi bastante conturbada. Veja os principais acontecimentos: 

• Os EUA possuíam uma relação diplomática com Cuba, porém em 1961 houve o rompimento após a Revolução Cubana (1959); 

• Na Crise dos mísseis, em 1962, projéteis nucleares foram instalados na ilha de Cuba. Esse conflito durou 13 dias; 

• Consequentemente, a crise dos mísseis, resultou no embargo econômico e comercial, em 1963, estabelecido pelos EUA e direcionado ao governo cubano. O intuito era revelar que o socialismo não seria o bastante naquele período. O então presidente John F. Kennedy, na mesma época do rompimento, foi assassinado com um tiro; 

• No Brasil, o presidente João Goulart, que assumiu o cargo após a renúncia de Jânio Quadros, apresentou reformas de bases, agrárias e tributária, contudo foi criticado pelas esferas conservadoras. 

c) A moda da década de 60 

Na década de 60 o uso da maquiagem era essencial, especialmente entre o público mais jovem. O foco era os olhos, que estavam sempre bem marcados com muito delineador e rímel. O batom vermelho foi excluído, dando lugar aos batons com tons mais claros e até mesmo brancos. 
As perucas também predominavam, a comercialização era grande. Além de ser baratas, poderiam ser encontradas em diversas tonalidades e modelos. Os cabelos eram partes importantes na criação de um visual novo. Os penteados eram feitos com muito volume. 
Entre os penteados estão os topetes altíssimos, os coques no topo da cabeça, o rabo de cavalo, penteados com franjas laterais e cabelos soltos com cachos grossos, além do uso de acessórios como tiaras e fitas. 

Moda Feminina nos anos 60 

Para os homens, a moda dos anos 60 chegou com a grande influência do grupo The Beatles. Entre as peças que viraram clássicas no guarda-roupa masculino, as calças jeans com modelagem mais ajustadas, cintura baixa e nas cores vermelho e rosa fizeram sucesso. 

Moda Masculina nos anos 60 

d) Tecnologia nos anos 60 

Em 1961, o cosmonauta soviético Yuri Gagarin foi o primeiro homem a ir para o espaço. Já em 1969, o americano Neil Armstrong pisou na lua. Esses dois episódios ainda são consequências da Guerra Fria, pois foi um período histórico marcado pelas disputas estratégicas entre os Estados Unidos (EUA) e a União Soviética. 
Outros marcos na tecnologia dos anos 60: 

• A informática começa a ser produzida de forma massiva; 

• A União Soviética envia o primeiro robô à lua; 

• Os Estados Unidos enviam uma sonda para Marte; 

• A União Soviética envia um robô para o planeta Vênus; 

• Surge o primeiro circuito integrado, conhecido como chip. 


16. Movimento Hippie: entenda sobre a Contracultura de 1960 
Fonte: https://www.stoodi.com.br/blog/historia/movimento-hippie/ 

A história do século XX é marcada por grandes transformações políticas e culturais no mundo todo. Guerras mundiais, ditadura, revoluções, polarização das ideias e muitas mudanças de comportamento marcaram esses cem anos. 
No campo cultural, o movimento hippie foi responsável por propor mudanças no comportamento social e pelo rompimento com as formas tradicionais de organizar a vida cotidiana. Muitas coisas que vivemos hoje são consequências desse momento. 

a) O que foi o movimento Hippie? 

