domingo, 29 de junho de 2014

Pelas Galáxias do Rock - 5. Karma

KARMA – Karma


É extremamente difícil expor em palavras toda a beleza do disco do Karma (homônimo), lançado em 1972. 
O executivo da RCA, Ramalho Neto, chegou a escrever um texto na contracapa que tentava definir o som da banda e a complexidade dessa arte: “(O Karma é) alma, espiritualidade, imortalidade, elevação, índia, Londres, Califórnia, New York, Rio de Janeiro, Ipanema, Gurus, Krishina, Amor Maior, incenso, Forma, Cores, Som. No Brasil (o Karma) é tudo isto e também muitos anos à frente do que virá musicalmente”. 
O Karma possuía exatamente isso, uma música riquíssima, cheia de harmonizações vocais e com teor acústico, diferente de tudo o que havia sido produzido na música brasileira até então.
De uma forma resumida, a história toda começou com o estupendo guitarrista e compositor Jorge Amiden, que tinha saído do Terço alguns meses antes e estava meio afastado de tudo, num sítio da periferia do Rio de Janeiro, se recuperando da esquizofrenia e do baque de ter saído de uma banda tão promissora. Sem dúvida, havia uma mágoa com a antiga banda, mas, estava disposto a continuar no mundo da arte, até porque acreditava no seu imenso potencial. Logo encontrou novos parceiros, também muito talentosos, Luiz Mendes Junior (violão e vocal) e Alen Cazinho Terra (baixo e vocal) e começou a trabalhar no que viria a ser uma verdadeira obra-prima. 
Tiveram a felicidade de contar ainda com os geniais Gustavo Schroeter (do grupo A Bolha) e Bill na bateria, Rildo Hora na gaita, Oberdan Magalhães na flauta, Yan Guest no cravo, Arthur Verocai nos arranjos de cordas e metais e com Bartholo, que fez a grandiosa arte da capa.
No disco, o que mais encontramos são canções refulgentes, dignas de serem executadas nos momentos de reflexão e de relaxamento, até porque trazem uma áurea única, quase divina. Prazer absoluto, é o que ouvinte sente ao ouvir as canções “Do Zero Adiante”, “Blusa de Linho”, “Epílogo”, “O Jogo”, “Omissão” e “Venha Pisar na Grama”. 
“Você Pode Ir Além”, “Transe Uma” e “Cara e Coroa” se destacam por serem intensas, às vezes pesadas, mas ao mesmo tempo calmas. Um fenômeno quase sobrenatural.
A releitura de “Tributo ao Sorriso” (gravada pelo Terço, no compacto de 1970) também é belíssima, quase que inteiramente a capela, onde percebe-se a perfeita sincronização das vozes desse maravilhoso trio.
Após o lançamento e divulgação do álbum, o Karma fez algumas apresentações importantes, como por exemplo, no Teatro de Arena de Guanabara em 1973, porém, encerrou suas atividades logo em seguida. Uma pena realmente, poderiam ter feito muito mais para a nossa música.
Menos mal que Jorge Amiden ainda pôde presentear seus inúmeros fãs com participações especiais nos discos Sonhos e Memórias do Erasmo Carlos e Frutos de Mi Tierra do cantor Fabio e como músico de apoio da banda de Milton Nascimento.
Karma... um grupo genial, que deve ser eternamente lembrado por ter propiciado um dos melhores momentos ao Rock Brasileiro, senão em quantidade de discos gravados, em quantidade de minutos do mais puro êxtase e inspiração.

Por Fabiano Oliveira


KARMA : Karma Full Album

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