O movimento Hippie surgiu nos anos 1960, quando os jovens conscientes mostraram que não estavam dispostos a viver da mesma forma tradicional e conservadora da maioria das famílias naquela época. 
Foi a década mais contestadora do século passado. O objetivo era atacar o sistema, ou seja, uma sociedade que produzia miséria, violência, guerras e angústia. A origem desse termo deriva da palavra “hipster”, usada para classificar ativistas do movimento negro. 
Esse processo teve origem nos Estados Unidos, foi impulsionado por artistas e músicos e se espalhou por vários países do mundo. Os Beatles foi uma banda que surgiu nesse contexto e foi responsável pela difusão da contracultura em todo o planeta. 

b) Características do movimento Hippie 

Nos Estados Unidos, durante a Guerra do Vietnã valia tudo: passeatas, ovos podres em políticos reacionários, ficar nu em frente à Casa Branca, camisetas com o lema “Faça amor, não faça guerra”, etc. 
Muitos estudantes norte-americanos se tornaram militantes de esquerda — denunciaram a existência de milhões de pessoas passando fome no país capitalista mais rico do mundo e repudiavam o dinheiro e a mercantilização da vida humana. Outros jovens acreditavam na não-violência e na vida espiritual, em oposição ao materialismo proposto pelo capital. Muitos se tornaram hippies. 

Movimento Hippie – Faça Amor Não Faça Guerra 

Entre as características do movimento hippie podemos citar roupas coloridas, homens de barba e cabelo compridos, moças com flores no cabelo, músicas com violão e acampamentos. Em suma, os hippies recusavam a sociedade de consumo e a família tradicional. Além disso, admiravam a cultura do Oriente, vestiam batas indianas e apreciavam a alimentação natural. 
Tinham algo de socialista utópico e de anarquista pacifista, porque repudiavam o Estado e o capital, optando pela vida comunitária em vez do individualismo. Preferiam a natureza à fumaça das cidades, o rock ao barulho das metralhadoras, o sexo à violência da polícia, o amor à sociedade de consumo. 
O movimento Hippie foi importante para as mudanças culturais e de comportamento. Até então, as mulheres ocupavam um papel de submissão ao homem e sua principal função era cuidar dos afazeres domésticos. Foi nesse contexto de rebeldia, proposto pelos hippies, que elas começaram a queimar sutiãs em praças públicas, o que, simbolicamente, significa que as mulheres não eram apenas um objeto sexual. Assim, o movimento feminista ganhou as ruas para dizer não ao machismo. 

Os cabelos longos e roupas coloridas nos Anos 60 

Foi também a época da revolução sexual, quando os cabelos masculinos cresceram e as saias femininas encurtaram. Quebrar o tabu da virgindade era visto como uma forma de libertar as pessoas. A pílula anticoncepcional virou arma feminina na luta pelo prazer. 

c) Movimento Hippie: O Festival de Woodstock 

O Festival Woodstock aconteceu nas imediações da cidade de Bethel, nos Estados Unidos, em agosto de 1969. Foi um dos principais festivais de música da história, pois representou o auge da contracultura e da efervescência cultural do momento. 


Mais de 400 mil pessoas participaram do evento. A cidadezinha não deu conta de suprir todas as demandas por comida e água e as cidades vizinhas tiveram que dar suporte. 

Jimi Hendrix no Festival de Woodstock 

A ideia dos organizadores era reunir os principais nomes da contracultura, como Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Who e Joe Cocker. Outras bandas como The Doors, Bob Dylan, Led Zeppelin e John Lenon foram convidados, mas não participaram do festival. 
O público viveu três dias de muita agitação cultural, quando pôde colocar em prática os ideais de comportamento e de vida. O uso de drogas, como a maconha, o LSD e a mescalina, acontecia naturalmente. A liberdade para brincar, dançar e fazer sexo esteve presente. A ideia era viver uma vida de “paz e amor”, como pregavam os hippies. 

d) Movimento Hippie e Flower Power 

Flower Power (Poder das Flores) foi um lema utilizado pelos hippies como símbolo da não-violência e repúdio à Guerra do Vietnã. O termo foi criado pelo poeta Allen Ginsberg, em 1965, e objetivava incentivar a vida em comunidade, livre das dominações capitalistas. 
Vários artistas aderiram à causa. A cidade de São Francisco tornou-se o ponto de encontro das bandas de rock que comandaram toda a agitação cultural. O músico Scott Mackenzie, por exemplo, estourou com a canção “San Francisco” que dizia: “Se você estiver indo a São Francisco, não se esqueça de colocar flores em seu cabelo”. 
Os hippies do movimento Flower Power reivindicavam mais liberdade, igualdade de direitos, defesa dos animais e do meio ambiente, o fim da Guerra do Vietnã e a luta contra as armas. 


17. Como a década de 60 influenciou o mundo da moda 

Enquanto grupos culturais e artísticos, ao lado de movimentos sociais, marcaram época na segunda metade do século passado, os mesmos tiveram grande influência na história da moda contemporânea. Com manifestações e críticas claras à sociedade conservadora, foi na década de 60 que esses movimentos culturais se radicalizaram e ganharam força entre a juventude. A vestimenta, o cabelo e os acessórios corporais, ou seja, a formação indumentária desses movimentos, passaram a servir como instrumento de formação identitária. 
Apesar de renegada por alguns em análises históricas e estudos científicos, a moda deve ser pensada ao lado das outras expressões culturais que moldaram a década de 60 e que transformaram as gerações seguintes. Assim como o teatro, o cinema, a literatura, a música, a moda se contextualizava num panorama crítico. Ao lado das outras modalidades, também se encontra como forma de comunicação e linguagem que espelham um contexto específico. 
Mas ao mesmo tempo que as formas de linguagem culturais são reflexo do contexto de uma sociedade, podem virar reféns das mudanças nos panoramas sofridos pela sociedade capitalista. E com a moda não foi diferente das outras formas de comunicação, ainda mais por se tratar de um padrão estético. Todo o processo identitário refletido na vestimenta de movimentos culturais e sociais, com o tempo, foram abocanhados e transformados pelo mercado de consumo. É na juventude, em sua grande maioria das vezes, que o processo de autoafirmação ganha destaque, a preocupação com a imagem se fortalece. E é aqui que a vestimenta se torna um dos principais símbolos de consumo. Por conta da formação de identidade dos grupos sociais que ela representa é que o mercado de consumo se apropria dos movimentos de luta formados majoritariamente por jovens do século XX, mais precisamente na década de 60. 
Ainda assim, num primeiro momento, os movimentos culturais formados pela juventude tem o objetivo de, através da composição estética recheada de características identificadoras em suas roupas e cabelos, escancarar uma linguagem de contestação. Nesse sentido, a moda urbana daquela década pode ser chamada de anti-moda, uma vez que seu princípio se dá na rua, para depois chegar às passarelas e lojas. Desta forma, movimentos culturais e sociais de grande impacto na moda urbana poderão ser destacados, mais precisamente na Europa e depois Estados Unidos, onde houve a efervescência e radicalização de movimentos sociais. 
A moda funcionou na história como um aspecto da cultura que evidencia de modo mais claro uma sociedade, testemunha suas reivindicações. É por isso que se deve ter como referência a moda da sociedade sujeita as relações modernas, urbanas, relações mediadas por meio da aparência. 


18. O que estava acontecendo no mundo na década de 60 

Em um mundo sob forte influência do pós Segunda Guerra, os anos 60 foram marcados pelo impulso da juventude na busca pela contestação e protagonismo. Na Europa, países ainda sentiam as consequências dos anos de destruição pela guerra. Alguns perderam suas colônias imperialistas e outros se envolveram em mais conflitos com efeitos desastrosos. As consequências da crise eram claras, longas jornadas de trabalho e baixa remuneração; desigualdade salarial entre homens e mulheres; alto índice de desemprego entre os jovens. 
Em janeiro de 68, a França é marcada pela implantação de um plano de ensino considerado opressor com exames de seleção (processo com o qual estamos sujeitos até os dias atuais). Posteriormente, no mesmo ano, estudantes viriam a se mobilizar contra a instituição de ensino e seus valores em uma manifestação que abalaria a França desencadeando nas mais diversas formas de protesto que se alargaram por todo o mundo. 
Nos Estados Unidos, a década de 60 se inicia com a eleição do presidente John Kennedy. A Guerra Fria se acirrava com a construção do muro de Berlim e a intervenção militar no Vietnã se tornava cada vez mais polêmica e injustificável. 

Guerra Fria – A Corrida Armamentista 

Em contrapartida a todos esses problemas é nessa época que se vê a possibilidade do radicalismo em movimentos sociais. Inspirado no grupo americano dos anos 50, nos Beatniks, surge na década de 60 nos EUA um movimento de contracultura, mais especificamente o movimento Hippie, fazendo campanha por direitos civis e causas culturais. 
O movimento Hippie trouxe consigo um dogma cultural por parte de artistas não só americanos como de todo o mundo. Grupos de cantores e cantoras, assim como festivais de música que pregavam a libertação em todos os sentidos, são símbolos da contracultura que dominaram a época. Os Beatles, Janis Joplin e o festival Woodstock foram exemplos disso. 
Após a eleição de Kennedy também se ampliava os movimentos urbanos em defesa dos direitos civis da comunidade negra e o debate em torno da segregação racial ganhava força. Principalmente por conta de que jovens negros estavam sendo mandados para a guerra no Vietnã. 
Apesar de alguns desses movimentos anti-racistas e de cunho pacifista, o que ganhou destaque foi a vertente mais radical do movimento, os Panteras Negras, marcados por fortes características identitárias e radicais a ponto de optarem por uma luta armada. Os mesmos exigiam uma participação efetiva do negro na sociedade e criticavam o forte racismo praticado pela polícia americana. A repressão policial contra a população negra dos Estados Unidos da época deu espaço para mais um poderoso movimento de rua ganhar força através da cultura, o movimento Hip-Hop, esse com marcante influência na moda até os dias atuais. 
A década de 60 é mais especificamente a era dos movimentos de contracultura, a negação daqueles valores ocidentais estabelecidos, é por isso que Hobsbawm, em sua obra Era dos Extremos, chama a década de 60 de revolução cultural. 


19. Movimentos de cunho político que marcaram a moda 

a) Movimento Hippie 

Aquilo que caracteriza o vestuário do movimento Hippie tem origem na década de 50 com a juventude Beat. Os Beatnicks usavam cabelos longos e desalinhados, barba e bigode por fazer, sandálias nos pés quando não descalços e uma bolsa alçada nos ombros. As mulheres usavam roupas pretas e justas remetendo ao luto. Nos pés, sapatilhas. A forma de se vestir passou a se ligar cada vez mais ao comportamento, e na década que viria a seguir a moda passou a ser claramente um sinal de liberdade, logo, as roupas deveriam refletir o mesmo. 

Jovens próximos ao festival Woodstock em agosto de 69 

Com o movimento Hippie cai o paradigma que é a diferenciação na vestimenta de homens e mulheres. Os cabelos masculinos passam a ser longos e as peças masculinas começam a habitar os guarda roupas femininos. Túnicas orientais permitiram que o uso de vestidos não se desse mais exclusivamente às mulheres. 
As duas principais marcas no vestuário hippie é a calça jeans, ainda dentro da questão do vestuário unissex, e a forte influência de tecidos vindos do oriente. 

Calças de Jeans usadas pelos jovens dos anos 60 

Os cabelos longos, enfeitados por flores e penteados pelos ventos eram uma das principais características de identificação do movimento. No caso dos negros, um cabelo no estilo black power, natural, assumindo a descendência afro. A partir das descrições indumentárias dos hippies é possível lembrar, devido a uma questão estética, diversos artistas que marcaram época justamente na década da contracultura. É muito fácil lembrar dos cabelos longos e floridos e relacionar com a vestimenta dos Beatles. No caso feminino, Janis Joplin. E, mais além, para os negros, Jimmy Hendrix. No momento em que as empresas ficam cientes desse novo mercado consumidor de enorme potencial, movido pela moda, mas também ligado à música, é que se criaram produtos específicos destinados a anti-moda, mas com intenção exclusiva de gerar lucro a uma empresa. O que contrapõe a crítica exercida pelo movimento a sociedade de consumo e a mercantilização da cultura. 

Foto de Jimi Hendrix postada em 1968 

b) Panteras Negras 

Foi principalmente através do Black Power que o partido dos Panteras Negras influenciou a cultura da moda. Era uma espécie de resistência a estética europeia ocidental. Eles possuíam uma composição única de vestimenta. Os homens vestiam jaqueta de couro, calça, sapato, boina e luvas, todos os itens pretos. Esse visual colaborou para o forte caráter identitário do grupo, uma vez que o vestuário tem papel essencial no processo de construção de identidades. As mulheres sempre vestiam saias pretas, óculos escuros e muitos acessórios no braço. O Black Power era a principal característica. O estilo delas marcava o confronto aos paradigmas impostos pela sociedade. 
Enquanto o Partido dos Panteras Negras desafiava a sociedade racista americana com a propagação de um padrão estético com a mensagem “black is beautiful” (preto é lindo), o que marcou foi o armamento em peso da população negra em confronto a intimidação da polícia. Naquela época, qualquer um sem ficha criminal poderia andar armado, inclusive em lugares públicos. 
O símbolo do partido era uma pantera devido a seus princípios, apenas atacaram quando se sentiram ameaçados, e nunca em vão. Eles combatiam não só a supremacia branca, mas também toda supremacia capitalista. Rapidamente o Estado americano agiu e criou uma lei para proibir o porte de arma na rua. 
Devido aos acontecimentos da época, o ícone visual e estético dos panteras se enraizou entre a juventude negra, e a cultura popular da periferia americana se tornou personagem mais que essencial no que pode se chamar de cultura pop. Os Panteras passaram a ser foco de fotógrafos e revistas, fascinados por aquele padrão indumentário. Eles eram ousados, corajosos e tinham cara de mal, suas roupas refletiam exatamente isso. Todos queriam fazer parte. 

Os Panteras Negras 

Segundo depoimento de Jamal Joseph (integrante dos Panteras Negras) para o documentário “The Black Panthers”, os panteras não inventaram a ideia do ‘preto é lindo’. As pessoas passaram a usar peças afros e foi o visual urbano do negro é lindo quem eles criaram, e esse visual estourou. Se você era jovem negro de qualquer cidade, você queria ser assim. 
A revista Rolling Stones passou a ter integrantes do Partido na capa de seus lançamentos, expondo suas vestimentas e cabelos estilosos. Aquela estética se tornou novamente, através da indústria, forma de comercialização. Assim, a cultura pop dos Estados Unidos ficou marcada. Basta olhar o Hip-Hop de rua e buscar todas as suas heranças herdadas da composição indumentária dos Panteras. 

c) Moda de rua, Hip-Hop 

A cultura americana do Hip-Hop não trata apenas sobre música, é quase como um estilo de vida. Os jovens da periferia de Nova York, especificamente do bairro Bronx, viam no Hip-Hop uma porta de saída do gueto, e a luz no fim do túnel era sempre roupas, moda e estilo. 
Quando se trata de cultura afro-americana, sempre a um estilo de roupa único, uma abordagem muito particular da moda. A moda e o Hip-Hop se misturaram e se tornaram uma influência cultural expressiva, recorrente da época em que o ritmo musical ganhou expressão. Segundo André Leon Talley, editor da revista Vogue, em depoimento ao documentário Fresh Dressed, a música afro-americana se torna símbolo da moda no país a partir da influência de um famoso cantor da década de 60, Little Richard, um símbolo da liberdade devido a suas famosas canções e modo extravagante de se vestir. Nomes como Little Richard marcarem justamente essa época tem seu porquê. 

O Hip Hop nos Anos 60 

A era das mudanças culturais por todo o mundo também será lembrada pela violência no bairro do Bronx, bairro precursor do Hip-Hop. Músicas e roupas que fossem símbolo de liberdade eram de grande significado por toda a repressão que os negros vinham passando nos Estados Unidos; os incêndios, a brutalidade da polícia e os recorrentes assassinatos de líderes de movimentos de direitos civis, como Malcom X e Martin Luther King Jr. 
Mas foi também com influência da violência que parte da moda afro americana se concretizou, com o papel das gangues nesse processo. 
As gangues no bairro do Bronx surgiram como consequência de toda a violência sofrida pela juventude, e nelas a forma como se vestir era de extrema importância. Era importante usar calças jeans pretas e jaquetas de motociclistas personalizadas com costuras e as mangas cortadas. A arte de personalizar do hip-hop, em parte, foi herdada das gangues de rua. 
Quando um pacifista do grupo Ghetto Brothers chamado Black Benji é assassinado por clubes rivais, no Bronx, a guerra nas ruas da breve trégua para que as pessoas parassem de batalhar, e, com isso, a atmosfera mudasse. As batalhas musicais tomaram conta das noites, as disputas entre b-boys e b-girls. E nelas o estilo também importava muito. As roupas não eram mais jaquetas de motociclistas, porém ainda tinham letras costuradas formando o nome de seus grupos no casaco ou no suéter. 
Algumas brigas eram resolvidas na pista de dança, outras no toca discos, outras no microfone, outras no grafite das estações de trem, mas tudo em função da nova modalidade que ascendia, o Rap. Todos passaram a querer vestir o chamado estilo B-boy, foi lançado uma nova moda, a moda Hip-Hop. 
As ruas passaram a ser passarelas para as marcas de roupa, com dezenas de estilos diferentes em ascensão. Não havia ainda um estilo definido, as pessoas começaram a se vestir de acordo com seus bairros. Se você viesse do Brooklyn seria facilmente identificado com um par de tênis da marca Clarks, calças skins Sharks e óculos Cazal sem lentes. Caso viesse do Harlem, a pessoa usaria moletons de velour, onde independente da marca todas as peças do look deveriam combinar. O Bronx era uma mistura de Brooklyn e Harlem. Você sabia de onde as pessoas eram apenas pelo jeito como se vestiam. 
O Hip-Hop herdou suas cores do grafite, as cores chamativas das latinhas de spray eram as cores da moda. As jaquetas e calças jeans eram popularmente personalizadas com tinta, principalmente na lateral, onde o nome de alguma pessoa ou grupo era escrito. Alguns desenhos eram relacionados a realidade que a população vivia, era recorrente o grafite de algum personagem famoso como o Mickey portando uma arma ou fumando crack. 
Os artistas não tinham muito dinheiro no bolso. A única hora que você podia vencer a insegurança, de mostrar o que você faz ou mostrar qualquer tipo de status era pelo que você tinha no corpo, se você se vestia bem, isso significa que estava bem. O estilo era expressão de orgulho e dignidade. Apesar das condições de vida ruins, mostravam alto nível de personalidade na forma como se vestiam. As roupas estilosas eram forma de orgulho, inspirando as pessoas no mundo a quererem se vestir assim, a ter estilo. 
Quando grandes revistas começam a estampar estrelas da música como LL Cool J em suas capas, marcas de estilo B-boy, como a Shirt Kings por exemplo, passam a ficar mundialmente conhecidas. Foi através da aparição de rappers em sessões de fotos que a moda afro-americana se tornou famosa em todo o mundo e marcas de roupa passaram a ganhar muito dinheiro capitalizando esse estilo de cultura. 




Até o próximo encontro!